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Familiares e amigos de menino atropelado cobram justiça na Rodovia do Contorno

O acidente aconteceu no bairro Nova Rosa da Penha II, na noite de sábado. Felipe chegou a ser levado para o Hospital São João Batista, mas não resistiu

Os manifestantes atearam fogo em objetos e bloquearam os sentidos da Rodovia Foto: Divulgação

Familiares e amigos de Felipe Costa de Souza, de 10 anos, que morreu após ser atropelado por um motociclista no último sábado (1), interditam a Rodovia do Contorno na manhã desta quarta-feira (5), em Nova Rosa da Penha, Cariacica. Veja como está o trânsito na região!

De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a manifestação acontece na altura do km 284, na BR 101. Os motoristas que precisaram passar pelo local tiveram que ter paciência. O trânsito ficou totalmente interditado nos dois sentidos da Rodovia por quase 2 horas. 

Imagens de videomonitoramento registraram o momento logo após o atropelamento Foto: Reprodução

Entenda o que aconteceu

Felipe Costa de Souza estava sozinho no momento em que foi atingido. Ele ajudava a mãe em uma barraquinha de alimentos. A criança chegou a ser levada para o Hospital São João Batista, também em Cariacica, mas morreu ao dar entrada na unidade. A família do garoto ficou revoltada com o ocorrido. Os familiares de Felipe disseram que ele era muito querido na região e cantava em uma igreja. O menino também tinha o sonho de ser jogador de futebol.

O condutor da motocicleta que atropelou e matou o menino alegou que fugiu sem prestar socorro porque teve medo de ser linchado por pessoas que presenciaram o acidente. O ajudante de caminhoneiro, Weder dos Santos Ferreira, de 27 anos, se apresentou à polícia na manhã da última terça-feira (04) e disse que tentou ajudar o menino, mas foi ameaçado pelos populares.

De acordo com a polícia, o rapaz, que também é morador de Nova Rosa da Penha II,  estava dirigindo a 40 km/h, velocidade permitida para o trecho onde ocorreu o atropelamento. Ele disse que voltava da casa da namorada e estava com a moto de um amigo.

No entanto, o delegado Alberto Roque Peres, da Delegacia de Delitos de Trânsito, ressaltou que o motociclista dirigia com a carteira de habilitação cassada. Weder teria recebido uma multa enquanto ainda estava apenas com a permissão para dirigir. "A pessoa que emprestou a moto para ele também vai responder por um crime, que é emprestar veículo a pessoa não habilitada ou com habilitação cassada. E o Weder, além do homicídio culposo no trânsito, também vai responder por dirigir um veículo com habilitação cassada."

Imagens de uma câmera de segurança da Prefeitura de Cariacica registrou o momento logo após o acidente. O vídeo mostra Felipe já caído no meio da rua. Alguns metros à frente, Weder manobra para voltar até o local do acidente. 

Dois dias depois da morte da criança, o rapaz se apresentou espontaneamente à polícia. O ajudante de caminhoneiro chegou à Delegacia de Delitos de Trânsito por volta das 9 horas, acompanhado de uma advogada. Ainda sem saber que o delegado já tinha as imagens de videomonitoramento do acidente, Weber apresentou sua versão. 

Em depoimento, ele afirmou que não viu a criança atravessando a rua e, quando notou o atropelamento, voltou para tentar prestar socorro. No entanto, não conseguiu porque populares que se aglomeraram na rua teriam ameaçado agredi-lo.

Liberdade

O ajudante de caminhoneiro é pai de dois filhos e nunca teve passagens pela polícia. De acordo com o delegado, ele responderá ao processo em liberdade. 

"O flagrante já passou, ou seja, o fato aconteceu no sábado e ele se apresentou agora, na terça-feira, quando nós já tínhamos todas as informações sobre o fato. Apesar de ele estar com a habilitação cassada, por questões administrativas, ele não tem nenhuma passagem criminal. Portanto ele é réu primário e vai responder ao processo em liberdade", frisou Alberto Roque Peres.

Além de Weder, a polícia já ouviu familiares da vítima, que presenciaram o acidente. Outras testemunhas devem comparecer à delegacia nos próximos dias, inclusive o motorista de um carro preto que aparece nas imagens de videomonitoramento. Segundo a polícia, foi ele quem prestou socorro à criança. 

O laudo que vai determinar a causa da morte de Felipe ainda não foi concluído. Segundo o delegado, a família do menino está inconformada com a situação. "O pai do Felipe esteve na delegacia hoje também e ainda está muito abalado. A gente entende o lado dele, com certeza. Somente quem teve um filho e perdeu sabe o que ele está passando. Só que a gente pede para que ele tenha consciência, já que ele tem outros filhos, e qualquer ato dele impensado, neste momento, vai causar uma tragédia e um transtorno ainda maior para essa família, que já está passando por esse momento difícil", salientou Roque Peres.

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