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Corpo de capixaba assassinada por comissário espanhol é velado em Cariacica

O crime aconteceu no bairro Jardim Camburi, em Vitória. A vítima foi assassinada na cobertura do prédio a facadas durante uma briga de casal

Jesús Figón confessou ter matado a esposa em Vitória Foto: Reprodução/Antônio Heredia/El Mundo

O corpo de Rosemary Justino Lopes, de 56 anos, está sendo velado na manhã desta quarta-feira (13), em uma igreja no bairro Bela Vista, no município de Cariacica

O enterro será em um cemitério na Rodovia do Contorno. O irmão não soube dizer o horário, mas afirmou que acontecerá durante a tarde desta quarta-feira (13).

O irmão de Rosemary disse que o relacionamento dela com o marido era tranquilo. Segundo ele, nos quase 30 anos que ficaram juntos, não presenciou nenhum tipo de discussão que tenha terminado em agressões.

Jesús conheceu Rosemary quando ela foi para a Espanha trabalhar como cabeleireira. Os dois se casaram e tiveram uma filha, que hoje tem 25 anos de idade. Jesús passava as férias em Vitória. Segundo o irmão da vítima, o casal pretendia voltar para o país onde se conheceu.

O comissário de polícia Jesús Figón, de 64 anos, foi liberado da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no início da noite da última terça-feira (12). Ele procurou a delegacia, pela manhã, e confessou ter matado a mulher, Rosemery, em um condomínio em Jardim Camburi, Vitória

Jesús saiu da delegacia de cabeça baixa em um táxi e não falou com a imprensa. Ele prestou depoimento à polícia e disse que o crime aconteceu durante uma briga do casal, na madrugada desta terça-feira (12).

De acordo com o titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), Adroaldo Lopes, o acusado disse, em depoimento, que a mulher sofria de depressão, por conta da perda de um filho, e era alcoólatra.

"Segundo ele, ela perdeu um filho no dia 28 de junho de um determinado ano e, toda vez que se aproxima essa data, segundo ele, ela tem uma recaída nessa depressão. Aliado a esse fato, segundo ele, ela era alcoólatra e, no dia de ontem, ela teria feito excessiva ingestão de bebida alcoólica" disse o delegado.

Adroaldo contou ainda que o acusado alegou legítima defesa. "Durante a madrugada eles tiveram uma discussão e, segundo o acusado, ela partiu para cima dele com uma faca. Ele tomou essa faca da mão dela e efetuou os golpes, que foram fatais".

O espanhol mora em Brasília há dois anos e oito meses, onde atua como chefe do Departamento de Segurança da Embaixada da Espanha no Brasil. No entanto, o comissário mantém um apartamento na capital capixaba, onde a vítima morava. Ele passava férias com a esposa em Vitória.

Rosemary teria sido assassinada com três perfurações no tórax, causada por uma faca. A vítima ainda teria tentado se defender e, por isso, tinha machucados pelas mãos. O crime aconteceu na cobertura do prédio em que a vítima morava. Após ter cometido ato, o espanhol teria levado o corpo até uma suíte.

Vizinhos do casal não comentaram sobre o caso e nem disseram se ouviram gritos durante a noite. Eles apenas informaram que Rosemary e Jesús pareciam um casal tranquilo. 

Em postagens na internet, a mulher chegou a revelar o quanto amava o marido. O crime cometido pelo membro do Departamento de Segurança da Embaixada Espanhola ganhou repercussão mundial e estampou as principais capas das redes de notícias de sites espanhóis nesta terça-feira.

Solução

Em busca de uma solução para o caso, Adroaldo Lopes entrou em contato com a Interpol, a polícia internacional, para saber o que poderia ser feito com Jesús, já que, pelo fato de ser um diplomata, ele possui imunidade diplomática e só pode responder por crimes cometidos em solo brasileiro na Espanha. Por ser um fato inédito no país, ainda não se sabe o que será feito com o inquérito quando ele for concluído.

"Esse fato ainda gera uma certa dúvida. Nós estamos aguardando um e-mail da Interpol, que vai esclarecer algumas dúvidas pendentes ainda. O inquérito está sendo feito pela polícia judiciária do Espírito Santo, pela DHPM, onde estão sendo reunidos os indícios e as provas desse crime. Após isso, nós vamos fazer um relatório completo e enviar para quem é de direito, que a gente ainda não tem conhecimento. Ele está sendo entregue a um adido diplomático, que veio do Rio de Janeiro para acompanhar esse caso", disse o delegado.

A embaixada da Espanha no Brasil informou que o Ministério das Relações Exteriores daquele país está apurando os fatos e deve se manifestar assim que tiver um posicionamento. Já a Polícia Federal informou que está dando apoio às investigações, que são de responsabilidade da Polícia Civil do Espírito Santo.

Imunidade

De acordo com o advogado criminalista Marco Antônio Gomes, a pessoa que goza do direito de imunidade diplomática, como é o caso de Jesús Figón, deve ser julgada em seu país de origem, segundo um tratado do Direito Internacional. O criminalista ressalta, no entanto, que a Espanha, no caso, poderia renunciar ao direito de julgar o acusado. Desta forma,, ele responderia pelo crime no Brasil.

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