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Um ano após declarações polêmicas alunos cobram punição a professor da Ufes acusado de racismo

Comissão de inquérito da universidade concluiu o relatório final do processo aberto contra Manoel Malaguti e a previsão é que o docente seja notificado da decisão nesta semana

Segundo a Ufes, a previsão é que o professor seja notificado ainda nesta semana sobre a conclusão do processo administrativo disciplinar aberto contra ele Foto: Divulgação

Um ano após a denúncia de alunos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) contra o professor Manoel Luiz Malaguti Barcelos Pancinha, acusado de ter dado declarações racistas dentro de sala de aula, os estudantes ainda aguardam uma decisão da instituição sobre o futuro do docente. 

A comissão de inquérito da Ufes concluiu o relatório final do processo administrativo disciplinar aberto contra o professor e a previsão da universidade é que Malaguti seja notificado da decisão ainda nesta semana.

No entanto, para muitos estudantes, a instituição já deveria ter dado uma resposta sobre o caso há muito mais tempo. Segundo a universitária Mirtes Santos, que também integra o Coletivo Negrada - grupo formado por estudantes da universidade que tem como principal bandeira a luta contra a discriminação racial -, o prazo para que a Ufes decidisse sobre a punição ao professor já terminou.

"Um ano se passou e até agora nada, nenhuma resposta da Ufes sobre o caso. A universidade já extrapolou todos os prazos possíveis, mas fica empurrando o processo goela abaixo da sociedade. Queremos uma resposta o mais rápido possível", protestou.

Justamente para cobrar que a Ufes agilize a conclusão do processo envolvendo Malaguti, estudantes da universidade planejam se reunir no campus de Goiabeiras, em Vitória, e seguir até a reitoria da instituição. Segundo Mirtes, a intenção é exigir que o reitor Reinaldo Centoducatte se pronuncie logo sobre a decisão da universidade.

De acordo com a assessoria de comunicação da Ufes, o relatório final elaborado pela comissão de inquérito será entregue ao reitor para julgamento. Ainda segundo a instituição, a partir da decisão, o professor será notificado, o que está previsto para ocorrer nesta semana.

A assessoria da universidade ressaltou ainda que o processo é sigiloso e que o resultado da investigação deverá ser comunicada primeiramente ao professor. Somente depois disso o assunto poderia ser divulgado na imprensa.

Relembre o caso

Após voltar a dar aula, o professor enfrentou protestos dentro de sala por parte de estudantes de diversos cursos da universidade Foto: Divulgação

Manoel Malaguti é acusado de racismo por estudantes de Ciências Sociais da Ufes, por supostamente ter feito comentários preconceituosos em sala de aula sobre a política de cotas adotadas nas universidades federais. 

Segundo os alunos, o docente teria dito que "detestaria ser atendido por um médico negro ou advogado negro" e que "o nível intelectual da Ufes reduziu-se com a presença de negros cotistas". O fato ocorreu no dia 3 de novembro do ano passado.

A partir da formalização da denúncia, a Ufes afastou o professor do exercício de sua função e instituiu uma Comissão de Sindicância para, num período de 30 dias, colher os depoimentos dos envolvidos e elaborar um relatório sobre a conduta do docente. No entanto, mesmo afastado e não frequentando sala de aula, o professor continuou recebendo seu salário.

Quatro meses depois do afastamento, Malaguti voltou a dar aulas, mas enfrentou um protesto dentro da sala de aula feito por estudantes de diversos cursos da universidade. Cerca de 20 alunos entraram em uma aula do professor com uma faixa no rosto escrita "Racismo Institucional". O protesto durou alguns minutos.

Dias depois do ocorrido, Malaguti falou com exclusividade ao Jornal Online Folha Vitória e reafirmou as declarações dadas em sala de aula. Com relação aos alunos cotistas das universidades, o docente afirmou que "a maioria sai das escolas praticamente analfabetos" antes de iniciar o ensino superior.

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