Polícia

“Só fui contida, não fui torturada”, diz travesti que arrancou orelha de carcereiro

O delegado Luiz Roberto Hellmeister, do 2° DP, disse que o carcereiro e a travesti viveram ‘uma verdadeira briga de rua’. A confusão teria acontecido no 2º DP

Ativistas questionam se Verônica não teria sido coagida a dar a declaração Foto: Reprodução Facebook

Um áudio que captou um depoimento feito pela travesti Verônica Bolina, de 25 anos, foi divulgado após acusarem os policiais de agressão. No áudio ela diz que ‘não foi torturada’, referindo-se às agressões que sofreu dentro do 2° Distrito Policial, no Bom Retiro, região central de São Paulo, depois de ter arrancado a orelha de um carcereiro a mordidas. 

“Só deixa eu explicar que todo mundo está achando que fui torturada pela polícia. Eu simplesmente agi de uma maneira que achava que estava possuída. Agredi os policiais e eles só agiram com o trabalho deles. Só fui contida, não fui torturada”, dizia no áudio. 

A gravação circula pela internet com a mensagem de grupos de amigos e ativistas que questionam se Verônica não teria sido coagida a dar a declaração. Segundo o boletim de ocorrência, ela foi presa no última domingo (12) depois de agredir uma idosa nos Jardins, também em São Paulo. Ela foi levada primeiro para o 78º DP e depois para o 2°DP, onde a confusão teria acontecido.

O delegado Luiz Roberto Hellmeister, do 2° DP, disse que o carcereiro e a travesti viveram ‘uma verdadeira briga de rua’. “Ela chegou aqui e não quis ficar na cela com os outros homens. Foi levada para um seguro (cela isolada), mas também não quis ficar. No momento em que estávamos fazendo um remanejamento, ela atacou o carcereiro e ele deu socos nela. Foi cena de briga de rua mesmo. Aqui é um lugar provisório e não temos celas específicas, como em um presídio”, contou.

A travesti ficou ser a peruca e com o roso machucado após a confusão Foto: R7

Na tarde da última quarta-feira o delegado ouviu o depoimento da travesti e relatou a versão dada por ela. "O que ela disse foi que estava possuída por um demônio. Ninguém arrancou o cabelo dela. Ela perdeu a peruca em algum momento e foi ela quem arrancou a própria roupa. O que ela levou foi soco do carcereiro", afirmou.

Uma amiga de Verônica, Yasmin Fernandes, que participa do grupo ‘Justiça para Verônica Bolina’ questionou essa confusão com a idosa e disse não entender como isso aconteceu. "Eles tiraram o aplique dela e a jogaram em uma cela com outros homens que começaram a fazer piadinha com ela. Tenho certeza que ela ficou com medo e reagiu. Um absurdo o que fizeram e o desrespeito com a figura dela, uma negra, travesti e garota de programa.  A Verônica faz programa no flat dela e todo o prédio é alugado por garotas de programa. Não entendi como uma idosa vai morar num lugar desses e ainda reclama do barulho. Toda a história está estranha ", disse.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o caso será investigado pela Corregedoria da Polícia Civil. Em nota, o órgão disse que "ela foi ouvida na tarde de quarta-feira e confirmou que, quando estava detida em uma cela, expôs a genitália e começou a se masturbar, o que provocou a revolta dos outros presos. Para conter a situação, um carcereiro entrou na cela para retirá-la, quando Verônica o atacou com uma mordida na orelha. O delegado esclarece que Verônica se machucou durante esses confrontos. O delegado esclarece que Verônica, por causa da sua condição sexual, pode solicitar uma sala separada do restante dos presos, mas que não houve esse pedido. Verônica permanece na delegacia de maneira provisória, até a destinação para uma unidade da Secretaria de Administração Penitenciária".  

Verônica deve ser transferida para um presídio em dois dias. Ela responderá por tentativa de homicídio por causa do espancamento da senhora e da agressão ao carcereiro.

Com informações do R7

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