Polícia

Advogado garante que tiro que matou soldado Feu não saiu da arma de policial

Jodemir Silva, que defende Adriano da Rocha Esteves, disse, no entanto, que cliente não soube precisar de onde partiu o disparo que atingiu o colega

Jodemir garantiu que o tiro que matou o soldado Feu não partiu da arma do policial Adriano Foto: TV Vitória

O tiro que matou o soldado do Batalhão de Missões Especiais (BME) da Polícia Militar, Dayclon Nascimento Feu, durante operação em Padre GabrielCariacica, em setembro do ano passado, não saiu da arma do também militar Adriano da Rocha Esteves, conforme apontou o inquérito da Polícia Civil, concluído na última segunda-feira (19). É o que garante o advogado de Adriano, Jodemir Silva, que concedeu uma entrevista exclusiva, na tarde desta quinta-feira (22), à TV Vitória/Record.

O advogado, no entanto, afirmou que seu cliente não soube dizer ao certo de onde pode ter partido o disparo que vitimou o soldado do BME. Segundo Jodemir, existe até mesmo a possibilidade de um tiro efetuado por Feu ter resvalado na viatura e um estilhaço de bala tê-lo atingido na cabeça.

"O disparo não saiu da arma dele [do Adriano]. Aquela noite foi muito conturbada. Quando eles [os policiais] chegaram, foram alvejados por quase 30 tiros e adotaram o procedimento de sair da viatura para confrontar os bandidos. Naquela situação, são frações de segundo para você tomar uma decisão. Então não tem como ficar reparando a ação de um ou outro policial. Não teve como ele [Adriano] saber de onde partiu [o tiro]", alegou.

Segundo Jodemir, Adriano está muito abalado com a situação e está fazendo tratamento psiquiátrico. Ele ainda será ouvido pela Corregedoria da Polícia Militar, onde responde a procedimento administrativo.

Durante uma entrevista coletiva concedida na última terça-feira, o corregedor da Polícia Militar, coronel Ilton Borges, afirmou que a punição para o policial que teria disparado contra o soldado Feu ainda está sendo avaliada. Adriano já está afastado, mas apenas quando o inquérito policial militar for concluído a punição para o PM será divulgada.

De acordo com o titular da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Cariacica, delegado João Paulo Pinto, responsável pelo inquérito civil sobre o assassinato do soldado Feu, houve uma série de erros na ação dos policiais que participaram da ação na qual o militar foi morto. Segundo ele, o disparo que tirou a vida do soldado do BME foi dado a menos de cinco centímetros da vítima e saiu da arma de Adriano.

"O laudo exclui os criminosos e os dois policiais que estavam na frente. E deixou em aberto tanto em relação ao Adriano quanto ao próprio soldado Feu ter efetuado um disparo acidental. A partir de todos os elementos investigativos, a gente concluiu que foi o Adriano que efetuou o disparo", disse o delegado, em entrevista na última terça. Ao todo, foram quase cinco meses de investigação.

O crime

O soldado Dayclon Nascimento Feu foi morto com um tiro na cabeça, na noite de 6 de setembro do ano passado, no bairro Padre Gabriel, em Cariacica. Segundo colegas de trabalho, Feu foi atingido na rua Chico Mendes, que cruza com a avenida principal do bairro. 

Na época, os policiais que estavam na ocorrência informaram que a viatura do BME parou em uma esquina. Assim que os PM's avistaram dois rapazes em atitude suspeita, desceram para fazer a abordagem. Nesse momento, os criminosos teriam atirado e os policiais revidado. 

Um suspeito foi baleado. Iaclisson Cajazeira de Almeida foi socorrido para o hospital. O menor que estava com ele conseguiu fugir, mas depois foi apreendido e apontado como o autor do disparo que acertou o soldado Feu. Inclusive, na época, a polícia disse que o menor confessou que foi ele quem atirou no soldado do BME.

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