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Sesa acredita que casos de Zika vírus devem aumentar ainda mais no Espírito Santo

Gilsa Rodrigues

Gilsa acredita que os casos do Zika vírus devem aumentar ainda mais no Estado, mas salienta a importância da população para controlar a disseminação da doença Foto: Divulgação/Governo

O aumento dos casos do Zika vírus no Espírito Santo tem deixado preocupada a população capixaba e a administração pública, que se mobiliza na tentativa de controlar a disseminação da doença. No entanto, para a gerente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Gilsa Rodrigues, a tendência, pelo menos por enquanto, é que os números continuem aumentando. Os dados relativos à doença são divulgados semanalmente nos boletins epidemiológicos da Sesa.

A gerente, no entanto, destaca que o combate à doença depende diretamente da população. Isso porque o Zika vírus é disseminado pelo mosquito Aedes Aegypti, o mesmo responsável por transmitir a dengue e a febre Chikungunya, que pode ser combatido por meio de alguns cuidados básicos, como evitar o acúmulo de água parada.

De acordo com Gilsa Rodrigues, a chegada do Zika vírus ao Estado se deve, principalmente, ao fato de o Espírito Santo estar próximo de regiões que já haviam registrado altos índices da doença. Ela explica que a transmissão ocorre a partir do momento em que o Aedes Aegypti pica uma pessoa infectada pelo vírus e, em seguida, faz o mesmo em um indivíduo saudável.

"Se alguém aqui do Espírito Santo vai à Bahia, por exemplo, onde há casos da doença, e é infectada pelo Zika vírus, quando ele volta e é picado por um mosquito daqui, esse mosquito passa a portar o vírus. E aí quando esse mosquito pica uma pessoa saudável, ela também é infectada", explica a gerente.

Ela destaca ainda que o Governo do Estado tem se mobilizado com várias ações de combate ao Aedes Aegypti e que ainda é muito cedo para afirmar se os casos de microencefalia registrados no Espírito Santo têm relação com o Zika vírus.

Confira a entrevista:

Folha Vitória: Quando o Aedes Aegypt deixou de ser o "mosquito da dengue" e passou a ser também o da febre Chikungunya e do Zika vírus?
Gilsa Rodrigues: Com o aparecimento dos primeiros casos de Chikungunya e Zika víruas, todos os estados ficaram em alerta pois, se há casos de dengue, poderia haver também o dessas outras doenças, que são transmitidos pelo Aedes Aegypti. Se alguém aqui do Espírito Santo vai à Bahia, por exemplo, onde há casos da doença, e é infectada pelo Zika vírus, quando ele volta e é picado por um mosquito daqui, esse mosquito passa a portar o vírus. E aí quando esse mosquito pica uma pessoa saudável, ela também é infectada. Se não for possível matar todos os mosquitos infectados em tempo hábil, ocorre a disseminação.

FV: Como estão os estudos no Espírito Santo para saber se há mesmo ligação entre o Zika vírus e os casos de microcefalia?
GR: Estamos investigando os casos e ainda é muito cedo para fazer qualquer tipo de informação. Também não podemos ainda precisar uma data certa de quando poderemos afirmar qualquer coisa a respeito.

FV: Há uma orientação para que as mulheres evitem engravidar agora, dada a incerteza sobre a relação entre o Zika vírus e os casos de microcefalia. Quando será o momento em que elas poderão voltar a engravidar sem preocupação?
GR: É uma certeza que o mundo ainda não tem: em quanto tempo essas mulheres estariam liberadas para engravidar sem problemas. Mas eu acredito que serão respostas que virão rapidamente. Não acredito que a ciência vai demorar muito tempo para ter essas respostas.

FV: Porque os casos do Zika aumentaram tanto no Espírito Santo?
GR: Já havia casos registrados na Bahia, Rio de Janeiro e outras regiões próximas do Espírito Santo. Estamos no meio desses locais e o Espírito Santo está começando agora a ter esses registros. Na terça-feira (08) vamos atualizar esses dados e, infelizmente, devemos ter ainda mais casos.

FV: Qual é o município que está em situação mais delicada?
GR: Ainda não podemos determinar um município que esteja em situação mais grave. Ninguém está livre do problema. Aorientação da Secretaria de Estado da Saúde é que todos os municípios acolham os pacientes com suspeita da doença, ofereçam a eles toda a assistência possível e nos passe as informações obtidas sobre os casos.

FV: O Estado tem condições de combater o Aedes Aegypti?
GR: Agora nós temos um motivo novo e extremamente grave para combater o mosquito, que é o aparecimento dessas novas doenças. Por isso estamos convocando toda a população para que, em conjunto com os governos Federal e Estadual e com todos os municípios, possamos entrar para vencer essa batalha.

FV: A principal ação do Governo do Estado contra o Zika vírus será o comitê de combate ao Aedes Aegypti? Como ele contribuirá para o controle da doença?
GR: Na verdade, temos uma série de ações que visam o combate ao mosquito. Temos um grupo de especialistas responsáveis por analisar e acompanhar todos os casos e montamos um comitê de crise, envolvendo a Sesa e os municípios, para que ele possa olhar a situação de cada município em particular e atuar em tempo hábil para poder agir contra o mosquito. Além disso, temos uma frota de veículos de fumacê pelas ruas, e estamos contando com um mutirão de capacitação para preparar os profissionais a fazer o manejo clínico e avaliar cada situação.

FV: O combate ao Aedes Aegypti já é antigo, não só aqui no Estado, mas em todo o Brasil. Mesmo assim, o número de casos de dengue nunca teve uma queda significativa. Pelo contrário, sempre tende a aumentar especialmente em períodos chuvosos. Porque o Governo acha que agora conseguirá controlar o mosquito?

GR: Justamente porque agora temos esse apelo, com vários bebês nascendo com microcefalia. Temos um motivo especial para combatermos o mosquito. Mas esse combate depende principalmente da atuação da população, já que 73% dos focos do mosquito estão dentro da casa das pessoas. Não tem governo que dê conta de responder pelo que está dentro do espaço privado.

FV: Como o governo pode melhorar a comunicação com a sociedade, não só para conscientizá-la sobre os cuidados que devem ser tomados para evitar a proliferação do Aedes, mas também para mantê-la mais por dentro sobre a situação do combate ao mosquito no Estado?
GR: Estamos também desenvolvendo uma campanha de mídia, no sentido de orientar a população sobre os cuidados essenciais para evitar a proliferação do mosquito. Estamos sempre na mídia falando desses cuidados, mas essa campanha está entrando para colaborar ainda mais com essa conscientização. Com relação a informarmos a população sobre a situação da doença no Espírito Santo, toda semana a gente atualiza a página da Sesa na internet, com os boletins epidemiológicos. Por lá o cidadão pode acompanhar os números em cada semana.

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