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Vitória terá centro de pesquisas sobre as baleias Jubarte

Iniciativa poderá colocar a capital do Espírito Santo no cenário mundial da conservação ambiental e do turismo de observação

A baleia Jubarte já esteve em risco de extinção e é considerada atualmente como "Quase ameaçada" Foto: Instituto Últimos Refúgios

O Espírito Santo, em especial a capital Vitória, entrará oficialmente no cenário nacional de pesquisas e observação das baleias Jubarte a partir deste ano, com o projeto "Amigos da Jubarte". A iniciativa, parceria entre a Vale e o Instituto O Canal, envolverá uma série de ações voltadas à conservação desses animais, famosos por cruzarem a costa capixaba na migração que fazem anualmente rumo ao banco dos Abrolhos, localizado entre a Bahia e o Espírito Santo, nos meses de junho a novembro, quando ocorre o seu período reprodutivo. Mapeamento e capacitação de mestres de embarcação e operadoras de turismo da capital; atividades de educação ambiental; captação de imagens para produção de documentário; além da criação do Jubarte.Lab, laboratório científico que terá como objetivo o armazenamento de dados sobre esses cetáceos, são algumas das ações contempladas pela parceria.

A baleia Jubarte já esteve em risco de extinção e é considerada atualmente como "Quase ameaçada", ou seja, que pode se enquadrar nas categorias "criticamente em perigo", "em perigo" ou "vulnerável" num futuro próximo, já que o número de indivíduos registrados em ambiente natural ainda é preocupante em escala mundial. Trata-se da espécie de baleia mais estudada e mais utilizada no turismo de observação no mundo graças às suas acrobacias características e às suas nadadeiras peitorais. No Brasil, o turismo de observação de baleias foi iniciado com o apoio do Instituto Baleia Jubarte (IBJ) e já ocorre de maneira regular em diferentes locais da Bahia, como na Praia do Forte, em Morro de São Paulo, Barra Grande, Porto Seguro, Itacaré, Cumuruxatiba e Caravelas, onde está localizado o Arquipélago de Abrolhos. 

"O projeto Amigos da Jubarte foi concebido com o intuito de promover uma aproximação da sociedade capixaba com as baleias Jubarte por meio de ações de caráter técnico, acadêmico, artístico e cultural e privilegiando sempre a informação, a interação e a experiência das pessoas, de modo a despertar nelas o sentimento de responsabilidade e de pertencimento ao ecossistema marinho", explica Thiago Ferrari, diretor do Instituto O Canal.

Atividades do projeto 

O centro de pesquisas é inédito no estado Foto: Instituto Últimos Refúgios

Inédito no Estado, o "Jubarte.Lab" será uma espécie de base de armazenamento de dados que serão posteriormente compartilhados com outros centros de pesquisas sobre as Jubarte a fim de se criar uma rede mundial de informações referentes a essas baleias. Hotspots de avistamento, demarcação das áreas de maior concentração geográfica de baleias na costa de Vitória, captação e gravação de áudio da comunicação entre as baleias para estudo comunicativo dos cetáceos serão alguns dos dados a serem coletados pelo laboratório, bem como o registro de informações pertinentes para o diagnóstico completo do turismo de observação de baleias em Vitória. 

No que diz respeito ao mapeamento e à capacitação de mestres de embarcação e de operadores de Turismo de Vitória, a proposta é habilitá-los para o Turismo de Observação de Baleias ("Whale Watching"). A qualificação seguirá os moldes do que já é praticado em larga escala no mundo e já em etapa bastante avançada na costa da Bahia e abordará temas como segurança no mar, perfil dos turistas, legislação brasileira de proteção aos cetáceos, identificação da presença e comportamento das jubartes. De acordo com o IBJ, aproximadamente 17 mil baleias migram para as águas capixabas e baianas anualmente, sendo que em alguns anos, a mancha migratória desses animais se concentra de forma mais expressiva na costa do Espírito Santo. 

"A baleia Jubarte pode ser considerada uma espécie guarda-chuva, ou espécie bandeira, o que significa dizer que tem grande potencial de trazer uma preocupação para preservação do ambiente marinho em que ela vive. Assim, além de ajudar a sua própria espécie, toda flora e fauna marinhas presentes no mesmo ambiente em que ela vive são igualmente impactadas positivamente", explica o oceanógrafo Paulo Rodrigues, consultor do IBJ no Espírito Santo. 

O projeto irá contemplar também a realização de atividades de educação ambiental nos municípios da Grande Vitória, cujo escopo envolverá palestras, bate-papos em centros comunitários, escolas das redes pública e particular, associações de moradores e de pescadores, além de instituições ligadas às atividades marinhas. Também serão confeccionadas cartilhas informativas sobre observação natural, que serão disponibilizadas nesses locais. 

Está prevista ainda a criação da plataforma comunicativa "Amigos da Jubarte", na qual serão disponibilizadas informações gerais, bem como imagens multimídia sobre o projeto, para serem disponibilizadas ao público em geral. O objetivo é promover a sensibilização da população capixaba sobre o tema, bem como fomentar a atividade de observação natural. 

O projeto também pretende viabilizar a produção do documentário "A Incrível Jornada: A História das Baleias Capixabas", documentário sobre a migração das baleias Jubarte pela costa do Espírito Santo e todo o fascínio que cerca esses animais, levando em consideração aspectos históricos e contemporâneos. As imagens serão captadas durante expedições a serem realizadas ao longo da costa capixaba pela equipe do projeto. A expectativa é de que o filme seja lançado em 2018 em evento específico sobre o tema. 

Curiosidades sobre as baleias Jubarte

  • Seu nome científico é Megaptera novaeangliae, que significa "grandes asas", numa alusão às suas nadadeiras peitorais, que podem atingir até 1/3 do seu comprimento total;
  • Está presente em todos os oceanos do mundo;
  • Chega ao Brasil entre os meses de julho e novembro para se reproduzir nas águas quentes dos trópicos;
  • O maior berço reprodutivo do Oceano Atlântico Sul está no litoral do Espírito Santo e da Bahia;
  • Sua gestação dura 11 meses e o filhote costuma medir 4 metros e pesar 1,5 tonelada;
  • Um adulto pode medir até 16 metros e pesar 40 toneladas, o que equivale ao tamanho de um ônibus e um carro juntos e ao peso de oito elefantes;
  • A expectativa de vida é de 60 anos;
  • Alimenta-se de krill, espécie de camarão minúsculo que ocorre especialmente nas regiões polares. A Jubarte não se alimenta enquanto está na costa brasileira;
  • Quando saltam, as Jubarte chegam a expor até 2/3 do seu corpo;
  • Os machos da espécie cantam para chamar a atenção das fêmeas.
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