Polícia

“Máfia do Táxi”: suspeitos de comandarem fraude milionária em Cariacica já estão na rua

Segundo a decisão da Justiça, os suspeitos colaboraram com a investigação e vão responder em liberdade. Com base nos depoimentos, a polícia acredita que a fraude se estende na GV

16 suspeitos de envolvimento na quadrilha foram presos, só 10 continuam na cadeia Foto: Luã Quintão/TV Vitória

A polícia soltou seis dos 16 detidos na operação que desmembrou a “Máfia do Táxi”, em Cariacica. De acordo com a decisão da Justiça, os suspeitos colaboraram com a investigação e vão responder em liberdade. Com base nos depoimentos, a polícia acredita que a fraude se estende para outros municípios da Grande Vitória.

Dezesseis pessoas foram detidas por participação no esquema de concessão ilegal de táxis em Cariacica, na última terça-feira (23). Entre elas, o vice-presidente do Sindicato dos Taxistas do Espírito Santo, Ronaldo de Almeida, e servidores da prefeitura, inclusive, o coordenador do setor de táxis, Mário Rogério Barcelos, que foi exonerado do cargo.

Depois de coletar depoimentos, o delegado da Delegacia de Delitos de Trânsito, Maurício Gonçalves, liberou seis suspeitos beneficiários do esquema que colaboraram para a investigação com informações.

“Com as novas informações vindas dos interrogatórios, nós pudemos chegar a novos membros da quadrilha, o modo de operação, além da área de atuação da quadrilha. Por isso nós opinamos junto à Justiça a não necessidade de mantê-los presos”, afirma o delegado de Delitos de Trânsito, Maurício Gonçalves.

Delegado: "Pelos depoimentos, nós opinamos a não necessidade de manter a prisão" Foto: TV Vitória

Os primeiros depoimentos confirmaram o funcionamento da fraude milionária. O esquema era liderado pelo vice-presidente do sindicato dos taxistas Ronaldo de Almeida e pelo empresário Wilker Mischiatti, que também possuía mais de 25 permissões de táxi.

Segundo a polícia, a dupla captava interessados em adquirir concessões de placas de táxi e os taxistas pagavam de R$ 25 mil a R$ 60 mil pela permissão. O valor, porém, poderia chegar a até R$ 200 mil, dependendo do ponto. As solicitações eram levadas aos funcionários da prefeitura de Cariacica. Eles concediam as licenças de forma irregular e fraudavam os documentos para os táxis circularem.

Com a concessão em mãos, os taxistas clonavam o numero de identificação dos veículos. Assim, vários carros trafegavam com o mesmo número de registro. Quem renovava as concessões anualmente era o coordenador de setor de táxis da prefeitura, Mário Rogélio Barcelos. Em 2012, com a mudança da administração municipal, os servidores envolvidos saíram da prefeitura, mas a máfia teria sido mantida por Barcelos, que teria passado a receber propina.

“Os membros efetivos da organização podem pegar 12 anos somente pela associação ao crime, além dos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica, uso indevido de documento público, as penas podem variar de 12 a mais de 20 anos”, conta Gonçalves.

Segundo a polícia, só entre 2011 e 2012, nove permissões foram concedidas e distribuídas pela quadrilha. A partir delas, o número de táxis multiplicou. As investigações indicam que há cerca de quatrocentos táxis circulando ilegalmente em Cariacica.

Durante entrevista coletiva, na manhã desta quinta-feira (25), o secretário estadual de Segurança, André Garcia, disse que a fraude pode ter causado um rombo milionário aos cofres do Estado, com a sonegação de impostos. Agora, a Polícia Civil investiga a atuação da quadrilha em outros municípios e a relação dos envolvidos com o tráfico de drogas.

“O inquérito e as investigações continuam, novas diligências e interrogatórios serão feitos. O objetivo é chegar identificação total da quadrilha. E as informações que apuramos denotam que a quadrilha não atuava somente em Cariacica, mas também em outros municípios da Grande Vitória”, conclui o delegado.

Pontos moeda