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Imagens de satélite da Nasa mostram avanço da lama pelo litoral do Espírito Santo

No registro, é possível perceber a presença dos rejeitos ao longo do curso do Rio Doce e se estendendo pelo mar, a partir de Regência, em Linhares, onde fica a foz do rio

Imagens de satélite da Nasa mostram a evolução da lama de minério pelo Rio Doce e se espalhando no oceano Foto: Reprodução

Imagens de satélite da Agência Espacial Americana (Nasa) registraram o avanço da lama com rejeitos de mineração da Samarco ao longo do Rio Doce e em parte do litoral norte do Espírito Santo. Pelas imagens do site WorldView, da Nasa, é possível perceber a presença da lama ao longo do curso do Rio Doce e se espalhando pelo mar, a partir de Regência, em Linhares, onde fica a foz do rio.

De acordo com os dados mais recentes coletados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), nesta terça-feira (1º), os resíduos de minérios já ocupam uma área de cerca de 80 quilômetros quadrados ao longo do oceano. Segundo o órgão, a chamada pluma de turbidez se estende por cerca de 6 km ao norte, 4 km pelo litoral sul, 18 km para o sul e 1,6 km mar adentro.

O Ibama explica que esse trecho de 80 quilômetros quadrados por onde os resíduos de minério se espalham corresponde à área de um quadrado imáginário, formado a partir dos limites até onde essa lama alcança. Portanto, segundo o instituto, a pluma não ocupa necessariamente a totalidade dessa área, havendo nela trechos não atingidos pelos rejeitos.

De acordo com o Ibama, a extensão da lama no oceano apresentou crescimento nos últimos dias. No entanto, o órgão não soube precisar exatamente a proporção dessa extensão - uma vez que isso depende de uma série de fatores, como a direção do vento, o comportamento da maré, o nível de vazão do Rio Doce, entre outros.

Unificação dos dados

Nesta segunda-feira (30), foi realizada uma reunião envolvendo representantes do Ibama, Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O objetivo do encontro foi definir uma metodologia única para a medição da extensão da lama pelo mar.

De acordo com o Ibama, os órgãos estavam utilizando métodos diferentes para monitorar o deslocamento dos resíduos e, por conta disso, muitas informações desencontradas foram divulgadas, nos últimos dias, em relação a locais onde a lama de rejeitos teria chegado. Durante o fim de semana, chegou-se a comentar que a lama teria atingido o litoral de Aracruz, o que foi negado pela própria prefeitura do município, que afirma estar monitorando a situação da orla.

Destruição

Resíduos de mineração provenientes da barragem rompida da Samarco causou destruição em diversas regiões Foto: Reprodução

Ainda segundo o Ibama, o derramamento da lama, proveniente da barragem da Samarco que se rompeu na cidade mineira de Mariana, destruiu 15 quilômetros quadrados de terras ao longo de 77 km de rios, incluindo áreas de preservação permanente. Os dados são de um laudo técnico preliminar do instituto, que deverá balizar a ação civil pública de R$ 20 bilhões que o Governo Federal, em conjunto com os governos do Espírito Santo e Minas Gerais, planeja mover contra a empresa.

O relatório faz um raio X da destruição ambiental causada pelo colapso da barragem do Fundão, ocorrido no dia 5 de novembro. Segundo o documento, o volume de rejeitos que vazaram foi de 34 milhões de metros cúbicos, de um total de 50 milhões que estavam dentro da barragem.

"É indiscutível que o rompimento da barragem trouxe consequências ambientais e sociais graves e onerosas, em escala regional", diz o laudo, elaborado pela Diretoria de Proteção Ambiental (DIPRO) e Coordenação Geral de Emergências Ambientais (CGEMA) do órgão.

O colapso da barragem gerou uma onda de lama que percorreu 55 km do Rio Gualaxo do Norte até atingir o Rio do Carmo, no qual percorreu mais 22 km, e chegar ao Rio Doce, no qual viajou mais algumas centenas de quilômetros até chegar ao mar, 16 dias depois, no norte do Espírito Santo. No total, segundo o Ibama, 663 km de rios foram diretamente impactados.

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