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Polícia apura denúncia de agressão por homofobia no Rio

Redação Folha Vitória

Rio - A Polícia Civil investiga denúncia de agressão por homofobia ocorrida em frente a um bar em Ipanema, na zona sul, depois do jogo entre Brasil e Colômbia, na sexta-feira, 04. A estudante de psicologia e DJ Carla Ávila, de 30 anos, contou que andava com a namorada pela calçada, quando foi espancada por um dos clientes do Bar 20.

Carla disse que assim que passou pelo bar ouviu gritos de "sapatão" e "na minha área não admito isso". "A gente não deu bola e continuou andando. Não respondi. Só senti um tapão no meu ouvido, que me derrubou. Ele tinha se levantado e vindo atrás", contou. Enquanto estava caída, foi agredida com chutes no corpo e na cabeça. Teve o tímpano rompido e ficou com contusões na cabeça, nos braços e no dedo da mão esquerda.

A reação dos outros frequentadores do bar foi "assustadora", diz Carla. "Muitos se levantaram, aplaudiram e assoviaram. Alguns começaram a filmar. Nenhum foi solidário". Havia uma mulher com o agressor, que o chamou para ir embora. O casal pagou a conta e deixou o bar. "Os funcionários do bar foram no mínimo coniventes. Eles não chamaram a polícia, não tentaram segurá-lo, não o identificaram pelo cartão de crédito".

Carla narrou o episódio no Facebook. O post havia sido compartilhado por 3,5 mil pessoas até a tarde desta terça-feira, 08. Muitos internautas criticaram a postura dos funcionários do Bar 20. Por telefone, um homem que se identificou como Ricardo, gerente, negou que tenha ocorrido a agressão. "Não houve nada disso, ficamos sabendo pela internet", disse.

Diante das críticas, o bar publicou um comunicado oficial em que nega que tenha havido a agressão em frente ao estabelecimento e afirma que nenhum funcionário ou responsável pelo bar presenciou o ataque sofrido por Carla. "O Bar 20 não admite a prática ou demonstração de qualquer tipo de preconceito e/ou discriminação", diz o texto.

A delegada Monique Vidal, titular da 14ª DP (Leblon), requisitou as imagens do circuito de segurança do bar e dos prédios vizinhos, para tentar identificar o agressor. Carla passou por exame de corpo de delito e terá de voltar ao Instituto Médico Legal nesta quarta-feira para ser avaliada por um otorrino. Ela também tem reunião marcada na Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual. "Eles vão pedir as imagens da CET-Rio para tentar identificar o agressor", disse Carla.

A estudante de psicologia disse que essa foi a primeira vez que sofreu um ataque homofóbico. "Eu assumi minha orientação sexual aos 16 anos. Moro num bairro de pessoas mais simples, onde nunca ouvi nem uma piadinha. Não imaginava que isso fosse acontecer em Ipanema, um bairro com tantos bares 'gay friendly'", afirmou.

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