Polícia

Casal foi visto em boate de strip-tease antes de assassinato em prédio de Jardim Camburi

Um dia antes do comissário de segurança do governo espanhol Jesús Figón, ter confessado o assassinato da esposa Rosemary Justino Lopes, o casal foi até uma boate de striptease

Casal teria ido a uma boate antes do crime Foto: Reprodução

Conforme seguem as investigações da Polícia Civil do Espírito Santo, um fato chamou a atenção. Um dia antes do comissário de segurança do governo espanhol Jesús Figón, de 64 anos, ter confessado o assassinato da esposa Rosemary Justino Lopes, de 50 anos, o casal foi até uma boate de striptease, localizada na Avenida Leitão da Silva, em Vitória.

A conclusão dos laudos da perícia que determinarão como aconteceu o crime. Investigadores disseram na tarde desta quinta-feira (14) que não acreditam que Figón tenha assassinado a esposa por legítima defesa.

Assim que o representante do governo espanhol se apresentou à polícia e disse que matou a esposa, a principal explicação do acusado foi de legítima defesa. Entre as afirmações do chefe da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), José Lopes, foi constatado que a cena do crime foi alterada, lavada com cloro e que o corpo da vítima foi transportado pelo assassino confesso.

Durante coletiva, Figón demonstrou arrependimento, mas se contradisse em depoimento Foto: Reprodução/TV Vitória

Sem especificar quais foram as mudanças, o chefe da DHPP disse que houve alterações entre o depoimento informal prestado ao delegado Adroaldo Lopes e o novo depoimento prestado formalmente nesta quinta-feira (14), na delegacia. Uma das mudanças do depoimento seria o horário da morte.

Para Adroaldo, Jesús teria dito que a morte aconteceu na madrugada da última terça-feira (12), mas exames da perícia indicam que o horário da morte tenha sido por volta das 23 horas de segunda-feira (11).

Vizinhos também falaram para a polícia que por volta das 23 horas da segunda-feira (11), foram ouvidos barulhos de briga e de objetos quebrados, o que corrobora a investigação da perícia.

O advogado de Figón, Walter Gomes Ferreira Júnior, informou a equipe de reportagem da TV Vitória/Record que o cliente se apresentou voluntariamente à delegacia, colabora e continuará colaborando com as investigações da polícia.

>> Primeiro caso no Brasil: não há precedentes de um homicídio cometido por um diplomata estrangeiro na história do Brasil. A afirmação é do delegado que acompanha o caso, Adroaldo Lopes. “Por meio de consultas que fiz na Polícia Federal, não há precedente de um crime desta natureza no Brasil. Nunca aconteceu de um diplomata envolvido em um crime de homicídio”, disse em entrevista.

>> Repercussão: o crime teve grande repercussão nos principais jornais da Espanha. O Governo espanhol comunicou, na tarde da última quarta-feira (13), que vai suspender a imunidade diplomática do comissário Jesús Figón, que confessou assassinar a esposa a facadas na última terça-feira em Jardim Camburi, em Vitória.

>> Quem é Jesús Figón: alto comissário da polícia espanhola, Jesús Figón, de 64 anos, era conselheiro de interior, trabalhava em Brasília e era responsável por mediar a investigação de crimes envolvendo cidadãos espanhóis em território brasileiro. Figón era casado há 30 anos com a mulher que confessou ter matado a facadas, Rosemary Justino Lopes, de 56 anos.

Figón morava na capital do Brasil há dois anos e oito meses, e tinha várias medalhas de condecoração pela polícia da Espanha. Antes de vir ao Brasil, Figón tinha o cargo máximo como chefe de polícia da cidade de Alcalá de Henares, que faz parte da província de Madrid.

>> Ameças: o comissário do governo da Espanha, Jesús Figón, de 64 anos, pediu para a Polícia Federal que fosse mandado de volta para Brasília, alegando ter sofrido ameaças em Vitória por parte de familiares da esposa, a cabeleireira Rosemary Justino Lopes. Adroaldo Lopes confirmou a informação. Porém, segundo ele, o acusado continua em solo capixaba.

>> Família ainda acredita em crime passional: De acordo com o irmão da vítima, Jorge Antônio Lopes, o acusado teria descoberto que a mulher mantinha um suposto relacionamento extraconjugal com o motorista do casal. De acordo com parentes de Rosemary, Figón costumava ir para a casa da família, no bairro Jardim Camburi, em Vitória, a cada dois meses. O irmão contou ainda que a vítima começou a ingerir bebida alcoólica depois de perder um filho.

>> Exclusivo: a equipe de reportagem da TV Vitória/Record conseguiu entrar com exclusividade no prédio em que  Rosemary Justino Lopes, de 56 anos, foi assassinada pelo diplomata do governo da Espanha, Jesús Figón. O local foi isolado pela Polícia Civil para perícia.

>> Penas diferentes: as diferenças entre o código penal para crimes hediondos no Brasil e na Espanha não são muito grandes, mas há alguns pontos que puderam ter peso na hora da decisão do assassino confesso de usar ou não a imunidade diplomática.

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