Polícia

Caso Rodrigo: familiares se revoltam e julgamento continua sem previsão para acabar

Após intervalo, o julgamento que começou no início da manhã desta quinta-feira (3), retornou por volta das 14h30. O promotor de acusação do caso falou por quase três horas

O júri popular acontece no Fórum da Prainha Foto: Divulgação

Após recesso para o almoço, o julgamento da estudante Gabriela Bernardino dos Santos e do contador Maurício Sonegheti, que teve início na manhã desta quinta-feira (3), retornou por volta das 14h30.

Gabriela e Maurício são acusados de atropelar e matar o jovem Rodrigo Lopes, de 20 anos, em agosto de 2008, em um posto de combustíveis de Itaparica, em Vila Velha.  

A fase inicial de debates no período vespertino foi aberta pelo promotor responsável pela acusação, Evaldo Martinelli. Durante quase três horas, Martinelli ressaltou as evidências de que os acusados tinham consciência de seus atos e assumiram o risco de provocar um acidente ao beber e dirigir. 

O promotor também acusou os réus de agirem com frieza e de mentir para a polícia e a Justiça. As declarações do promotor engrossaram a tese defendida na fase inicial do inquérito policial construído pelo delegado Fabiano Contarato. 

Segundo Contarato, os acusados não demonstraram arrependimento. “Eles beberam e dirigiram, assumiram toda a culpa. Depois de matar Rodrigo, os dois foram para a casa da Gabriela transar”, afirmou.

Como tese de defesa, o advogado dos acusados responsabilizou a imprensa, o governo e até a vítima, provocando revolta nos familiares de Rodrigo, que estiveram presentes ao julgamento na plateia. 

O julgamento não tem horário para acabar, já que, na fase de debates, a acusação e a defesa possuem três horas para apresentar seus argumentos. Após esta fase, ainda pode haver réplica e tréplica. Somente após todas as fases, os jurados vão se reunir para decidir se Gabriela e Maurício são mesmo culpados. Não há limite de tempo para que eles tomem a decisão final. No início desta noite, funcionários da justiça foram ao Fórum para levar refeições aos componentes do julgamento. 

Familiares de vítimas da violência prestam apoio
Além da família de Rodrigo, o julgamento também está sendo acompanhado por parentes de outras vítimas da violência no Espírito Santo. A mãe do jovem Leonardo Zanotti, Bernardete Zanotti, aguarda o julgamento do acusado de assassinar o filho, em janeiro de 2008. Leonardo tinha apenas 18 anos quando foi baleado na cabeça. O acusado pelo crime, Marcos Vitor Rocha, é filho de um policial militar e usou a arma do pai para atirar no olho de Leonardo. A vítima era amiga do acusado. Advogados do suspeito alegam que o tiro foi acidental, versão contestada pelos familiares de Leonardo. 

Entenda o caso

Segundo a polícia, a estudante de gastronomia Gabriela Bernardino dos Santos atropelou, no dia 30 de agosto de 2008, o universitário, que estava com um amigo encostado em um carro, em frente à loja de conveniência de um posto de combustíveis em Itaparica, Vila Velha

Segundo testemunhas, Gabriela estaria bebendo cerveja com amigos no local, não sabia dirigir, mas mesmo assim teria entrado em um carro e realizado uma manobra brusca, conhecida como “cavalo de pau”. Rodrigo Lopes foi atropelado e morreu na hora. O dono do carro, o contador Maurício Joviano Sonegueti, também será levado a julgamento. 

Júri é vitória da sociedade, diz delegado

Uma vitória da sociedade”. É assim que o delegado Fabiano Contarato, titular da Delegacia de Delitos de Trânsito, analisou a decisão do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) de levar a júri popular a estudante Gabriela Bernardino dos Santos.

Em primeira instância, a acusada tinha sido pronunciada por homicídio por dolo eventual, quando se assume o risco de produzir o resultado ao dirigir veículo após ingerir bebida alcoolica, mas a defesa havia recorrido. Com a decisão do TJES, a tese do delegado Fabiano Contarato foi mantida. “Todos nós estamos sujeitos a um acidente de trânsito. Agora, um motorista sem habilitação, que faz uma manobra perigosa e que atropela e mata alguém, não é acidente de trânsito. Por isso, ela deve ir a júri popular”, defendeu o delegado.

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