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Marinha ainda não tem prazo para concluir estudos que indicarão os materiais existentes no mar do Espírito Santo

Amostras colhidas em Regência pelo navio de pesquisa serão encaminhadas a laboratórios, que avaliarão as consequências que a lama pode ter para a vida marinha e seres humanos

Material foi colhido em Regência por navio de pesquisa da Marinha, que retornou a Vitória nesta segunda-feira Foto: Divulgação

O navio de pesquisa da Marinha voltou a Vitória, nesta segunda-feira (30), depois de ter coletado quase 400 amostras da lama de rejeitos de mineração, que atingiu parte do litoral norte do Espírito Santo e está concentrada principalmente na região de Regência, em Linhares. 

Agora as amostras serão encaminhadas a laboratórios especializados, que vão avaliar que tipo de material está contido nesta lama e quais as consequências ele pode ter para a vida marinha e os seres humanos. No entanto, não foi divulgado nenhum prazo para que o resultado dessas análises seja conhecido.

As primeiras amostras coletadas pelo navio de pesquisa foram extraídas do fundo do mar, próximo à foz do Rio Doce, na praia de Regência. Ao todo, a embarcação coletou 391 amostras em 21 pontos diferentes, tanto de água quanto de sedimentos.

Os resultados preliminares dos efeitos da lama com resíduos de minério no litoral capixaba foram apresentados nesta segunda-feira. A área de estudo foi de aproximadamente 500 quilômetros quadrados. Foi concluído que a extensão da lama na superfície é maior que a do fundo e que ela se desloca principalmente para o sul.

"Em todas as amostras foram identificados organismos vivos. Os parâmetros que a gente precisa monitorar agora são a quantidade, distribuição, comportamento, sobrevivência e a reprodução desses organismos, coisas que demandam muito mais tempo para a gente agora", destacou o pesquisador-chefe do navio, Lohengrin Fernandes.

O navio de pesquisa da Marinha custou, ao todo, R$ 174 milhões e foi adquirido por meio de um consórcio entre a Marinha, o Governo Federal e as empresas Petrobrás e Vale - a mesma responsável pela Samarco, dona da barragem que se rompeu em Mariana (MG) e provocou a tragédia ambiental que atingiu o Rio Doce. 

O gasto diário da embarcação é de R$ 250 mil. Segundo o capitão da Marinha, Marcos Aurélio de Arruda, essa despesa é financiada pelo consórcio e não há qualquer tipo de influência da empresa no trabalho que está sendo feito.

"A aquisição do navio é gerida por um comitê gestor. As questões relativas ao incidente da Samarco, se a Vale é dona da Samarco, isso é outra questão. Não tem nada a ver com a utilização do navio", garantiu.

Nesta quarta-feira (02) o navio volta a Regência para fazer um novo detalhamento da área atingida. Porém, antes de retornar, a embarcação ficará aberta para visitação no Porto de Vitória, das 14 horas às 18 horas desta terça-feira (1º). A visitação é gratuita.

Extensão da lama

Lama chegou ao mar pela foz do Rio Doce, em Regência Foto: Fred Loureiro/Secom-ES

De acordo com a Samarco, até o último domingo (29), a pluma de turbidez - como a empresa se refere à lama com rejeitos de mineração - avançou em uma área de 73 quilômetros quadrados na região da foz do Rio Doce, sendo 20 km ao sul, 1 km mar adentro e 8,5 km a sudoeste. Segundo a mineradora, os dados foram coletados após o sobrevoo realizado por uma empresa especializada em aerolevantamento e georreferenciamento contratada pela Samarco. 

De acordo com o coordenador de monitoramento do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia, Eduardo Topázio, é extremamente remota a possibilidade da lama chegar ao litoral sul da Bahia, principalmente nas praias de Itacaré, Alcobaça e Abrolhos.

A Samarco destaca ainda que o avanço da pluma depende do comportamento das ondas e da direção do vento e, por este motivo, toda a sua extensão está sendo monitorada, diariamente, por meio de uma modelagem computacional, ferramenta que é alimentada por informações de campo através de condições meteorológicas e comportamento do mar. Essa modelagem simula qual é o potencial efeito das partículas que estão chegando ao oceano e o potencial alcance da pluma. 

Segundo a empresa, a corrente do mar, a vazão da pluma, o percentual de sólido e a turbidez também estão sendo acompanhados. Amostras da água, do sedimento e da biota (conjunto de todos os seres vivos da região) também estão sendo coletadas e levadas para análise.

Por conta da mudança na direção do vento, parte da lama já está próxima a Aracruz, no norte do Estado. A prefeitura do município informou que técnicos estão monitorando a orla e, até agora, não foi registrado nenhum vestígio da lama no litoral ou nas praias. Esclareceu também que as regiões de Vila do Riacho e Barra do Riacho estão sendo acompanhadas diariamente.

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