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Falha na construção de drenos contribuiu para rompimento de barragem da Samarco

Conclusão é de um estudo contratado pela mineradora para investigar as causas da tragédia, ocorrida no dia 5 de novembro do ano passado em Mariana (MG)

Rompimento da barragem fez com que os rejeitos de mineração chegassem ao Rio Doce Foto: Fred Loureiro/Secom-ES

Uma combinação de fatores teria sido a causa do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrida no dia 5 de novembro do ano passado. A conclusão é de um estudo encomendado pela Samarco para investigar as causas do desastre. O levantamento, no entanto, não apontam culpados para a tragédia nem indica soluções que poderiam evitar o rompimento.

A lama que vazou da represa destruiu o distrito de Bento Rodrigues, matou 18 pessoas e deixou uma desaparecida. Os rejeitos poluíram o Rio Doce e parte do litoral norte do Espírito Santo, onde está a foz do curso d'água.

Entre os fatores apontados pelo estudo estão a falha na construção dos drenos de fundo da estrutura, o aumento de peso por alteamento e abalos sísmicos. O resultado do estudo foi apresentado, na tarde desta segunda-feira (29), em coletiva de imprensa, pelo perito Norbert Morgenstern, professor emérito de engenharia civil da Universidade de Alberta, no Canadá.

O levantamento concluiu que o rompimento da barragem foi provocado por falhas na drenagem e pela obra de recuo da face da represa realizada pela mineradora. O resultado é o mesmo apontado por investigações da Polícia Federal, que decidiu no início de 2016 pelo indiciamento de todos os integrantes do comando da Samarco.

Segundo o perito, por causa da falha na construção dos drenos de fundo da barragem, a água começou a escorrer para fora da estrutura, em abril de 2009. Para solucionar esse problema, foram feitas selagens nos drenos de fundo, o que provocou alteração no sistema de drenagem de Fundão.

Para substituir esses drenos de fundo, foi instalado um tapete drenante, com elevação de 826 metros, que permitiu uma saturação maior das paredes da barragem, o que aumentou o potencial para o processo de liquefação da areia na barragem de Fundão.

Além disso, o estudo apontou que, entre 2011 e 2012, a realização de obras acabaram deixando que a lama chegasse a áreas onde não havia originalmente previsão para sua disposição.

Já no fim de 2012, uma galeria de concreto sob a ombreira esquerda da barragem foi considerada deficiente e incapaz de suportar a carga. Com isso, as paredes da barragem não poderiam ser elevadas nessa região. Segundo o estudo, o desenho da ombreira esquerda foi alterado, o que colocou o maciço diretamente em cima de lamas depositadas anteriormente.

De acordo com os especialistas, enquanto continuava o alteamento da barragem, começou a brotar água no recuo da ombreira em vários pontos, em 2013. Já em agosto de 2014, o tapete de drenagem estava em sua capacidade máxima e o peso crescente colocado na estrutura da barragem por causa de seu alteamento acabou levando a areia presente na própria estrutura a se liquifazer.

Além disso, três abalos sísmicos ocorridos no dia da tragédia, provavelmente aceleraram o processo de rompimento, que já estava bastante avançado, segundo o relatório. 

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