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Andressa Urach faz revelações e chora ao lembrar do passado de drogas e prostituição

A atual repórter do programa Domingo Show, da Rede Record, fez revelações nunca antes ditas em público, a começar pelos seis anos em que viveu na prostituição

Urach contou detalhes da vida dela desde a adolescência  Foto: Divulgação

Atuando como repórter do programa Domingo Show, Andressa Urach revelou detalhes de sua vida pessoa, na última terça-feira (25) no Programa do Gugu.

 "Só Deus sabe o quanto eu me arrependo. Se eu pudesse voltar no passado, faria tudo diferente. Eu precisei quase morrer, chegar no fundo do posso pra olhar a vida com outros olhos", disse emocionada.

Andressa fez revelações nunca antes ditas em público, a começar pelos seis anos em que viveu na prostituição.

— Eu entrei pra prostituição aos 21 anos quando eu me separei, fui casada durante seis anos. Achei que ia só pagar minhas contas e o dinheiro subiu na minha cabeça!

Gugu: Você foi mãe muito jovem!    

Andressa: Muito jovem! Eu vim de uma família desestruturada. Minha mãe me ganhou com 14 anos, meu pai me rejeitou, sofri abuso por um avô de criação. Fui muito rebelde.

Gugu: Que tipo de abuso você sofreu por esse avô?    

Andressa: A minha família era muito pobre. Ele era meu avô de criação porque, quando meu pai não me aceitou como filha, minha mãe e os pais da minha mãe se mudaram de cidade e nessa cidade minha mãe conheceu um rapaz. Ela começou a namorar esse rapaz e a mãe e o pai desse rapaz me adotaram como neta. Essa senhora é uma professora de português e o marido dela era o vovô bonzinho que ninguém desconfiava. Dos seis aos oito anos aconteceram os abusos de toque, palavra, penetração.

Gugu: Você deixou de ser virgem nessa época?    

Andressa: Eu lembro de dores. Que ele colocava os dedos em mim. Muita coisa na minha mente bloqueou. Eu lembro só desses momentos ruins. 

Gugu: Esse abuso que você sofreu tem a ver com esse comportamento tardio?    

Andressa: Eu não posso culpar diretamente porque eu escolhi as coisas erradas. Os abusos influenciaram na minha revolta quando criança, problemas psicológicos que eu sofri durante minha adolescência... Mas, acho que isso me fez muito mal. Eu não falei pra ninguém até os 22 anos. Depois, eu contei pra minha mãe. Ela queria matar ele. Ela só não matou porque meu padastro falou pra ela que minha mãe precisava cuidar de mim, do meu filho.

Gugu: Você perdoou esse homem que abusou de você?    

Andressa: Foi muito difícil, mas com a minha conversão eu aprendi a importância do perdão. Eu oro para que Deus tenha misericórdia dele. Eu não falei com ele, nem com a minha mãe de criação desde que isso se tornou público. Dentro do reality eu falei o nome dele porque eu queria que matassem ele!

Gugu: O que choca também a todos que leem o seu livro é a questão do seu envolvimento com cachorros. Como foi isso?   

Andressa: Aos 8 anos de idade, quando parou os abusos, minha mãe de criação mandou eu morar com a minha mãe biológica. Eu fui morar por volta dos 9 anos. Quando eu tinha 10 pra 11 anos, eu tinha uma vizinha que tinha uma criação de cachorros. Eram cachorros pequenos da raça pinscher. Eu brincava com eles, que era uma menina e um menino. Uma noite que eu posei lá, ela me contou o que ela fazia. A minha vizinha colocava o cachorrinho na parte íntima e sentia prazer. Ela era criança também. Dormindo na casa dela, eu aprendi a sentir prazer com animal.

Gugu: A partir daí você cresceu e conheceu um jovem rapaz de 17 anos que se tornou o pai do seu filho que hoje tem 10 anos.     

Andressa: Com 15 anos eu estava morando no meu pai. Cheguei lá, cai de paraquedas. Fiquei seis meses e minha mãe me buscou. Eu conheci meu ex-marido no colégio e comecei a namorar com ele. Questão de menos de um mês eu falei pra minha mãe. A minha mãe já me dava anticoncepcional desde os treze anos de idade. Eu era rebelde, terrível. Eu tinha raiva. Eu escolhi o mal, queria o mal. Só que quando eu conheci ele, a família dele tinha uma estrutura familiar que eu sempre sonhei. Era um pai, uma mãe casada há muitos anos. Eu queria aquilo pra mim. Aí eu apresentei ele pra minha mãe e ela disse: “Ou vocês casam ou é do meu jeito”. E nós casamos! Fizemos uma certidão de união estável. Eu parei de tomar anticoncepcional durante 8 meses e nós desejamos ter o Arthur porque nós queríamos que as pessoas nos olhassem como adultos. E foi maravilhoso! Eu vivi durante 6 anos um casamento maravilhoso, só que pela minha forma grosseira, eu não sabia cuidar de nada. Eu coloquei o trabalho em primeiro lugar, queria dinheiro, crescer profissionalmente.

Andressa contou que era extremamente vaidosa.  "Quando eu amamentei o Arthur, eu amamentei por três anos. Depois, coloquei prótese de silicone. O meu casamento também acabou pelo ciúme. Até que chegou um momento que não deu mais, ele saiu de casa e eu me vi totalmente endividada, com um filho, contas pra pagar... Aí eu tinha uma amiga que fazia evento pra mim. Eu contei pra ela minha situação e ela disse: “Eu tenho uma prima que dançou em uma boate e ganhou R$ 500”. E eu já estava comendo macarrão instantâneo, não tinha mais dinheiro. Eu pensei: “Ou eu deixo o meu filho passando fome ou eu vou me prostituir”. Só que eu achei que não ia precisar fazer nada errado, só dançar."

Chegando lá, ela não gostou do local.  "Era uma casa de prostituição. Aí a dona da casa me recebeu, eu estava bastante assustada. Perguntei como fazia pra dançar. Eu estava indo embora, ela disse: “Espera aí que eu vou te apresentar um amigo meu”. Ela me apresentou um desembargador. Eu não tinha dinheiro nem pra voltar e eu pensei: “O que eu vou fazer?”. Aí eu comecei a chorar e ele disse: “Eu te levo em casa”. O homem, então, parou em um motel.   Ele abriu um champanhe, começou a conversar comigo e desabafar. Falar da vida dele, do casamento dele e não teve relação sexual comigo. Me deu um cheque de R$ 500 e me deixou na porta de casa. 

Andressa ficou impressionada e pensou que ia ficar rica. "Eu saia 6h da manhã de casa, chegava quase 10h da noite. Ali na minha mão estava um cheque com metade do meu salário. Aí eu paguei algumas contas e disse: “Não quero voltar pra aquele lugar. Vou procurar na internet um lugar que seja melhor!”  

Ela achou um endereço e, no local, foi recebida por uma senhora. "Ela me colocou regras: “Você tem que vir de segunda a sábado, chegar até meia-noite e sair s[o depois das 4h da manhã”. E eu disse: “Eu não posso assumir esse compromisso, eu tenho um filho”. Eu estava indo embora quando o gerente da casa me parou e eu disse: “Eu só queria dançar!”."

O dono do estabelecimento disse que Andressa precisava ter o corpo perfeito para dançar. No entanto, convidou-a para conhecer o lugar. "Ele disse: “Você pode entrar, sentar. Vai ganhar uma maquiagem, bebida”. Tinha cerca de 200 mulheres na casa muito bonitas, sensuais. Ele me havia explicado que caso eu fizesse algum programa, eu não precisava dar nada pra casa só pedir alguma bebida no valor de R$ 30. Se ele [o cliente] me pagasse em dinheiro, eu saía com todo o dinheiro e se ele me pagasse em cartão de crédito, a casa ficava com 15%."

Gugu: Essas meninas muita gente pensa que são sem estudo. Mas, comprovadamente, muitas são universitárias, né? 

Andressa: Muito! Inteligentes, bonitas, educadas, formadas, famosas, atriz, modelo... De todas as áreas. Hoje as pessoas não assumem. Mas, eu tenho amigas e conhecidas que são garotas de programa e estão na mídia. Existem dois tipos de prostituição. Eu comecei aos 22 anos num prostíbulo ganhando R$ 400 por uma hora de programa.   Conforme você vai ficando famosa dentro da casa, você pode ganhar até R$ 3 mil por programa. No início eu comecei fazendo um programa e depois eu fiquei até com sete homens no mesmo dia.

Gugu: Que tipos de clientes você já pegou?   

Andressa: Jovens, velhos, magros, altos, barrigudinhos...

Gugu: E você sempre usou preservativo?   

Andressa: Sempre usei porque sempre tive medo. Teve até um caso de um médico — a gente sabia que ele tinha HIV — e ele fazia ofertas altas para que as meninas dormissem com ele sem preservativo. Eu já me deparei com várias situações de ver DSTs, como verrugas na região genital. Homem ou mulher porque eu ficava com casais também. Era muito comum ir casais casados para ter relação sexual.

Gugu: Você tinha prazer?    

Andressa: Eu sempre busquei ter prazer porque eu olhei aquilo como uma profissão. Quando eu entrei foi pra pagar uma conta, só que depois que eu vi muito dinheiro. Eu criei um personagem e criei um nome chamado Ímola.

Gugu: Por que Ímola?    

Andressa: Quando eu entrei lá, o dono da casa disse que eu precisava escolher um nome e eu pensei: “Eu não posso ser normal. Eu preciso de um nome que seja único”. Eu achei que ia ficar uns 10 anos lá e ficar bilionária! Eu ganhei R$ 30 mil por mês dentro do bordel. Eu criei esse nome porque nas curvas que o Ayrton Senna faleceu, eu brincava com os clientes: “Ou você se perde, ou você chega em primeiro”. Eu era tão nojenta que as meninas me odiavam. Se você conversar com as 200 mulheres que trabalhavam comigo, todas vão dizer isso. 

Depois que fez as cirurgias plásticas, Andressa dizia para os clientes que era a melhor garota do prostíbulo. "Eu queria ficar perfeita, fazer show, ganhar dinheiro. Eu cobrava mais. Se elas cobrassem R$ 200, eu cobrava R$ 400. Se elas cobrassem R$ 400, eu cobrava R$ 800. Nenhuma podia cobrar mais do que eu!"

Foi aí que Andressa descobriu que o sadomasoquismo dava dinheiro. "Eu comecei a sentir prazer na agressão, na dor, no sufocamento, nos tapas... E eu pensava no dinheiro. Teve uma situação que eu fiquei com um argentino e ele se cortou. Ele colocou na parte íntima dele uma garrafa e essa garrafa estourou e ele sangrou muito. Eu me apavorei muito. Teve um paraplégico também que nós havíamos fumado maconha no quarto. Ele estava com a esposa dele e, num ataque de ciúmes, ela jogou ele no chão. Foi horrível! No início eu escolhia as pessoas com relação sexual norma, só que depois eu descobri que aquilo que era de mais nojento era o que mais dava dinheiro."

Por diversas vezes, Andressa chegou a tomar remédios para depressão.  "Eu me tornei um ser humano louco. Eu olhava aquelas notas de dinheiro, me dava prazer. Eu tinha prazer em comprar muitos sapatos, roupa, carros importados...Só que era vazio. Ao mesmo tempo que eu tinha prazer, meia hora depois eu estava em depressão. Tinha dias que eu não queria sair do quarto. Eu não podia desabafar com ninguém porque pra minha família eu falava que eu dançava. A minha mãe começou a cuidar do meu filho pra que eu pudesse sair à noite. Eu comecei a ir de segunda a sábado."

Gugu: Você se drogava nessa época, além da maconha?    

Andressa: Na verdade, eu comecei a cheirar cocaína logo quando eu me separei e caí na prostituição. Só que eu vi muitas meninas não conseguirem sair da prostituição por causa das drogas. Aí eu disse: “Não, eu vou usar de vez em quando. Mas, dentro do meu trabalho eu não vou usar”. Tanto que o dono da casa me adorava porque eu nção dava trabalho pra ele. Eu chegava exatamente antes da meia-noite, era a última a sair. Enquanto tivesse cliente na casa, eu ficava. Eu fui fazendo o meu nome. Eu vi aquilo como uma empresa.

Gugu: Imagina a raiva que você deve ter criado junto a suas colegas?      

Andressa: Eu descobri que quanto mais famosa eu ficava, mais eu ganhava. Eu virei musa do meu clube: o Internacional, no Rio Grande do Sul. Participei de um concurso de garotas de futebol, aí veio a prostituição de luxo. Na prostituição de luxo, você se torna conhecida na mídia e você ganha por isso. Vale principalmente capa de revista. Hoje uma capa de revista ganha R$ 7 mil no mínimo por programa.

Ela contou que começou a sentir prazer “nas coisas mais nojentas”. "A relação sexual pra mim não bastava. Eu precisava sentir nojo. Ele era muito agressivo, tratava muito mal os funcionários e eu fui embora. Eu voltei pra Porto Alegre e gravei um comercial. Fiquei três meses com ele."

Quando voltou para o Rio Grande do Sul, surgiu um comercial de refrigerantes.  "Eu encontrei o cantor Latino e disse: “Me dá uma oportunidade de ser tua dançarina. Eu tenho certeza que eu vou fazer sucesso”. Aí eu fiquei seis meses, cinco meses.... O que foi o suficiente pra eu me tornar capa de revista, que era o que eu queria. Neste tempo eu não me prostituía porque ele não aceitava. Só que meu foco era apenas ser a capa de revista pra eu ganhar mais na prostituição."

Andressa saiu do grupo e participou do Miss Bumbum Brasil.  "Na hora que eu ganhei o segundo lugar, eu dei um beijo na terceira colocada porque na minha cabeça eu sabia que se eu desse um beijo nela, todas as câmeras se voltariam pra mim. Ia ofuscar a primeira. Quando a gente saiu da frente das pessoas, eu disse: “O que tu acha da gente fingir um namoro gay?”... O vício da fama é uma droga. Quanto mais você tem, mais você quer aquilo!"

Gugu: Depois que você saiu numa revista internacional, o seu cachê aumentou pra quanto?    

Andressa: Foi pra R$ 15 mil por programa. Muito homens pagam. Eles sentem prazer. Eles querem aquela mulher, eles vão pagar.

Gugu: Qual foi o programa mais caro que você já fez?    

Andressa: Foi R$ 30 mil. Na época eu estava sendo bancada também. Eu não estava saindo com ninguém e aí, pela dificuldade, por eu falar muitas vezes não [pra um cliente], ele me ofereceu R$ 30 mil. Aí eu consegui fugir e fiquei com ele. Só que são R$ 15 mil depositados antes e R$ 15 mil na hora. Por exemplo, eu não vou no encontro se eu não tiver recebido antes para ter certeza que não é um paparazzo. 

Gugu: Como funciona esse tal de Book Rosa?    

Andressa: O Book Rosa foi feito para agências de modelo, promotoras, eventos. Dentro das agências, as meninas contratadas para um evento também saem com os clientes. O dono de um evento de uma marca importante diz: “Eu quero meninas pra dormir depois”. Aí já existem essas meninas! A maioria hoje disfarça dizendo que é evento, mas elas tem um Book Rosa. Já é fechado um pacote. 

Gugu: Você dormiu com quantos homens?    

Andressa: No mínimo 2 mil homens. Eu dormi de quatro a sete homens por dia. 

Gugu: Você já fez aborto?    

Andressa: Isso eu não fiz. Eu sempre me cuidei, usava o meu preservativo...Porque eu via casos de clientes que furavam a camisinha para engravidar as meninas. Eu via muitas coisas. Eu tinha clientes fixos por que dizia que amava eles, porque eles eram os melhores do mundo. Eu era psicóloga deles. Eles queriam carinho, 90% eram casados. Eu dava o amor e eles me davam dinheiro!

Gugu: No seu livro, você disse que fez sexo com o seu irmão. Mas o seu irmão desmente isso. O que você tem a dizer?  

Andressa: Foi tão difícil falar desse livro. Foi uma semana de muita dor de cabeça, muita náusea. Lembrar momentos que eu queria esquecer. Falar dessas coisas é mexer numa ferida que eu tentei a vida inteira esconder. Só que precisava contar toda a verdade pra contar uma nova história.
Quando aconteceu isso, Andressa tinha 15 anos de idade.  "A história que eu relato era que meu pai pedia que meu irmão me levasse aos bailes e nós bebemos. Eu comecei a fumar [cigarro] com 11 anos e maconha com 13. Eu era uma adolescente muito rebelde, eu pulava muro de colégio, fugi de casa. Então , imagina, aos 15 anos eu chego na casa do meu pai, ele tinha um bar... Tinha visto ele uma vez na minha vida. Aí eu vejo um irmão praticamente da minha idade, aí vou pra festa. Bebo, ele bebe. Aí infelizmente acabou acontecendo. Todas as festas que a gente ia, a gente ficava."

Andressa ainda contou que teve uma experiência de quase-morte quando foi internada no hospital e contou que o intuito de tantas revelações, é alertar as pessoas.

— Vi que dinheiro é maravilhoso, mas não é nada. Eu achei que se ficasse famosa as pessoas iam me amar. Eu busquei o amor a vida inteira. Era uma forma de preencher o meu ego. Eu usava aquelas roupas justas, curtas por que no fundo eu queria ouvir os elogios, mesmo que nojentos: “Ah gostosa”. Era uma felicidade ilusória, assim como as bolsas me faziam feliz, os sapatos, só que isso não tinha fim. Eu fui conquistando tudo que eu queria.Quando eu era pobre, achava que a felicidade estava em ser rica, ter dinheiro, a cobertura, o carro importado. Só que quando eu cheguei nisso, eu vi que não era nada. Eu tive três overdoses porque eu estava buscando a morte. Eu disse: “Eu sou tão inútil! O que eu vim fazer nessa vida? Eu vim pra sofrer? Aí veio a culpa na minha cabeça: “Olha o ser humano que você foi, olha o que você fez. Você mandou num trabalho, na religião, matar uma pessoa. Você destruiu famílias".A culpa vinha muito pesada na minha cabeça. Eu não media esforços pro mal. Eu a vida inteira escolhi o mal. Eu estavava no fundo do poço, era uma areia movediça que cada vez ia mais fundo, mais fundo. Eu não tinha limites."

Com informações do Portal R7

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