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Órgãos contestam laudo que aponta que água do Rio Doce está imprópria para consumo

O estudo, feito em dezembro, aponta que a turbidez e o total de sólidos em suspensão estão em concentrações muito acima do que estabelece a legislação

Segundo os órgãos, a água do rio pode ser captada Foto: Reprodução

A Prefeitura Municipal de Colatina, a Agência Nacional de Águas (ANA) e a Samarco discordaram do laudo, divulgado na última terça-feira (26), pela Fundação SOS Mata Atlântica.

O documento aponta que a água do Rio Doce, contaminada pela lama da barragem de Mariana, em Minas Gerais, que se rompeu em novembro do ano passado, está imprópria para o consumo. 

Os resultados foram divulgados durante uma expedição feita pela bacia do Rio Doce entre os dias 6 a 12 de dezembro. O estudo aponta que a turbidez e o total de sólidos em suspensão estão em concentrações muito acima do que estabelece a legislação. 

Ao todo, foram analisados 18 pontos em campo, percorridos 29 municípios e coletados 29 amostras de lama e água para análise em laboratório. Desses 18 pontos, 16 apresentaram o IQA (Índice de Qualidade da Água) péssimo e 2 obtiveram índice regular.

O estudo aponta que a turbidez e o total de sólidos em suspensão estão em concentrações muito acima do que estabelece a legislação. Ela variou de 5.150 NTU (Nephelometric Turbidity Unit, unidade matemática utilizada na medição da turbidez) na região de Bento Rodrigues e Barra Longa, à 1.220 NTU em Ipatinga (MG), aumentando gradativamente na região da foz, em Regência (ES). 

De acordo com a Prefeitura de Colatina, município que faz capitação da água do rio, com base em resultados de análises de água tratada feitos por laboratório, o abastecimento ocorre de forma segura. Eles informaram ainda que os resultados dessas análises se encontram em conformidade com o Ministério da Saúde. Os laudos são diários e qualquer morador pode conferir no site.

A Samarco informou que, desde a passagem da pluma de turbidez, tem realizado monitoramentos constantes da água do Rio Doce. A mineradora disse que acompanha também análises de órgãos independentes. Segundo a empresa, novas pesquisas estão sendo empreendidas pela empresa com o objetivo de diagnosticar e auxiliar na elaboração de ações contra danos ao meio ambiente.

Sobre a qualidade atual da água do Rio Doce, a mineradora considera o relatório divulgado recentemente pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que comprova que o Rio Doce não está contaminado. As concentrações de metais como arsênio, cromo, cobre, chumbo, zinco e mercúrio reproduzem os mesmos valores encontrados na pesquisa divulgada em 2010 pelo CPRM e pela Agência Nacional das Águas (ANA), antes da passagem da pluma de turbidez. Os resultados de ânions na água coletada também são similares aos obtidos pela pesquisa em 2010.

Já a ANA informou que a qualidade da água é analisada sob duas perspectivas: a água bruta que se encontra no Rio Doce e a distribuída às populações pelas companhias de abastecimento. As análises de água, sedimentos e material em suspensão coletadas pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e Agência Nacional de Águas (ANA), divulgadas em 15 de dezembro, indicaram que, depois de tratada adequadamente pelas companhias de saneamento, a água do rio Doce pode ser consumida. 

Segundo a agência, as análises mostraram que o nível de metais dissolvidos estava, de modo geral, similar aos níveis encontrados pelo CPRM em 2010, com exceção de manganês, mas em níveis que também podem ser tratados pelas companhias de saneamento. Essas 25 amostras foram colhidas entre 14 e 22 de novembro. Novas análises estão sendo feitas e o laudo deve ser divulgado até o fim do mês.

A ANA apontou que o maior desafio atualmente se refere à turbidez, que pode dificultar o tratamento dependendo da quantidade de sedimentos, chegando até a impedir a captação de água pelas máquinas quando em quantidade excessiva. Logo nos primeiros dias após o acidente, o nível de turbidez chegou a medir mais de 500 mil unidades (NTUs) em alguns pontos da bacia. 

A previsão da turbidez medida pelo CPRM  na última terça-feira (26) ficou abaixo de 2500 NTU em Governador Valadares, Tumiritinga, Galiléia, Conselheiro Pena, Resplendor, Aimorés, Baixo Gandu, Colatina e Linhares. Em Belo Oriente a medição ficou entre 2500 e 10000 NTU, podendo ocorrer uma diminuição ao longo do dia em função da chuva. 

Ainda segundo o órgão, o monitoramento do CPRM e da ANA tem sido contínuo e intenso para que as companhias de saneamento sejam avisadas sempre que as condições indicarem que a captação para tratamento para consumo humano deva ser suspensa. 

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