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Nada para comemorar: mais de dois mil professores sofreram violência em escolas do ES em 2014

A pesquisa, divulgada esta semana no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, revela que, dos 4.395 professores entrevistados, mais da metade foram agredidos em escolas do ES

Professores do ES convivem com violência Foto: Divulgação

No Dia do Professor, um dado divulgado esta semana, revela o cotidiano violento que os educadores capixabas vivem na sala de aula. Mais de dois mil professores capixabas já foram vítimas de violência física ou verbal dentro do ambiente escolar, no ano de 2014.

A pesquisa, divulgada no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, revela que, dos 4.395 professores entrevistados, mais da metade foram agredidos em escolas do Espírito Santo, e outros 67,3% já presenciaram algum tipo de violência entre os próprios alunos.

O professor da rede pública Marcos da Silva Santana, de 34 anos, afirma que vive com o auxílio de medicamentos tranquilizantes, devido à violência escolar.

“Eu recebi informações de uma aluna que tinha certeza que eu seria morto aquele dia. Ela ela tinha recebido uma mensagem de um colega dizendo que ia me acertar naquele dia, e junto com essa mensagem tinha uma foto dele segurando uma arma de fogo. Faço muitas consultas ao psiquiatra, tomo remédio controlado por causa disso”, conta.

O levantamento também mostra que cerca de 9% dos professores já foram ameaçados, e 2,4% foram vítimas de atentado à vida. Entre os diretores, quase 60% disseram que já viram estudantes agredindo funcionários de colégio. Cerca de 78% afirmaram terem presenciado atos de violência entre alunos.

Na Delegacia Especializada do Adolescente em Conflito com a Lei (Deacle), ocorrências envolvendo casos de violência no ambiente escolar são registradas diariamente. De acordo com o delegado Vítor Torres, o comportamento do estudante de escola pública é reflexo da realidade em que vive.

“O que a gente pode perceber é que os menores não se preocupam em ter um comportamento diferente do que eles têm nas suas ruas, nas suas casas, dentro das suas salas de aula. Se eles têm uma tendência violenta, nas casas ou ruas, eles acabam trazendo essa mesma tendência violenta, voltada para a criminalidade, dentro da escola”, afirma.

O professor Marcos, além de receber ameaças, diz já ter presenciado alunos armados dentro da escola. De acordo com o anuário, 3,6% dos professores já viram alunos com arma branca durante as aulas, e 1% flagraram adolescentes portando armas de fogo.

A situação dentro das salas de aulas do Estado, preocupa todo o magistério. O sindicado que defende a categoria pede que medidas urgentes sejam tomadas.

“É preciso que nossos governantes entendam que se que uma sociedade desenvolvida, que se construa nas bases da ética, da moralidade, de uma sociedade consciente dos seus direitos e deveres, isso passa pela educação, isso passa pelo professor. Então tem que valorizar o professor, e não tratá-lo como bandido, como a gente tem visto no Estado e pelo país afora”, conta o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes), Gean Carlos Nunes.

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