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Preso dono de empresa do caminhão que provocou tragédia de Guarapari

Jacymar Pretti foi indiciado por homicídio com dolo eventual. Segundo a polícia, foram constatados vários indícios de negligência por parte da empresa na manutenção da carreta

Caminhão carregava um bloco de granito e tombou na BR 101, na manhã da última quinta-feira Foto: TV Vitória

Um dos proprietários da empresa Jamarli Transportes, responsável pela carreta que provocou o acidente que deixou 22 mortos, na manhã da última quinta-feira (22), em Guarapari, foi preso em flagrante nesta sexta-feira (23). 

Jacymar Pretti, de 63 anos, foi indiciado por homicídio com dolo eventual, ou seja, ele teria assumido o risco de provocar o acidente, já que, segundo a polícia, foram constatados vários indícios de negligência por parte da empresa na manutenção da carreta envolvida do acidente.

Segundo a polícia, o peso total do veículo ultrapassou em 10 toneladas o limite permitido - e não 11, como havia sido divulgado anteriormente. Além do excesso de peso, a polícia verificou que a carreta estava com pneus carecas e há a suspeita de problemas no freio. O laudo da perícia deve ser divulgado em dez dias.

"Peguei todas as informações que estavam sendo colhidas, de forma ininterrupta desde às 6h30 da manhã de ontem [quinta-feira], e, nessas análises, deu a perceber que houve uma forte negligência por parte do dono da empresa. O veículo estava em condições inadequadas para rodagem e há indícios muito fortes de que a pedra que era carregada estava dez toneladas acima do peso permitido. Além disso, o horário em que a carga estava sendo levada era na madrugada, para evitar a fiscalização", destacou o titular da Delegacia de Delitos de Trânsito, delegado Alberto Roque Peres.

Ainda de acordo com o delegado, há suspeita de cansaço por parte do motorista que dirigia a carreta no momento do acidente. Em depoimento, a esposa do caminhoneiro afirmou que o marido estava realizando diversas viagens, com pouco tempo de descanso entre uma e outra. Segundo ela, antes de iniciar a última viagem, que resultou no acidente, o motorista havia descansado apenas 40 minutos.

"Nós conseguimos o depoimento da esposa do motorista que faleceu no local e ela nos confidenciou que isso é uma conduta reiterada por parte da empresa. Ela disse que já ocorreram outros acidentes por esses motivos e que o próprio motorista estava preocupado, na noite de quarta-feira, quando ele saiu da sua residencia, com as condições do veículo. Além disso, tem informações que ela nos passou que, possivelmente, devido ao excesso de trabalho que ele estava sendo exposto nessa semana, ele teria feito uso de arrebite", afirmou Peres.

A polícia informou ainda que o outro proprietário da Jamarli Transportes, irmão de Jacymar, está sendo investigado e também poderá ser indiciado. O nome dele não foi divulgado, assim como o do motorista do caminhão acidentado.

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