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Tragédia na Serra acende alerta sobre perigos da depressão

Segundo a polícia, uma mulher matou os dois filhos estrangulados e, em seguida, se enforcou. Caso aconteceu na tarde desta quarta-feira, na casa da família, em Carapina Grande

Segundo familiares, possível quadro de depressão pode explicar por que Rosilda teria matado os dois filhos e, em seguida, tirado a própria vida Foto: Reprodução

A tragédia registrada no final da tarde desta segunda-feira (30), quando uma mulher teria matado os dois filhos, de 3 e 6 anos, e depois tirado a própria vida, no bairro Carapina Grande, na Serra, trouxe à luz a discussão sobre os perigos da depressão. Isso porque, segundo familiares e vizinhos, Rosilda Moreira Lima, de 30 anos, já havia passado por um quadro depressivo, o que pode ser uma explicação para o que levou a mulher a tirar a vida dos filhos e depois se matar.

De acordo com a psicanalista Darlene Ângelo Tranquoy, o quadro de depressão é difícil de ser detectado. "Muitas vezes a pessoa pede algum socorro de alguma maneira, às vezes explicitamente. Daí várias situações podem acontecer. A família pode escutar ou não. Ou o sujeito nem dá tantos indícios assim. O fato é que é difícil a gente suportar isso, mas poder antecipar, prevenir, é quase que da ordem do impossível", disse a psicanalista, em entrevista ao programa Fala Espírito Santo, da TV Vitória/Record.

Darlene ainda citou um mito grego, para explicar os conflitos familiares, antigos e difíceis. "A gente tem o mito e a tragédia de Medeia, que mata os filhos por ciúme. Mas naquela época não existia o diagnóstico de depressão. Então eu creio que para a gente sair um pouco da fascinação que o horror causa, é preciso entender que essa possibilidade [da depressão] faz parte da condição humana", explicou.

Para a psicanalista, situações de conflito, depressão e estresse na relação entre mães e filhos são bastante comuns. "Não é fácil acolher uma criança. É preciso construir a possibilidade de estar no outro lugar, que não é de alguém dependente, de filho também. Então os filhos colocam todos nós à prova. E nós encontramos na atualidade pessoas com vários desses sintomas, mas, felizmente, é mais raro do que a gente imagina", destacou.

O caso

Caso foi registrado no final da tarde desta segunda-feira Foto: TV Vitória

De acordo com o trabalho inicial da perícia, realizado no local onde ocorreu a tragédia, Rosilda estrangulou o casal de filhos, Amanda, de 6 anos, e Artur, de 3, e depois se enforcou no banheiro, usando a corda da descarga. A tragédia foi descoberta por volta das 18h30, quando Adalmo Mota, pai das crianças e marido de Rosilda, chegou em casa. 

O dono do apartamento alugado pela família, Jorge Passos, falou com a equipe de reportagem da TV Vitória/Record, na noite desta segunda, e disse que não consegue entender o que aconteceu.

"Ela era uma pessoa formidável. Agora, quem podia imaginar que ela teria coragem de fazer isso? O marido, o Adalmo, é uma pessoa maravilhosa. Ele adorava os filhos e a esposa. Nunca vi eles nem aborrecidos um com o outro", disse

Ao lado de irmãos, Adalmo foi ao Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, na manhã desta quinta-feira, reconhecer os corpos da mulher e dos filhos. Muito abalado, ele preferiu não falar com a imprensa.

Antes de fazer a liberação dos corpos, o pai das crianças passou a manhã na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Vitória, conversando com o delegado de plantão sobre tudo o que aconteceu antes de toda a tragédia. 

Segundo pessoas próximas à família, a mãe das crianças estava se recuperando de um quadro de depressão. Familiares comentaram até que ela teve uma melhora na saúde e, por isso, foram pegos de surpresa com as mortes.

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