Polícia

Delegado Fabiano Contarato deve assumir cargo na Corregedoria da Polícia Civil, afirma Secretário

De acordo com o secretário André Garcia, a experiência e a seriedade de Contarato vão contribuir com os trabalhos correcionais, feitos pela Corregedoria

Foto: Divulgação

O delegado Fabiano Contarato, titular da Delegacia de Delitos de Trânsito, deve assumir um cargo na Corregedoria da Polícia Civil. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (05), pelo secretário de Estado de Segurança Pública, André Garcia, em entrevista ao jornal Espírito Santo no Ar, da TV Vitória/Record.

De acordo com o secretário, a experiência e a seriedade de Contarato vão contribuir com os trabalhos correcionais, feitos pela Corregedoria. “O delegado Fabiano Contarato muito provavelmente vai prestar seus trabalhos na Corregedoria da Polícia Civil. É importante a gente aproveitar a experiência, a retidão, a seriedade de um profissional como esse para trabalhar num órgão correcional e acompanhar os processos que acontecem internamente e que envolvem policiais. Nós acreditamos que vamos ter um ganho com a experiência desse delegado nessa atribuição”, afirma.

Ainda segundo André Garcia, o pedido de transferência feito por Contarato não causou nenhum desconforto à Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesp). “Não houve desconforto algum. Acredito que o delegado Contarato deu a sua contribuição, pelo o que eu sei, foram mais de 12 anos. É interessante e importante, já que um profissional de polícia que sofre com as vítimas e com os parentes das vítimas, que a gente faça um rodízio. A polícia do Espírito Santo possui delegados competentes e que certamente vão assumir o papel e realizar um trabalho bem feito, tão bem feito quanto o delegado Fabiano Contarato realizou”, explica.

O delegado Fabiano Contarato colocou o cargo à disposição na manhã da última terça-feira (02). O titular da Delegacia de Delitos de Trânsito utilizou as redes sociais para comunicar seu pedido de desligamento do cargo e relatar uma série de insatisfações com relação aos órgãos de trânsito.

Em seu comunicado, Contarato afirmou que entre os motivos de sua remoção estão a negação por parte do Detran estadual em fornecer nomes e endereços de motoristas com CNH suspensa ou cassada e o cancelamento de autos de infração de motoristas flagrados no bafômetro pelo Conselho Estadual de Trânsito.

“Eu sou uma pessoa de ação, me oponho às injustiças e aos erros seja de quem for, e continuarei cobrando do Poder Público que cumpra o seu dever em preservar o principal bem jurídico, que é a vida”, informou Contarato no ofício enviado ao secretário de Segurança Pública, André Garcia, e ao chefe da Polícia Civil, Joel Lyrio.

A assessoria de imprensa do Detran foi procurada pela reportagem para responder as críticas feitas pelo delegado, no entanto, o órgão disse que não deve se pronunciar sobre o caso.

Leia abaixo a íntegra do informativo publicado pelo delegado em sua página pessoal:

“Segue abaixo trecho de ofícios que expedi ao Secretário de Segurança Pública e ao Chefe da Polícia Civil solicitando minha REMOÇÃO da Delegacia de Trânsito. Obrigado a todos pelo apoio incondicional durante minha trajetória profissional.

Durante todo o período em que estive à frente da Delegacia de Delitos de Trânsito, sempre observei os princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.

Ocorre que os últimos acontecimentos, dentre eles: Direção do Detran em negar o fornecimento de nomes e endereços de motoristas com CNH suspensa ou cassada, CETRAN cancelar Auto de Infração de motorista flagrado em “Lei Seca”, Deputado, Senador, Policiais (em nível nacional) se recusando a fazer o teste do Etilômetro, não me deixam outra alternativa senão colocar meu cargo à disposição e desde já solicito remoção da Delegacia a qual trabalho.

É lamentável, mas o Poder Público banaliza a vida humana em detrimento do poder econômico, financeiro e patrimonial.Eu sou uma pessoa de ação, me oponho às injustiças e aos erros seja de quem for, e continuarei cobrando do Poder Público que cumpra o seu dever em preservar o principal bem jurídico, que é a vida. Não posso ignorar os crimes praticados por qualquer cidadão, mesmo que ele seja ele de alto cargo ou poder aquisitivo. Não posso ficar refém daqueles que usufruem de privilégios e muito menos temer o impacto de uma declaração ou denúncia para preservar a imagem de qualquer pessoa ou instituição, tendo em vista que venho cumprindo a máxima de que “TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI”. Como servidor público, meu trabalho deve ser regido por princípios como a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência. 

Vale dizer que a liberdade de exercer minha profissão é meu direito como cidadão, cuja restrição somente se justifica quando prevalecem os interesses da coletividade sobre os individuais. Caso contrário, estaria obedecendo à “lei da mordaça”. 

Vale frisar que no exercício de nosso múnus publico não iremos temer abusos, ameaças e qualquer discriminação atentatória a direitos e garantias fundamentais a vida, bem como não iremos nos intimidar, pelo contrário, iremos buscar junto as Autoridades Competentes, no caso Tribunal de Justiça, Procuradoria do Ministério Público e Governo do Estado do Espírito Santo, respostas eficazes no combate a violência, o que assegurará a Sociedade a certeza de um mundo melhor. 

Um mundo melhor e sem violência, no qual os governantes e todos nós almejamos, só irá florir se tivermos um pouco mais de bom-senso e pudor. Se começarmos querermos ser produtivos, úteis, solidários dentro do nosso círculo de trabalho, família e comunidade, agir com comprometimento com a causa maior, sem temor e receio, sempre em total obediência à Lei.

Como Autoridade Pública, poderemos ajudar se não tivermos receio de criticas e não desviarmos o rosto e os olhos e fecharmos a boca, bem como se não aceitarmos fatos ruins como coisa natural. Se cumprirmos com excelência nosso dever de cada dia, ajudaremos a mudar as coisas que podem ser mudadas. O que tornaria possível mudarmos o mundo, mudando por pouco que seja os princípios e valores de cada um de nós, o desejo do bem do outro, e uma convivência menos truculenta

Diante de todo exposto, conforme entendimento verbal mantido com Vossa Excelência solicito minha REMOÇÃO imediata da Delegacia de Delitos de Trânsito, o que faço em caráter IRREVOGÁVEL e IRRETRATÁVEL.”

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