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Capixabas enfrentam longas filas e relatam atrasos dos coletivos na GV

A greve dos rodoviários começou na manhã desta quarta-feira (4). Com a paralisação, 58 linhas deixaram de circular. As filas nos terminais, no início da manhã, eram longas

As filas no terminal de Itacibá são longas Foto: Suellen Araújo

Mesmo com 70% da frota circulando na Grande Vitória na manhã desta quarta-feira (4), os capixabas enfrentam longas filas nos terminais e atraso dos coletivos. 

Segundo alguns trabalhadores que estão no terminal de Itacibá, no município de Cariacica, a espera pelo transporte público passa de 40 minutos.No terminal de Jardim América o relato dos usuários é o mesmo.

Funcionários da Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb-GV) informaram que a demora acontece porque apenas as linhas troncais, que fazem as integrações entre os principais terminais da Grande Vitória, e as linhas alimentadoras, que percorrem os principais corredores do município, estão funcionando. Com a greve, 58 linhas deixaram de circular na manhã desta quarta.

Sindicato afirma que mantém 70% da frota em circulação 

O sindicato dos rodoviários, afirma que 70% da frota está mantida durante o horário de pico.

“A justiça pediu que rodasse 70% dos coletivos nos horários de pico, e 40% nos demais horários. Nós estamos respeitando a Justiça, e esperamos que os rodoviários também sejam respeitados. Tem 70% rodando até as 9 horas, em todos os terminais da Grande Vitória”, afirmou o presidente do Sindirodoviários, Carlos Louzada, o "Maguila".

Maguila também falou sobre o fim da greve. “Vamos sentar e ver até quando a greve vai continuar, e o que o secretário vai propor para podermos encerrar ou não a greve”. 

Por conta da greve, que teve início nesta quarta, a companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb-GV) redimensionou a frota do Transcol para atender aos percentuais estabelecidos pela Justiça, que determina a circulação mínima de 70% da frota nos horários de pico (entre 6h e 9h, e 17 e 20h), e 40% nos outros horários.

Veja as linhas que não vão funcionar!

Reunião

Uma audiência de mediação, foi realizada na manhã da última terça-feira (03) pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-ES), com representantes do Sindirodoviários, da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e da GVBus. Uma nova reunião acontece às 10 horas, desta quarta-feira (04), para decidir sobre a greve. 

Decisão judicial

André Garcia admitiu insegurança nos ônibus, mas garante que o Estado está agindo para coibir a criminalidade Foto: TV Vitória

A Justiça determinou, na tarde desta terça-feira, que 70% da frota de ônibus da Grande Vitória circule nas ruas nos horários de pico, e 40% nos horários normais, durante a greve anunciada pelos rodoviários. A decisão atende a um pedido feito pelo Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus).

O Governo do Estado informou que vai entrar com uma ação na Justiça pedindo a ilegalidade da greve, caso não entrem em acordo na reunião marcada para esta quarta-feira, no Tribunal Regional do Trabalho.

"A partir do momento em que a Secretaria de Estado da Segurança Pública vem sistematicamente se reunindo com a categoria, e nós estamos dispostos a avançar em todos os itens necessários, nós entendemos que tem que ter 100% [da frota circulando], porque nós não queremos prejudicar o cidadão", ressaltou o presidente da Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb-GV), Alex Mariano.

Na tarde desta terça-feira, representantes das secretarias estaduais de Segurança (Sesp) e dos Transportes e Obras Públicas (Setop), juntamente com o GVBus e a Ceturb-GV se reuniram para tentar uma conciliação e o cancelamento da paralisação dos ônibus. No entanto, representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Espírito Santo (Sindirodoviários-ES) não compareceram à reunião.

O secretário estadual de Segurança, André Garcia, reconhece a insegurança dentro dos coletivos, mas informou que muitas medidas já estão sendo feitas. "Nós vamos colocar um policiamento a pé, nos dez terminais integrados, até as 21 horas. Depois vamos alternar isso com o policiamento ostensivo motorizado, com viaturas e motos. Também estamos intensificando as ações de investigação com a Polícia Civil e mantendo um trabalho integrado com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) naquelas linhas que passam pelas rodovias federais, especialmente a Rodovia do Contorno, na Serra. Todo o trabalho que está sendo feito não é de agora, mas nós vamos aumentar as ações para atender essa demanda específica", destacou o secretário. 

Divergências

De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), alguns trabalhadores do transporte público estiveram na sede da Procuradoria Regional do Trabalho da 17ª Região, por volta das 17 horas desta terça-feira (03), para informar ao procurador-chefe Estanislau Tallon Bozi a respeito dos verdadeiros motivos da greve dos rodoviários. Segundo eles, disputas políticas sindicais seriam o real motivo da paralisação.

O Sindirodoviários-ES confirmou, nesta terça-feira, que a greve começaria a partir da madrugada desta quarta-feira, alegando que o motivo seria a falta de segurança para motoristas, cobradores e passageiros do transporte público da Grande Vitória. No entanto, os trabalhadores que procuraram o MPT nesta terça-feira disseram, em depoimento, que o real motivo da paralisação está relacionado com a política interna da categoria.

"Advertidos e compromissados sob as penas da lei, declaram que não houve efetivamente a realização de assembleia geral, mas apenas a coleta de assinatura de listas de presença nas garagens na presença dos chefes dos trabalhadores, nos pontos finais e nos terminais rodoviários, sem observância do horário de convocação", informou a ata da audiência realizada na tarde desta terça-feira.

O primeiro secretário do Instituto de Defesa do Usuário de Transporte Coletivo (Iduc), Luiz Antônio Monteiro, participou da audiência e afirmou que "o instituto é contrário a qualquer paralisação dos serviços públicos de transporte coletivo em virtude de disputas políticas sindicais atinentes à categoria profissional dos rodoviários". No entanto, ressaltou a importância de se reforçar a segurança nos coletivos.

O procurador-chefe do MPT-ES, Estanislau Tallon Bozi, informou que o depoimento prestado na tarde desta terça-feira será encaminhado para o Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, que realizará, nesta quarta-feira, uma audiência de conciliação em ação de dissídio coletivo ajuizada pelos sindicatos patronais.

Ainda de acordo com o procurador, as informações recebidas nesta terça-feira serão investigadas e, caso sejam confirmadas, revelarão possível desvio de finalidade da greve.

O outro lado

Por meio de nota, o Sindirodoviários informou que não participou da reunião na tarde desta terça-feira porque participava de uma outra audiência, no Ministério Público do Trabalho (MPT-ES), e pede desculpas ao secretário André Garcia e ao presidente da Ceturb, Alex Mariano. O sindicato ressaltou que continua aberto para discutir medidas de segurança para conter a violência dentro dos ônibus.

O Sindirodoviários também esclarece que as informações de que a greve seria realizada por motivação política não procedem. “A greve é legítima. Queremos mais segurança. A população está vendo e sofrendo com o grande número de assaltos dentro dos coletivos. Queremos com urgência uma solução e medidas efetivas que tragam mais segurança para os passageiros”, afirma o presidente do Sindirodoviários, Carlos Louzada, o "Maguila".

O diretor do Sindirodoviários, Silvio Carlos, adotou o mesmo discurso do presidente do sindicato. "Vamos parar por causa da violência nos ônibus. Todo mundo está vendo a quantidade de assalto que está tendo. Estamos pedindo mais segurança, só isso. Não tem nada a ver com disputa interna. Não tem nem motivo para isso, já que fomos eleitos de forma legítima pela categoria. Estão tentando nos desestabilizar, isso não existe", afirmou.

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