Polícia

Recuperação de jardins da orla de Camburi destruídos após evento será paga pela Prefeitura

De acordo com o secretário Municipal de Segurança Urbana de Vitória, Fronzio Calheira Mota, a recuperação dos jardins da orla de Camburi e da região será paga pela Prefeitura

O policiamento foi reforçado no local Foto: TV Vitória

A festa de uma rádio, realizada no último domingo (27) na praia de Camburi, em Vitória, terminou em confusão e também deixou prejuízos para a Capital. 

De acordo com o secretário Municipal de Segurança Urbana de Vitória, Fronzio Calheira Mota, a recuperação dos jardins da orla de Camburi e da região será paga pela Prefeitura. “No primeiro momento, o município vai repor toda a vegetação, esse trabalho já foi iniciado, toda limpeza já foi feita. O trabalho de recomposição vai ser iniciado. Em um segundo momento, a prefeitura poderá apurar algum tipo de responsabilidade por parte da empresa organizadora”, afirma.

Ainda de acordo com o secretário, antes do evento, uma reunião de planejamento foi realizada pela Prefeitura, junto com a PM e com os organizadores da festa. “Nós tivemos uma reunião de planejamento com a Polícia Militar e com os organizadores do show, e prevíamos um público de 25 mil pessoas. A guarda municipal planejou como o trânsito iria funcionar, levou para o local o videmonitoramento móvel para coibir, inclusive, algum tipo de comportamento agressivo e levamos quadrículos para atuar na areia, que é uma área de difícil acesso. A Polícia Militar também fez um planejamento, mas o público, que a gente esperava ser de 25 mil pessoas, dobrou, tinha aproximadamente 50 mil pessoas no local. O aparato que havia sido planejado ficou abaixo da demanda devido ao grande acesso de público”, explica.

O secretário disse ainda que a Polícia Militar reforçou a segurança na região, para conter as confusões. “A Polícia Militar conseguiu mandar para o local o reforço do Batalhão de Choque, o que ajudou a acalmar os ânimos. Nós tivemos um momento de maior risco, quando algumas brigas começaram a acontecer na frente do palanque, e, felizmente, os locutores conseguiram diminuir a confusão, conseguiram pedir calma. Foi a calma que permitiu que nós não tivéssemos notícias mais tristes”, disse.

24 ônibus depredados

Pelo menos 24 ônibus de linhas municipais e intermunicipais foram depredados na noite do último domingo (27), após a confusão durante uma festa de uma rádio, realizada na praia de Camburi, em Vitória. Além disso, pelo menos três pessoas foram presas.

Vidros de portas, janelas e pára-brisas dos coletivos foram quebrados. De acordo com a empresa Grande Vitória, que registrou prejuízos, 15 veículos estão no conserto: dois do sistema municipal e treze do intermunicipal. Segundo a gerente operacional da empresa, Lúcia Foratini, por esse motivo a frota reserva nas garagens foi afetada. Desde a madrugada desta segunda-feira (28), funcionários trabalharam na reparação desses carros. 

Na empresa Unimar, cinco ônibus também sofreram estragos. De acordo com o gerente operacional, Eliseu da Conceição, o prejuízo deve custar em média R$ 5 mil.

Uma mulher ficou caída no meio da avenida Foto: Reprodução

Entenda como tudo aconteceu

Um evento de uma rádio realizado na praia de Camburi, em Vitória, neste domingo (27), terminou em tumulto e confusão. Uma mulher foi baleada, três pessoas foram esfaqueadas e uma foi pisoteada durante o evento. 

Segundo a Polícia Militar, a confusão começou quando um tiro foi disparado da área vip para o público na areia, próximo ao palco. Uma mulher foi baleada e levada para o Hospital São Lucas. Ainda não há informações sobre a identificação ou o estado de saúde da vítima. 

Testemunhas relataram que não havia policiamento ou seguranças no local. A Guarda Municipal confirmou que 20 mil pessoas eram esperadas para o evento, mas esse número chegou a 50 mil. Por volta das 20 horas, o evento foi cancelado. Segundo informações, duas bandas musicais não chegaram sequer a se apresentar. O Batalhão de Missões Especiais foi acionado e duas pessoas foram encaminhadas ao Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vitória, entre elas um menor de idade - que estava com entorpecentes - e um rapaz - que portava um simulacro de arma de fogo.  

Moradores da região relataram que os prédios foram utilizados como banheiro público e muito lixo foi jogado na areia da praia e nas ruas próximas. Desde as primeiras horas do dia, vários ambulantes com caixas de isopor e bebida eram vistos no local. Ônibus circulavam lotados. Por volta de 14 horas, a avenida não tinha sido interditada e o espaço era disputado por pessoas e carros. 

Vídeos mostram cenas de pânico e correria

Logo no início da noite, quando a confusão começou, muitos ouviram barulho de gritos, correria e garrafas sendo estouradas. O clima de tensão tomou conta do local e muitos moradores preferiram ficar dentro de suas casas.

Organizador diz que público foi maior do que esperado

O diretor executivo das Rádios da Rede Gazeta, Antonio Mendes Camilo, disse que o evento foi planejado e realizado para uma estimativa de 20 a 30 mil pessoas, mas na prática o número de presentes pode ter ultrapassado 50 mil. "O fato é que houve um público maior do que esperávamos e apesar de todas as confusões Não tivemos nenhum registro de morte".

A dupla sertaneja Victor e Léo e o Grupo Sorriso Maroto, impedidos de terem acesso à área do evento, não se apresentaram. Segundo Camilo, o problema mais grave foi registrado por volta das 19h, uma hora antes do prazo previsto para o encerramento dos shows. "Às 19h30, quando tentamos trazer as últimas bandas que iriam se apresentar, algumas pessoas estavam muito alteradas em frente ao palco e, naquele momento, decidimos cancelar o evento por questões de segurança das pessoas presentes e dos artistas”. 

Sesp diz que policiamento era suficiente para 30 mil pessoas

Por sua vez, a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo disse que não divulga o número de efetivo da Polícia Militar empregado no evento, mas informa que a quantidade era suficiente para garantir a segurança de até 30 mil pessoas, conforme expectativa inicial da organização dos shows. Como o número de público foi muito maior, houve vários registros de confusões e brigas. Segundo a secretaria, o caso mais grave foi o de uma senhora de 60 anos baleada na perna e levada para um hospital da capital sem gravidade. Ainda segundo a Polícia Militar, não há confirmação de nenhum caso de esfaqueamento e nem de pisoteamento na orla de Camburi durante o evento.

Associação de moradores quer fim de eventos 

Moradores da região estão pedindo o fim da realização de eventos de grande porte na região da praia de Camburi. De acordo com o presidente da Associação de Moradores da Mata da Praia, bairro próximo à praia, Sandoval Rigonni, diversos emails de moradores relatam tentativas de invasão a condomínios e queixas de falta de segurança no local.

“A repercussão foi muito grande. A associação não para de receber email desde ontem (domingo) à noite. Houve tentativa de invasão, além de pessoas que fizeram suas necessidades nos jardins dos prédios”, frisou.

Sandoval também explicou associação não foi comunicada oficialmente sobre a realização do evento, e criticou a falta de segurança e organização. “A prefeitura, nem a segurança pública nos procurou. Poderíamos ter conversado sobre a melhor forma de organização deste evento, ou até sugerido outro local. Faltou bom senso. Foi coisa de amador. Fecharam estacionamentos, ruas. Moradores foram impedidos de entrar ou sair de casa”.

Após noite de confusão, o dia foi de limpeza Foto: TV Vitória

Manhã de limpeza

Depois de uma noite de caos, na orla da praia de Camburi, em Vitória, no último domingo (27) devido a festa de uma rádio, a rotina pela manhã desta segunda-feira (28) voltou ao normal.

Moradores caminhavam enquanto os garis faziam o trabalho de limpeza. Um carro pipa foi utilizado para lavar o calçadão. Já nos prédios que ficam na região do bairro Mata da Praia, próximo ao local de onde aconteceu o evento, o dia foi de muito trabalho. "Estava tudo muito sujo, muito barro, até camisinha tinha. Papel, garrafinha, lata de cerveja... Sem contar o odor de urina", disse a zeladora de um prédio da orla, Ana Alice Silva.

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