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Correios entram em greve por tempo indeterminado a partir da meia-noite

A possível privatização dos correios, a demissão de funcionários, o fechamento de agências e as reformas trabalhistas e da previdência são os principais motivos para a mobilização

Segundo a Federação Nacional, a "privatização"  dos Correios coloca em risco o direito da população aos serviços  Foto: Folha Vitória

Os trabalhadores dos Correios aprovaram em assembleia o início da greve da categoria por tempo indeterminado a partir da meia-noite desta quarta-feira (26). No Espírito Santo, os funcionários da empresa se reuniram a partir das 18h e a greve foi aprovada às 20 horas.

O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Espírito Santo (Sintect-ES) informou que os principais motivos para a greve por tempo indeterminado são as ameaças de privatização e demissões, violência contra os trabalhadores, os constantes assaltos às agências dos Correios no Espírito Santo, as reformas trabalhista e previdenciária.  

Os trabalhadores dos Correios no Espírito Santo aderiram à mobilização nacional convocada pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). 

Segundo o Sintect-ES, as reivindicações da categoria no Espírito Santo são as mesmas da Federação Nacional. E a paralisação também é uma forma de protesto contra a Reforma Trabalhista e da previdência, assim como uma adesão a greve geral marcada para a próxima sexta-feira (28).

Funcionários dos Correios no Espírito Santo decidem se participam da paralisação nesta quarta-feira (26), às 18h, em uma assembleia geral. A direção do sindicato é a favor de adesão total ao movimento. Mais de 2 mil empregados devem "cruzar os braços" e aprovar a greve no Espírito Santo.

O Sintect-Es também informa que está marcado para esta quinta-feira (27) um ato dos trabalhadores, às 10h, em frente a Agência Central dos Correios, na Avenida Jerônimo Monteiro, no Centro de Vitória. Segundo a entidade, os funcionários seguirão em passeata até a Praça Oito como forma de protesto. 

Críticas dos grevistas

Segundo a Federação Nacional, a "privatização" coloca em risco o direito da população aos serviços dos Correios, já que a empresa tem fechado agências em cidades menos lucrativas. “Mais de 200 agências estão sendo fechadas por todo o Brasil. Com isso, muitos moradores do interior e das periferias vão ficar sem o atendimento bancário e postal dos Correios do Brasil”, informou a federação.

O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, tem dito que é contra privatizar os os Correios, mas que a empresa terá que fazer “cortes radicais” de gastos para evitar a privatização, já que o governo não socorrerá a empresa financeiramente.

Além do fortalecimento de franqueados e o fechamento de agências próprias, o que, na opinião da federação, “esvazia os negócios da empresa para a iniciativa privada”, a Fentect critica os repasses da empresa ao governo federal acima do valor estabelecido. “Nos últimos anos, os Correios repassaram para o governo federal R$ 6 bilhões e, desse montante, R$ 3,9 bilhões foram acima do valor estabelecido legalmente, prejudicando as reservas financeiras e investimentos necessários para a modernização da empresa”, informou.

A entidade cita ainda o distrato de R$ 2,3 bilhões do Banco Postal com o Banco do Brasil e a destinação de R$ 300 milhões em patrocínios nas Olimpíadas e pede uma auditoria na contabilidade da empresa.

Os sindicatos de todo o país se reúnem hoje (26) para referendar a manifestação sobre a greve. As entidades e a empresa já promoveram mesas de negociação, mas, segundo a secretária, não houve avanços. Ela disse ainda que os trabalhadores dos Correios se unirão às manifestações marcadas para a próxima sexta-feira (28) contra as reformas trabalhista e da Previdência.

Além da mobilização pelo fortalecimento institucional dos Correios e universalização dos serviços, os trabalhadores reivindicam melhorias nas condições de trabalho, a contratação de novos funcionários, mais segurança nas agências, o retorno da entrega diária e o fim da suspensão de férias.

Outro lado

Em nota, a empresa informou que, caso o movimento grevista seja deflagrado, os Correios adotarão as medidas necessárias para garantir a continuidade de todos os serviços. “Uma paralisação dos empregados neste momento delicado pelo qual passa a empresa é um ato de irresponsabilidade, uma vez que a direção está e sempre esteve aberta ao diálogo com as representações dos trabalhadores”, informou. Os Correios não se manifestaram sobre as reivindicações dos trabalhadores.

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