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Modelo tem que amputar perna após usar absorvente interno

Três anos atrás, Lauren, então com 24 anos, vivia seu sonho de modelo, aparecendo nas principais revistas do país. A provação que iria transformar sua vida para sempre começou em 2012

Três anos atrás, Lauren, que tinha 24 anos, vivia seu sonho de modelo, aparecendo nas principais revistas do país Foto: R7

Uma modelo da Califórnia, nos Estados Unidos, perdeu a perna após contrair a Síndrome do Choque Tóxico (SCT), além de quase ter morrido. Agora, ela está processando a empresa que fabricou os absorventes Kotex que ela usou, e os supermercados que os venderam, na esperança de que sua provação horrível faça com que as mulheres tornem-se mais bem informadas sobre os riscos de seu uso.

A ação de Lauren Wasser alega que a Kimberly-Clark Corporation e a rede de supermercados ‘Kroger’ e ‘Ralph’s’, foram "negligentemente, desenfreadamente, de forma imprudente, tortuosamente, e ilegalmente responsáveis”, de alguma maneira, pela internação de Lauren, já que o aviso legal na caixa de absorventes não estava claro o suficiente.

O aviso da embalagem diz: "Troque seu absorvente interno de quatro a oito horas, inclusive durante a noite". A família contesta que é preciso enfatizar tal aviso, já que uma noite de sono, às vezes, pode representar mais que oito horas, principalmente em adolescentes aos finais de semana.

Três anos atrás, Lauren, que tinha 24 anos, vivia seu sonho de modelo, aparecendo nas principais revistas do país. A provação que iria transformar sua vida para sempre começou em 2012. Assim como a maioria das meninas, Lauren conhecia as regras de trocar o absorvente a cada três ou quatro horas. Nesse dia Lauren o trocou na parte da manhã, tarde e noite. Mas quando foi à festa, passou mal e voltou para casa, na cidade de Santa Monica (Califórnia). Contatou a mãe. No entanto, foi encontrada no dia seguinte por um amigo, que acionou a polícia. A menina estava com muita febre e quase desmaiando. Os médicos disseram que neste momento ela estava a dez minutos da morte. A moça chegou a ter os órgãos próximos da falência e um ataque cardíaco quando deu entrada no hospital. 

A dúvida sobre o que se passava só foi sanada quando um médico descobriu que ela usara o absorvente. Após exames em laboratório ficou comprovado que o material causou o choque de toxicidade.

Segundo o ginecologista Mauro Sancovski, professor titular de obstetrícia da Faculdade de Medicina do ABC, a maioria das infecções neste tema vêm da própria vagina, que é fechada e não tem oxigenação. Mas, sem se referir diretamente ao caso de Lauren, ele afirmou ao Portal R7 que produtos sintéticos podem ser prejudiciais. "Impedem a transpiração e a eliminação de sangue."

O médico diz que a troca de absorventes é importante, mas a quantidade depende do fluxo que é eliminado pela vagina. "Se o fluxo for intenso, são necessárias duas, três trocas ou até mais. Mas se não há quase fluxo, a mulher pode fazer apenas uma troca."

A TSS é uma doença rara, descoberta em 1978, decorrente de infecções causadas pela bactéria Staphylococcus aureus, que,  com o acúmulo de sangue menstrual nos absorventes de fibras sintéticas, criava condições favoráveis à sua proliberação. 

Costuma causar uma série de disfunções, como febre alta, pressão baixa, vermelhidão, afetando vários sistemas (pelo menos três), como o renal, o hepático e o gastrointestinal. Nos anos 80, devido ao uso deste tipo de absorvente, a síndrome causou a morte de algumas mulheres, quando ficou mais conhecida.

Hoje, as empresas voltaram a utilizar o algodão como matéria-prima, para evitar esse tipo de ocorrência. A recomendação é que, mesmo com produtos de algodão, haja a troca constante dos absorventes durante o dia, pelo menos por três vezes.Em relação a casos de corrimento recorrente, Mauro recomenda que sejam evitados produtos sintéticos, que podem facilitar infecções."O indicado para essas situações é usar calcinha de algodão, que absorve melhor, evitando calcinha de nylon, que impede a transpiração. Também o uso de calças jeans, cujo tecido é grosso, não é recomendável."

Para Lauren, por um lado, isso é tarde. Por outro, ainda há tempo de, com o seu exemplo, ela buscar a justiça e conscientizar as mulheres da necessidade dos cuidados em relação a este tipo de produto. E à sua correta utilização. "Levei um tempo tentando descobrir se eu ainda tinha valor, se eu ainda era bonita."

Com informações do Portal R7

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