Polícia

Médica de São Mateus suspeita de integrar quadrilha que realizava abortos no Rio de Janeiro

A ação é parte da operação Herodes, realizada para desarticular uma organização que praticava abortos no Estado do Rio de Janeiro e conta com cerca de 500 policiais

Polícia fluminense faz operação para desarticular clínicas de aborto Foto: Divulgação/Governo

A Corregedoria Interna da Polícia Civil do Rio de Janeiro cumpriu, na manhã desta terça-feira (14), um mandado de busca e apreensão no município capixaba de São Mateus. A ação é parte da operação Herodes, realizada para desarticular uma organização que praticava abortos no estado fluminense. 

No Espírito Santo, uma médica de São Mateus foi alvo da operação. Na casa dela foram encontrados materiais que podem comprovar a ligação dela com a organização criminosa. Tudo o que foi recolhido será analisado pela polícia do Rio. 

Ao todo, foram cumpridos outros 117 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em São Paulo, além de 75 mandados de prisão preventiva contra acusados de participar de uma organização. A operação Herodes conta com a participação de cerca de 500 policiais. 

Desarticulação 

Entre os envolvidos no grupo que, segundo a polícia, há vários anos praticava aborto em locais sem condições de higiene e salubridade, estão oito policiais civis, dez médicos, quatro policiais militares, três advogados, um bombeiro e um militar do Exército. As clínicas recebiam mulheres em todas as fases de gestação, inclusive algumas de outros estados. Os procedimentos em mulheres com gestação em estágio mais avançado custavam mais caro.

De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, são sete organizações criminosas envolvidas com a prática ilegal de abortos. Uma delas chegava a lucrar até R$ 300 mil por mês.  Apesar de não terem comando unificado, os grupos respeitavam os territórios de atuação definidos para cada um. Alguns dividiam os bairros de Bonsucesso, Rocha e Tijuca, na zona norte. Outros dois atuavam em Campo Grande e Guadalupe, na zona oeste. Os demais comandavam a prática em Copacabana e Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro. Conforme o delegado, 75 pessoas acusadas de integrar as associações criminosas tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça.

“O histórico dessas pessoas demonstra que ela atuavam há muitos anos. Alguns haviam sido indiciados na década de 60. É uma história de crimes e de impunidade. Deflagramos hoje uma ação que desmantela vários crimes. A legislação é muito benevolente. Podemos quase afirmar que, pelo retorno financeiro, vale a pena cometer esse crime", salientou o chefe da polícia fluminense, Fernando Veloso.

As clínicas ilegais mantidas pelas organizações criminosas faziam abortos em mulheres com até sete meses de gestação. Os preços variavam de R$ 1 mil (para maiores de 18 anos e em estágio inicial de gravidez) até R$ 7,5 mil (para adolescentes com 23 a 26 semanas de gestação).

Cada grupo tinha um chefe e contava com responsáveis pelas mais variadas tarefas, como procedimento cirúrgico, auxílio de enfermagem, agenciamento das gestantes, segurança do local, medicamentos e transporte das usuárias do serviço clandestino.

Os servidores públicos investigados, entre eles oito policiais civis e quatro militares, seriam responsáveis por tarefas de segurança,  proteção da associação criminosa, administração das clínicas e transporte das gestantes. Além disso, recebiam dinheiro para evitar a repressão ou investigação dos casos.

Entre os crimes apurados, estão aborto (pena de um a quatro anos de prisão), corrupção passiva (dois a 12 anos), exercício ilegal da medicina (seis meses a dois anos), associação para o tráfico (três a dez anos) e associação criminosa armada (um a três anos).

Entre os dez médicos denunciados à Justiça, alguns têm anotações muito antigas por aborto. Um dos acusados, por exemplo, havia sido autuado pela prática em 1962. Uma médica, com processos desde 2001, é suspeita de mais de mil procedimentos.

Com informações da Agência Brasil 

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