Polícia

Técnico da Desportiva nega acusações de injúrias raciais e diz que vai provar inocência

Após a partida entre a Desportiva Ferroviária e o Atlético ES, pela sexta rodada da Copa ES, o técnico Grená foi acusado pelo maqueiro e o goleiro alvinegro por injúria racial

Vevé negou que tenha ofendido os atletas Foto: Divulgação

Após um final de semana polêmico, o técnico da Desportiva Ferroviária, Vevé, concedeu entrevista coletiva, na tarde desta segunda-feira (15), na Arena Sicoob, em Jardim América, Cariacica. O treinador grená aproveitou o momento para negar e se defender das declarações feitas pelo goleiro reserva Jefferson e do maqueiro Admilson Barbosa, ambos do Atlético de Itapemirim, que o acusaram de racismo durante uma partida disputada no sábado (13), pela Copa Espírito Santo 2014, no estádio José Olívio Soares, em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado.  

O episódio, segundo os profissionais que acusam Vevé, teria acontecido no intervalo do jogo, quando, durante um bate-boca, o técnico  chamou o goleiro reserva do Galo, Jefferson Simão, de “negão”. O maqueiro da equipe, Edmilson Barbosa, afirma que o treinador adversário o chamou de “loirinho da África" e de “macaco”.

Segundo Vevé, as injúrias raciais não aconteceram e ele mesmo tenta entender o que teria motivado os atletas o acusarem falsamente. “Eu tento entender porquê estão fazendo isso. Eu tenho atletas negros no meu elenco. Tenho parentes, cunhadas e sobrinhos negros. Aqui mesmo na Desportiva além dos meus jogadores, temos funcionários que convivem comigo diariamente que são negros. Tenho minha consciência tranquila de que não falei nada para ofender. A verdade vai aparecer e vou provar que não falei nada", afirmou.

Para Vevé, os ânimos dos integrantes da equipe do Atlético de Itapemirim, que perdeu o primeiro jogo da competição, já estavam exaltados desde o início da partida. O treinador lamentou o fato ocorrido e citou a situação do futebol no Estado. “Eu trabalho em uma equipe de ponta. Sinto muito que pessoas busquem situações levianas ao invés de buscar soluções para alavancar o esporte capixaba”, disse.

Os jogadores da Desportiva também estiveram presentes na coletiva e apoiaram as declarações do comandante grená. Richard Falcão, que atua como atacante do time e esteve  no jogo do último sábado, inocenta Vevé das acusações e relata o momento de terror vivido pelos atletas no local do jogo. Segundo Falcão, os sistemas de som do estádio da partida incitavam o ódio nos torcedores adversários. “Eu estava dentro do campo e posso afirmar que não existiu racismo. Meus companheiros que estavam no banco também não ouviram nada. O que aconteceu no estádio foi um amadorismo e uma injustiça. Durante um período, o som ficava com transmissões e nos ameaçando”, contou.

De acordo com Falcão, frases como “ volta para casa, cornos”, eram ditas durante todo o tempo. Além do tom agressivo, latas de bebidas foram jogadas dentro do campo e torcedores tentavam pular o alambrado.

Árbitro não relata supostas injúrias
As ofensas que teriam sido proferidas pelo técnico Vevé não foram citadas na súmula preenchida pelo árbitro da partida, Maicom da Silva. No documento, estão relatadas apenas os problemas provocados pelo time do Sul do Estado.

O árbitro escreveu sobre os xingamentos do locutor do carro de som que estava dentro do estádio e afirmou que, após a partida, os torcedores do Atlético jogaram pedras nos jogadores da Desportiva. De acordo com Henrique Montovanelli, assessor do time grená, as imagens do jogo serão entregues a órgãos competentes e atitudes serão tomadas após o "caso Vevé" ser resolvido.

Amigos prestam solidariedade em rede social
O perfil pessoal do técnico em uma rede de relacionamentos, ficou bastante movimentado desde quando Vevé sofreu as acusações. Amigos, jogadores e admiradores, afirmaram que acreditam na inocência do treinador. Vevé compartilhou mensagem de fé e escreveu um texto dizendo que sua reputação não poderá ser atingida. 

Técnico não será demitido
A diretoria da Desportiva Ferroviária emitiu um comunicado oficial sobre o envolvimento do técnico Vevé nas acusações de injúria racial. Toda a confusão teria acontecido durante o jogo da Tiva e do Atlético-ES, no sábado (13). A nota diz que, desde maio deste ano, o técnico Severino Ribeiro nunca apresentou conduta preconceituosa.

Entenda o caso
Após um jogo pegado neste sábado (13), o técnico da Desportiva Ferroviária, Vevé, juntamente com o maqueiro e o goleiro da equipe do Atlético-ES foram encaminhados para a 9ª Delegacia Regional, de Itapemirim. O técnico é suspeito de injúria racial.

Segundo informações de testemunhas, a confusão teria iniciado primeiramente com o maqueiro da equipe alvinegra, que diz ter sido chamado de “macaco” pelo técnico da Tiva. Logo após, em uma reposição de bola do goleiro do Atlético-ES, o técnico Grená reclamou da demora no lance, e após uma discussão com o jogador, foi acusado pelo goleiro por chamá-lo de macaco. 

O técnico Vevé, o maqueiro e o goleiro do Atlético-ES prestaram depoimento na 9ª Delegacia Regional, em Itapemirim, por volta das 19 horas de sábado (13). Por volta das 00h02 de domingo (14), Vevé foi liberado da delegacia, após pagar a fiança.

Defesa
O técnico usou uma rede social para se defender das acusações de injúria racial. No texto publicado, Vevé quis explicar o ocorrido e se defendeu da acusação a qual foi submetido. “Podem inventar situações, fazer armações, mas Deus é sabedor de toda verdade. Estão querendo manchar minha reputação profissional, mas não vão conseguir. Quem me conhece sabe muito bem que tipo de homem eu sou. Hoje a Desportiva Ferroviária é parte da minha família e por ela também sou capaz de brigar. Mas chamar um companheiro de trabalho de macaco, aí não. Seria um insano se cometesse tal atitude, pois tenho atletas negros no meu grupo de trabalho, meu supervisor é negro, tenho duas cunhadas negras, muitos amigos, muitos ex-jogadores que trabalharam comigo. Nunca cometi esse tipo de atitude com nenhum deles, pois abomino essas atitudes. Ao acusador cabe o ônus da prova, aguardemos para ver de que lado está a verdade”, escreveu.

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