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"Todos nós, independente da sua área de atuação, somos profissionais antigos", diz especialista em inovação

Romeo Busarello

 As novas redes de relacionamentos pessoais e profissionais precisam de pessoas que busquem e contribuam com novas experiências. Mas quanto do seu tempo você usa para fazer novos contatos e fortalecer relacionamentos?

A cultura da inovação é o ambiente de trabalho que os líderes cultivam para nutrir o pensamento pouco ortodoxo e sua efetiva aplicação na empresa. Locais de trabalho que promovem uma cultura de inovação geralmente suportam a crença de que a inovação não vem apenas das lideranças, e pode vir de qualquer pessoa na organização. As culturas de inovação são apreciadas por organizações que competem em mercados definidos por mudanças rápidas; Manter o status quo é insuficiente para competir de forma eficaz, tornando a cultura da inovação essencial para o sucesso.

Para entender melhor do assunto, o Folha Vitória conversa com o especialista em inovação e diretor de marketing e ambientes digitais da Tecnisa, Romeo Busarello.

Folha Vitória: Aquela história de que eu trabalhei 30 anos em empresa tradicional. Qual o valor disso atualmente?
Romeo Busarello: 
Eu estive recentemente com um headhunter no Vale do Silício e ele comentou comigo que entrevistou um profissional de marketing para uma posição de uma determinada empresa do Vale. O profissional estava relatando a experiência dele, 30 anos de atuação em empresas de consumo, de tecnologia, conhecia o mercado latino-americano, havia gerenciado grandes orçamentos. O headhunter olhou para ele e disse: 'Parabéns! Você tem uma experiência muito boa, mas a sua experiência é antiga". Todos nós, independente da sua área de atuação, somos profissionais antigos. O mundo está mudando de uma forma abrangente e opressiva. 

F.V: Se nós somos profissionais com experiência antiga, o que precisamos fazer para mudar esse quadro?
R.B.: Seremos eternamente reféns da escola. Quando eu falo escola, não é a tradicional, que você vai lá, senta e ouvi o professor. Hoje existem muitas forma diferentes de você apropriar conhecimento, como você fazer a hora bar.

F.V:  O que é hora bar?
R.B.: Resumindo, é você ter uma rede ampla e rica de relacionamentos, onde você pode se atualizar. Hoje como executivo, 60% dos meus problemas são inéditos, que eu nunca enfrentei antes na minha vida. Onde você acha que vou buscar solução para eles? Na minha rica rede de relacionamentos que eu venho construindo ao longo do tempo. Lembrando: relacionamento, ora você é centro, ora você é ponta. Alguma hora você ajuda, alguma hora você é ajuda. 

F.V: Isso reflete a importância do coletivo, de saber que você não tem todas as respostas?
R.B.: No passado, as sala dos direitos de uma empresa ficavam sempre em silêncio. Hoje, a inteligência do grupo é mais importante do que a inteligência do mais inteligente do grupo. Atualmente, as relações são horizontais, o conhecimento é horizontal. Quem tem uma experiência mais antiga precisa se curvar a isso e conviver com a diversidade. Essa diversidade é o que tem feito o Vale do Silício ser um local tão encantador. 

F.V: O Vale do Silício é um exemplo quando a gente fala em inovação, em futurismo. Mas e o Brasil? Temos muito ainda a evoluir? 
R.B.: Existe um pouco de preconceito em relação a isso. O Brasil mudou muito nos últimos cinco anos, surgiram muitos atores do mundo da inovação, do empreendedorismo. Hoje em São Paulo, estima-se aproximadamente 150 coworking, aproximadamente 20 mil pessoas em São Paulo com coworking. E o coworking é um ator novo, de três ou quatro anos. 

F.V: Por que muitas empresas e empreendedores não conseguem inovar?
R.B.: Devido a educação. Isso eu reconheço que o país está muito atrás. Em muitos países você tem 50 boas universidades, no Brasil, você tem três ou quatro boas universidades voltadas para negócios. Todas concentradas na cidade de São Paulo. 

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