Polícia

Pai de juiz assassinado acredita que julgamento de acusados será adiado novamente

A morte de Alexandre Martins de Castro Filho completou 12 anos nesta terça-feira. Uma exposição de quadros foi realizada em Vila Velha, em homenagem ao magistrado

Alexandre de Castro disse que não acredita que os acusados de serem mandantes do crime serão julgados Foto: TV Vitória

O assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho completa 12 anos nesta terça-feira (12). O julgamento de dois dos três acusados de serem os mandantes do crime - o coronel da reserva da Polícia Militar, Walter Gomes Ferreira, e o ex-policial civil Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu - está marcado para o próximo dia 25 de maio. No entanto, o pai do juiz assassinado, Alexandre Martins de Castro, acha que o julgamento será adiado mais uma vez.

"Torço para que haja julgamento, mas eu não acredito com convicção que ele vá acontecer. Porque, durante 12 anos, o que esses acusados fazem é justamente protelar, procrastinar, fugir do julgamento", destacou Alexandre.

O advogado criminalista Allex William Bello Lino concorda com o pai do juiz e confessa que nunca viu um processo demorar tanto tempo para ser julgado. Para ele, a condenação ou absolvição dos acusados pode demorar ainda muito mais tempo para acontecer.

"A expectativa de fim nós não temos, justamente porque dependemos dos recursos que certamente serão interpostos na segunda e terceira instância. Depois do juri, pode ser que haja recurso de apelação para o Tribunal de Justiça, consequentemente para o Superior Tribunal de Justiça ou quem sabe até para o Supremo Tribunal Federal", ressaltou.

O processo se arrasta nos tribunais do Espírito Santo porque, além dos inúmeros recursos apresentados pela defesa dos acusados de serem os mandantes do crime, nove juízes estão impedidos de julgarem o caso. Eles alegaram ter algum tipo de relação com uma das partes - ou réu ou vítima - e, por esse motivo, o julgamento poderia ser considerado sem validade.

Outro apontado pelas investigações como mandante do assassinato de Alexandre Martins de Castro Filho, o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira, aguarda a tramitação de recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF).

"É uma sensação de indignidade. Não é de sofrimento, tristeza, nem de dor, mas de indignidade por ver um péssimo exemplo como esse, de pessoas que já deveriam estar presas, mas que continuam ostentando todas as benesses do cargo, principalmente de salário pago por toda a sociedade", apontou Alexandre de Castro.

Homenagem

Quadros do juiz Alexandre Martins de Castro Filho foram expostos em homenagem ao magistrado morto há 12 anos Foto: TV Vitória

Para homenagear e lembrar os 12 anos da morte do juiz, foi realizada uma exposição de 30 quadros elaborados por estudantes da rede municipal de ensino de Vila Velha, intitulada "Justiça e Coragem". As pinturas contam um pouco da história do magistrado e da busca dele por justiça.

O sentimento de frustração pela demora do julgamento dos acusados de mando também é compartilhado pelo prefeito de Vila Velha, Rodney Miranda, que era secretário estadual de segurança pública na época do crime e idealizou a homenagem desta terça-feira.

"Mesmo aqueles que já foram condenados, a maioria já está solta. O condenado mesmo nessa história é o doutor Alexandre Martins, pai do juiz e o último familiar que lhe resta", protestou.

O juiz Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado no dia 24 de março de 2003, quando ia para uma academia de ginástica em Vila Velha. Na época, ele comandava investigações contra o crime organizado no Espírito Santo.

Os executores do crime - Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, e Giliard Ferreira de Souza - foram presos, julgados e condenados a mais de 24 anos de prisão. No entanto, Giliard conseguiu o direito de cumprir o restante da pena em liberdade e deixou o presídio. Já Lumbrigão cumpre pena em regime semiaberto.

Também foram condenados, como intermediadores do crime, os sargentos Heber Valêncio e Ranilson Alves da Silva; Fernandes de Oliveira Reis, o "Cabeção"; André Luiz Barbosa Tavares, o "Yoxito"; e Leandro Celestino dos Santos, o "Pardal". Desses, apenas Cabeção continua preso. Os demais já foram soltos ou cumprem pena em liberdade.

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