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Homem envenena achocolatado para 'pegar' ladrão, mas mata criança no MT

As investigações apontaram que o produto foi envenenado por Adônis José Negri, de 61 anos, que queria usar a bebida como "isca" para punir o ladrão

Redação Folha Vitória
Dois homens foram presos nesta quinta-feira Foto: Divulgação

São Paulo - Dois homens foram presos nesta quinta-feira, 1º, suspeitos de envolvimento no assassinato de uma criança de dois anos, que morreu após tomar uma achocolatado no último dia 25 de agosto, em Cuiabá (MT). A Anvisa havia suspendido, na terça-feira, 29, o lote do produto da marca Itambé em todo o Brasil, a pedido da polícia de Mato Grosso.

As investigações apontaram que o produto foi envenenado por Adônis José Negri, de 61 anos, que queria usar a bebida como "isca" para punir um ladrão que já havia arrombado sua residência várias vezes, em um bairro na periferia da cidade. O segundo suspeito, Deuel Soares, de 27 anos, acabou vendendo o achocolatado roubado para o pai da criança.

De acordo com a polícia, Negri arquitetou a vingança fazendo uso de uma seringa para injetar um veneno para ratos nas bebidas. Ele já havia ameaçado outras vezes Soares, que, segundo as investigações, era usuário de drogas e costumava roubar empreendimentos e casas no bairro.

O laudo toxicológico da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) deu positivo para envenenamento nas amostras de achocolatado e no material biológico da criança que morreu após ingerir a bebida. Foi descartada a hipótese de contaminação por bactéria ou fungo, decorrente do processo de fabricação do produto. Também foi encontrado um furo na parte superior das embalagens, onde Negri teria inserido o veneno com uma seringa.

Os dois suspeitos foram presos na manhã desta quinta-feira, após serem expedidos os mandados de prisão pela 14º Vara Criminal de Cuiabá. Na casa de Negri, foram apreendidos amostras do veneno, uma bandeja supostamente utilizada na manipulação do veneno e embalagens lacradas do achocolatado.

Negri foi autuado por homicídio qualificado e por tentativa de homicídio, já que um amigo da família do menino também ingeriu o produto e precisou ser internado. Soares vai responder por furto qualificado. Os dois foram encaminhados para o Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC).

A mãe da criança, Dani Cristina Perpetua da Silva, disse que comprou o achocolatado porque estava barato. O menino, de 2 anos, foi levado a um hospital da cidade com parada cardiorrespiratória após ter bebido uma caixinha do achocolatado. No boletim de ocorrência, a mulher contou que, por volta de 9 horas do dia 25, o filho tinha passado mal após ter ingerido achocolatado e teria ficado com "falta de ar, corpo mole e princípio de desmaio". No hospital, "os médicos chegaram a tentar reanimar a criança por cerca de uma hora", disse a mãe, mas a criança não resistiu

Itambé

Por meio de nota, a Itambé reforçou que desde o dia 25/05, data de fabricação do lote em questão, já foram comercializadas mais de 5 milhões de unidades e não foram registradas reclamações de nenhuma natureza. A empresa lamentou o ocorrido e reforçou o "compromisso com os consumidores brasileiros ao entregar produtos da mais alta qualidade". (Colaborou Fátima Lessa, Especial Para o Estado)

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