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Mais de 600 Km de rios foram atingidos pelo rompimento de barragens, diz IBAMA

O levantamento mostra ainda que durante dez anos será necessária a realização de medidas de reparação de danos à vegetação, impactos à fauna e a qualidade da água

Situação do Rio Doce durante passagem de lama em Baixo Guandu Foto: Divulgação/Governo

O IBAMA divulgou um laudo técnico preliminar que apontou que 663 quilômetros de rios foram atingidos, e 1.469 hectares de terras foram destruídas após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, no dia 05 de novembro. O cálculo da área atingida foi realizado com imagens de satélite.

De acordo com os primeiros levantamentos do laudo, 77 quilômetros de Áreas de Preservação Permanente também foram atingidos. Essas áreas ficam nos cursos d'água da barragem de Fundão até o Rio do Carmo, em São Sebastião do Soberbo (MG). Os estudos dos impactos no ambiente marinho ainda estão sendo avaliados.

Os rejeitos passaram pelo Rio Doce e atingiram os municípios capixabas de Baixo Guandu, Colatina e Linhares, e chegaram ao oceano no dia 21 de novembro.

Ainda de acordo com o IBAMA, 34 milhões de m³ de rejeitos de mineração de ferro foram lançados no meio ambiente. “O nível de impacto foi tão profundo e perverso, ao longo de diversos estratos ecológicos, que é impossível estimar um prazo de retorno da fauna ao local, visando o reequilíbrio das espécies na bacia,” apontaram os técnicos.

O estudo também prevê que durante dez anos será necessária a realização de medidas de reparação de danos à vegetação, impactos à fauna, qualidade da água e socioeconômicos.

Outro dado dramático apontado pelo levantamento é em relação às espécies de peixes. Das 80 espécies nativas antes da tragédia, 11 estavam ameaçadas de extinção e outras 12 eram existiam apenas no Rio Doce.  Os técnicos apontaram que “muito mais do que os organismos em si, os processos ecológicos responsáveis por produzir e sustentar a riqueza e a diversidade do Rio Doce foram afetados.”

Imagem do satélite da Nasa registrando o avanço da lama para o oceano Foto: Reprodução

O documento também destacou que por causa da força do volume lançado com o rompimento da barragem, metais pesados que já eram encontrados no fundo do rio, podem ter sido revolvidos e colocados novamente em suspensão.

O IBAMA também informou que os laudos, incluindo os do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Agência Nacional de Águas (ANA) auxiliaram a abertura, no dia 30 de novembro, da Ação Civil Pública, para que a Samarco e suas controladoras, Vale e BHP, sejam condenadas a destinar pelo menos R$20,2 bilhões para reparo dos danos ambientais e indenizar as comunidades atingidas.

Além disso, cinco multas foram aplicadas pelo IBAMA no valor de R$50 milhões cada, que o valor máximo previsto na Lei de Crimes Ambientais.

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