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Saiba quais são os riscos da gravidez na adolescência

No Espírito Santo, foram notificados 474 partos na adolescência no ano de 2014, realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e em unidades particulares

A médica explica as complicações de uma gravidez na adolescência Foto: Divulgação/Prefeitura/ Sesa

A incidência de gravidez na adolescência ainda é um fato que preocupa a Saúde e outros setores da sociedade. São diversos fatores que implicam na intervenção e debate acerca do assunto. Alguns deles são a propensão de riscos na gestação devido a falta de preparo do corpo de uma adolescente, além de comprometer o desenvolvimento social das jovens mães. 

A médica obstetra e coordenadora da Maternidade de Alto Risco do Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves, Rosangela Maldonado, explica que uma adolescente que engravida está mais propensa aos riscos da gestação.

“A adolescente não tem maturidade do sistema reprodutor, pois ele ainda não foi totalmente desenvolvido. Em geral, os riscos de uma gravidez na adolescência são o abortamento espontâneo, o parto prematuro e o desenvolvimento de hipertensão arterial. O grupo mais propenso a esse risco está na faixa etária de 11 a 15 anos”, explica.

No Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves, na Serra, foram realizados no ano passado, 1.653 atendimentos de urgência com pacientes entre 11 e 19 anos. Já neste ano, o número chega a 364 até o mês de fevereiro.  

De acordo com Rosangela, a segunda gravidez na adolescência também é uma situação que merece atenção, pois metade das adolescentes que engravidam são filhas de mães que também foram gestantes adolescentes, o que pode gerar um excesso de cuidado e apoio ofertado pela mãe. 

“No entanto, esses excessos que são, principalmente, para que a filha não abandone os estudos, podem ser prejudiciais. Pois, quando a adolescente não assume as responsabilidades com a nova vida, ela pode encontrar facilidade em cuidar de uma criança e acaba engravidando de novo. Porém, vale frisar que é importante a mãe incentivar os estudos sem eximi-las da responsabilidade da maternidade”, afirma Rosangela Maldonado. 

Partos

No Espírito Santo, foram notificados 474 partos na adolescência no ano de 2014, realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e em unidades particulares. Foi verificado que a média de idade de gestantes adolescentes no Estado é de 10 a 14 anos. 

O Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves registrou em 2014, 432 partos realizados na faixa etária entre 11 a 19 anos. Até fevereiro de 2015 já foram feitos 91 partos desse mesmo público. Já no Hospital Estadual Infantil e Maternidade de Vila Velha (Himaba), foram realizados 60 partos de pacientes menores de 18 anos em 2014.  

Pré-natal

O pré-natal é um procedimento realizado para manter a saúde materno-infantil. De acordo com Rosângela Maldonado, como as adolescentes já estão predispostas a um risco maior na gravidez, é necessário fazer adequadamente o pré-natal. A única diferença entre o pré-natal de uma adolescente e de uma mulher adulta é a periodicidade das consultas, que deve ocorrer em um tempo menor. Dessa forma, é possível diagnosticar precocemente alguma patologia que possa surgir.

O pré-natal é disponível em todas as unidades de saúde. Caso seja diagnosticada uma patologia maior, a adolescente é encaminhada a um ambulatório de gravidez de alto risco dos centros de referência de especialidade municipais. 

Além do pré-natal, segundo a coordenadora da Rede Cegonha do Estado, Eliane Pereira da Silva, a gestante adolescente precisa passar por consultas regulares, atividades educativas, conhecer o local do parto, ter o direito de acompanhante, além do leito e garantia de que aquele local seja adequado para o parto.  

Educação sexual

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) desenvolve no Espírito Santo o Programa Saúde na Escola (PSE) do Ministério da Saúde (MS). O Programa tem a finalidade de contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde. 

Dentre uma das ações do PSE está o Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), que trabalha nas escolas os temas saúde sexual, reprodutiva e prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), HIV e Aids. A proposta do projeto é realizar ações de promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva de adolescentes e jovens, articulando os setores de saúde e de educação. 

De acordo com a referência técnica do PSE no Estado, Mayra Rodrigues, com essas ações espera-se contribuir para a redução da infecção por DSTs e Aids, da incidência da gravidez não planejada e dos índices de evasão escolar causada pela gravidez na população adolescente e jovem.

Ainda segundo Mayra, dentre as finalidades do Projeto, estão a qualificação dos serviços de saúde para o acolhimento das demandas dos jovens e aumento da aceitabilidade de ações em saúde sexual e saúde reprodutiva no ambiente escolar.

“A proposta é realizar atividades no cotidiano escolar abordando as temáticas da saúde sexual, saúde reprodutiva e prevenção contra DSTs/HIV e Aids. Além disso, tem o papel de formar jovens multiplicadores, que possam transmitir o conhecimento adquirido na escola para a sociedade”, afirma. 

Para também promover a educação e saúde de forma preventiva o Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves realiza o projeto Jayme Itinerante em escolas e organizações. Dentre os temas do projeto está a discussão sobre a gravidez na adolescência. 

Durante o mês de março, duas escolas do município da Serra receberam a visita de profissionais da instituição que abordaram a educação sexual, prevenção contra Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e Aids, os riscos de uma gravidez na adolescência e as transformações sociais e físicas que a maternidade precoce pode gerar.

De acordo com a coordenadora de Projetos Sociais do Hospital Dr. Jayme, Marta Santos Almeida, cada aspecto da gravidez na adolescência é tratado por um profissional do hospital. A ginecologista e obstetra da instituição, Alessandra Paixão, aborda com os alunos sobre os meios de prevenção de uma gravidez, além dos riscos em se expor a doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e Aids sem o uso de preservativos; a assistente social Marília Ribeiro de Oliveira fala sobre as consequências do abandono escolar e a dificuldade de inserção no mercado de trabalho; a psicóloga Graziely Almeida conversa com os adolescentes sobre a saúde emocional nessa fase da vida.

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