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Bullying: uma brincadeira cruel e perigosa

A prática acontece quando a pessoa, seja criança ou adulto, é exposta repetidas vezes a ações negativas e não consegue se defender. Isso gera insegurança, exclusão e até agressividade

O Brasil ainda dá seus primeiros passos na discussão sobre o tema Foto: ​Divulgação

Gordinha, vara pau, quatro olhos... Podem parecer apenas apelidos de brincadeiras de crianças, mas escondem uma prática que pode se tornar cruel, um termo já conhecido por muitas crianças e adolescentes: o bullying, quando a pessoa, seja criança ou adulto, é exposta repetidas vezes a ações negativas e apresenta dificuldades em se defender. São xingamentos, exclusão social ou isolamento, agressões físicas e até discriminações raciais ou sexuais.

O Brasil ainda dá seus primeiros passos na discussão sobre o tema, apesar de brincadeiras como essas sempre existirem no ambiente escolar. “As brincadeiras sempre existiram, mas hoje virou algo mais. Antes não dávamos muita importância e cada um se virava do seu jeito”, explica a psicóloga Grace Mary Ferrari.

O grande problema não está nos comentários em si, mas como a criança os recebe. “É difícil perceber que não é uma brincadeira, mas sim um caso de bullying. Depende da forma como a criança vai saber lidar com aquilo. Por exemplo, quando ela é alta e chamada de vara pau, ou ela entra na brincadeira ou se retrai. As crianças às vezes provocam para ver o outro irritado, para ver se ele caiu na pilha. Se a criança não liga, então não chama a atenção”, explica Grace.

Mas para a criança que se importa, as consequências podem ser muito sérias. “Ela costuma ficar tímida. Essa rejeição pode gerar insegurança porque ela pensa que não é aceita por ser gordinha, por ter cabelo ruim, ou seja, por ter características que não a permitem se enquadrar no grupo. Isso faz com que ela não queira ir para a escola ou fazer amizade, e pode gerar inclusive uma agressividade, a criança se torna agressiva para se defender”, afirma a psicóloga.

É por isso que a escola tem papel fundamental na orientação da criança sobre sua aceitação, porque os desdobramentos do bullying estão presentes no comportamento dos alunos. É por meio do relacionamento professor-aluno que a prática poderá ser identificada, mas para isso o educador precisa estar atento pois, segundo Grace Mary, as crianças ainda não entendem o quanto um comentário pode magoar o outro.

“É papel da escola e dos pais orientar. É preciso uma preparação dos professores e dos pais com as crianças para saber quem está chegando e como podemos recebê-lo, principalmente durante esse processo de inclusão social que as escolas têm passado. As crianças não sabem o que é preconceito, então se tiver uma conscientização melhor na escola, com certeza o bullying vai ser trabalhado de forma melhor. Mas esse processo precisa incluir a família”.

E nesse processo, diálogo é fundamental, especialmente com a criança que pratica o bullying. Pais e educadores devem explicar porque o outro ficou magoado, tentar colocar quem praticou no lugar de quem sofreu. Não é porque o bullying foi praticado por crianças que suas consequências são menores. 

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