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Os desafios da educação brasileira

A formação deficiente dos professores é apenas um dos muitos problemas que o Brasil precisa resolver para ser uma pátria educadora

Os desafios enfrentados pela educação brasileira são do tamanho do Brasil. Apesar de a Constituição Federal garantir o direito à educação de qualidade e defini-la como peça-chave para a cidadania, o panorama educacional brasileiro ainda é marcado por desafios a serem superados, como a melhoria do acesso, aprendizagem com qualidade e, especialmente, a valorização dos profissionais de toda a esfera da educação, seja professor, técnico, funcionário administrativo, dentre outros.

Basta analisar os dados para entender a triste realidade do ensino no País. O Brasil ocupa o 60º lugar em um ranking mundial de qualidade de educação que avaliou 76 países. Mesmo com o programa social que incentivou a matrícula de 98% de crianças entre 6 e 12 anos, 731 mil ainda estão fora da escola, segundo o IBGE. Além disso, 34% dos alunos que chegam ao 5º ano de escolarização ainda não sabem ler e 20% dos jovens que concluem o Ensino Fundamental e moram nas grandes cidades não dominam o uso da leitura e da escrita.

Para a Doutoranda em Educação Sara Rozinda dos Passos, a formação deficiente do professor é uma das grandes dificuldades da educação atualmente. “A formação do médico, do advogado, do engenheiro é muito cuidada, mas a formação docente está bem descuidada há muito tempo. Eu só não entendo por que não muda, já que todo mundo fala que está ruim, mas fica pior ano a ano”, desabafa.

"Estamos formando pessoas descomprometidas, com conhecimento mínimo e que estão na sala de aula", avalia Sara Rozinda. ​

Segundo a especialista, é preciso criar políticas públicas que visem uma formação docente mais capacitada e preparada para enfrentar os obstáculos e mudar o cenário educacional no Brasil. 

“Como um professor vai mudar a atitude se ele não tem a formação? Por que estamos formando pessoas descomprometidas, com conhecimento mínimo e que estão na sala de aula. O que temos visto é que os alunos não têm suportado o conhecimento que estão recebendo, por isso não reagem. Passou da hora, portanto, de pensar em políticas públicas para investir na formação do professor, essa é a base para uma educação de qualidade”.

O problema da formação chega a ser pior do que o da falta de recursos para a educação, na opinião de Sara, e, por fim, leva ao grande vilão: a falta de paixão pelo magistério. “A falta de recursos físicos da escola dificulta o trabalho, mas não impede. Quando o professor é professor, ele dá aula embaixo de árvore, de horta, no pátio, se ele não tem livro, ele leva. A questão é que hoje falta a paixão pelo magistério, e a questão salarial é o primeiro ponto. Se o professor ganha pouco e já  tem as despesas do dia a dia, ele não vai investir em um desenvolvimento profissional. São poucos estados que têm seu plano de carreira para professor e os que não têm não investem em desenvolvimento profissional. Se não houver políticas públicas não há mudança. Pátria educadora não pode ser uma propaganda, precisa ser uma meta”. 

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