Geral

Espírito Santo é o estado do sudeste com a maior proporção de mortes por acidente de trânsito

Romeu Scheibe Neto

Segundo o diretor do Detran, objetivo da campanha é humanizar os dados sobre acidentes de trânsito Foto: Divulgação

O Espírito Santo é o estado da região sudeste com a maior proporção de mortes provocadas por acidentes de trânsito. Segundo dados do Ministério da Saúde, referentes a 2013, são 29,1 óbitos a cada 100 mil habitantes. Para se ter uma ideia, a média brasileira é de 21,4.

Para tentar reduzir esses índices, o Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES) lançou, na última quinta-feira (28), o Movimento “Rua Coletiva, uma convivência melhor a cada esquina". Na ocasião, também teve início a edição deste ano do Movimento “Maio Amarelo” no Estado.

Segundo o diretor geral do Detran, Romeu Scheibe Neto, o objetivo é conscientizar a população para um trânsito mais seguro e humanizado, incentivar os cidadãos a praticar a gentileza, enxergar o próximo e lutar para a redução do número de acidentes de trânsito em todo o mundo.

Romeu Scheibe Neto destacou que o “Rua Coletiva” buscará conscientizar a população com base em seis frentes: o uso do cinto de segurança, do capacete para motociclistas e da cadeirinha para crianças, além do combate ao excesso de velocidade, à alcoolemia e ao uso do celular ao volante.

Para atingir o objetivo, a campanha utilizará recursos como filmes, anúncios, outdoors, aplicativos de celular, publicações em mídias sociais e ações urbanas. 

"Queremos humanizar os dados estatísticos referentes a acidentes de trânsito. As pessoas muitas vezes não sabem o que esses números significam. Precisamos fazer uma relação com a realidade em que vivemos, mostrando que os acidentes acontecem em nosso meio", ressaltou o diretor.

Confira a entrevista:

Folha Vitória - Qual é a proposta do Movimento Rua Coletiva e do Maio Amarelo?
Romeu Scheibe - Os dois pontos fundamentais dessa campanha serão a educação no trânsito e a fiscalização das leis. O foco dessa campanha é comportamental. Precisamos conscientizar as pessoas sobre a importância de se respeitar o espaço do outro, para que tenhamos um convívio mais harmônico no trânsito. É preciso ter em mente que uma hora nós somos motoristas, mas em outro momento podemos ser também pedestres e ciclistas, por exemplo. As pessoas precisam entender que cada um tem um grau de vulnerabilidade diferente no trânsito.

FV - De que forma essa campanha vai buscar conscientizar a população?
RS - Estamos produzindo filmes, anúncios divulgados na televisão em vários horários, outdoors, aplicativos de celular sobre a campanha, publicações em mídias sociais, além de ações urbanas. Vamos assinar, em maio, um termo de adesão com diversas empresas, para que elas se comprometam a disseminar essa mentalidade de um trânsito mais consciente para todo o seu público interno e externo. Organizações ligadas ao Detran, como centro de formação de condutores e clínicas, já assinaram esse termo e estão realizando esse trabalho. Também estamos firmando parcerias com vários veículos de comunicação para ajudar na divulgação dessa campanha.

FV - Qual o grande diferencial dessa campanha em relação a outras realizadas pelo próprio Detran e outros órgãos ligados ao trânsito?
RS - A campanha vai procurar humanizar os dados estatísticos referentes a acidentes de trânsito. O Espírito Santo é o estado com a maior taxa de óbitos da região sudeste causados por acidentes. São 29,1 mortes dessa natureza a cada 100 mil habitantes, segundo dados do Datasus, com base no ano de 2013. Para se ter uma ideia, a média no Brasil é de 21,4 vítimas fatais a cada 100 mil habitantes. Mas as pessoas muitas vezes não sabem o que esses números significam. Precisamos fazer uma relação com a realidade em que vivemos, mostrando que os acidentes acontecem em nosso meio. Nossa preocupação maior não é expor dados sobre mortes no trânsito, mas buscar formas de evitar que elas ocorram. Vamos focar em seis pilares, recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é o uso do cinto de segurança, do capacete para motociclistas e de cadeirinhas para crianças, além de repreender o uso do celular ao volante, o excesso de velocidade e a alcoolemia.

FV - Por que, mesmo com a realização de tantas campanhas de conscientização no trânsito e a população tendo acesso às informações com facilidade, ainda ocorrem tantos acidentes? O senhor acredita que já houve avanços nesse sentido?
RS - Com certeza houve. Podemos utilizar como exemplo o uso do cinto de segurança. Há cerca de dez anos, essa cultura não estava tão enraizada na nossa sociedade como está hoje. Atualmente é difícil você encontrar um ocupante de veículo que não esteja usando o cinto de segurança. A pessoa sabe que é importante usá-lo para reduzir as chances de mortes, em caso de acidente, e que se não usar o cinto essa pessoa será multada. Então, eu vejo que isso é fruto de um trabalho que vem sendo feito a longo prazo. Mas precisamos massificar ainda mais as ações de educação no trânsito, inclusive nas escolas. É preciso dar continuidade a esse processo.

Pontos moeda