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Haddad acusa vereador de 'incitar' violência contra Uber em SP

Redação Folha Vitória

São Paulo - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), acusou um "vereador" de incitar a violência entre taxistas e motoristas da Uber na capital paulista, sem, no entanto, citar o nome do parlamentar. O alvo, o vereador Adilson Amadeu (PTB), autor do projeto de lei que proíbe o aplicativo em São Paulo, afirma ser contra violência e disse que Haddad está "desorientado". O prefeito também afirmou que taxistas envolvidos em casos de agressão a motoristas da Uber podem ter o alvará cassado.

Na noite anterior, um grupo de taxistas intimidou motoristas da Uber e passageiros que queriam usar o aplicativo na saída da festa da revista Vogue, realizada no Hotel Unique, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, nos Jardins, zona sul.

Todos os carros pretos foram cercados e os condutores, hostilizados. Ao menos um veículo foi depredado. Viaturas da polícia acompanharam a situação, sem intervir. Ninguém foi detido.

Em nota, a Uber repudiou a ação dos taxistas. "A Uber repudia qualquer tipo de violência, e lamenta profundamente a selvageria que ocorreu nesta noite de uma festa tão bonita."

Ao comentar o episódio, Haddad lembrou que os taxistas recebem autorização municipal para prestar o serviço na cidade, mas que agressões são casos de segurança pública. "Existe um código de postura que precisa ser observado e a legislação permite a cassação de alvará daquele que tiver uma atitude incompatível com a função pública que exerce", afirmou. "Tem assunto que é caso de polícia: agressão, danos morais, danos patrimoniais, isso é um assunto que cabe à policia apurar. Não cabe à Prefeitura."

Haddad também lamentou que "um vereador esteja incitando a violência na cidade de São Paulo" e o acusou de "interditar o debate" sobre a regulamentação. "A Câmara Municipal é um ambiente de debate. Um ambiente para verificar quais são os modelos mais avançados do mundo, (discutir) como garantir o serviço de taxi, que é antigo e valorizado, sem inibir a assimilação de novas tecnologias", afirmou. Entretanto, o prefeito não quis informar a qual parlamentar se referia. "Eu não quero fulanizar o debate porque acho que é ruim."

Presente no Hotel Unique na noite da confusão, o vereador Adilson Amadeu rebateu as críticas. "Eu não aceito a violência, não está certo parar carro. Por volta da 21h30, fui para a porta do hotel pedir que não fizessem quebra-quebra. O que eu havia dito é que, se o prefeito está querendo confusão, vai ter. Isso vai dar coisa ruim", afirmou Amadeu. "Ele como executivo maior, a chave da cidade, tinha de ter uma postura muita mais forte diante da ilegalidade de uma empresa que não arrecada. O prefeito está desorientado."

Para o vereador, Haddad deu a entender que é favorável ao serviço da Uber ao declarar que os taxistas "desaparecerão pela concorrência predatória" caso o aplicativo não seja regularizado. "Ele deveria solicitar à Justiça o corte de sinal da Uber por pelo menos 30 dias. Se quer regulamentar, precisa começar do zero. Hoje, estão falando em 18 mil carros no Brasil, cinco mil em São Paulo. É uma coisa que perdeu o controle", disse.

Já Haddad é da opinião de que a Prefeitura não está "tomando nenhuma posição sem antes estabelecer um amplo debate". A consulta pública sobre o decreto que regulamenta a Uber na capital recebeu 5.865 contribuição.

De acordo com balanço feito com sugestões publicadas até o dia 18 de janeiro, quando havia cerca de 2,5 mil comentários: 533 contribuições efetivas, 1.720 opinativas e 244 classificadas como "outras", grupo que corresponde a perguntas ou colocações repetidas, por exemplo. Do total, 78% das contribuições opinativas foram favoráveis a regular o aplicativo e 22%, contra.

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