Polícia

Delegado descarta hipótese de mulher ter traído comissário espanhol com motorista

De acordo com Adroaldo Lopes, após confessar o assassinato da esposa, Jesús Figón pediu para chamar o motorista na delegacia. Os dois se abraçaram e choraram juntos

Rosemay foi assassinada pelo diplomata espanhol na madrugada de terça-feira Foto: Reprodução Facebook

O titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), delegado Adroaldo Lopes, descartou a possibilidade de a cabeleireira Rosemary Justino Lopes, de 50 anos, ter tido um relacionamento amoroso com o motorista. Ela foi assassinada, na madrugada da última terça-feira (12), pelo marido, o diplomata espanhol Jesús Figón, de 64 anos, no apartamento do casal, em Jardim Camburi, Vitória.

Logo após matar a esposa, o comissário do governo espanhol esteve na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde confessou o crime e prestou um depoimento informal ao delegado. Segundo Adroaldo, a primeira pessoa que Figón pediu para que ligassem foi justamente o motorista, de nome João. De acordo com o delegado, além de motorista, João fazia compras e pagamentos para o espanhol, enquanto ele trabalhava em Brasília.

"Quando o João entrou na sala, ele [Figón] o abraçou. Se tivesse alguma desavença, ele não abraçaria o João, não choraria no ombro do dele. Ainda mais uma desavença por traição. Então eu acho que isso não persiste. É uma falácia de quem aventou essa possibilidade", destacou Adroaldo.

O delegado lembrou ainda que o motorista acompanhou o comissário espanhol até o hotel onde passou a noite de terça para quarta-feira. "O João foi quem dormiu com ele, a pedido nosso, no hotel. Até para evitar que no meio da noite ele não tivesse um acesso de loucura e tentasse o suicídio", disse.

Alguns familiares de Rosemary chegaram a cogitar a possibilidade de o assassinato ter sido passional, motivado pela suposta traição. De acordo com um dos irmãos da vítima, Jorge Antônio Lopes, o acusado teria descoberto que a mulher mantinha o suposto relacionamento com o motorista.

"Dizem que ela mantinha uma relação, sim, com o motorista. Ele deve ter matado por ciúmes depois de ter descoberto, pois não tinha condição de matar a toa”, afirmou.

Rosemary e Jesús ficaram juntos por quase 30 anos Foto: Reprodução

Na conversa que teve com Adroaldo Lopes na terça-feira, Figón disse, segundo o próprio delegado, que agiu por legítima defesa, já que a esposa estaria alterada, por conta do uso excessivo de bebida alcoólica. De acordo com o titular da DHPM, o acusado disse que a mulher sofria de depressão, por conta da perda de um filho, e era alcoólatra. Os dois estavam juntos há quase 30 anos.

"Durante a madrugada eles tiveram uma discussão e, segundo o acusado, ela partiu para cima dele com uma faca. Ele tomou essa faca da mão dela e efetuou os golpes, que foram fatais", contou Adroaldo, na terça-feira.

Rosemary foi assassinada com três perfurações no tórax, causada por uma faca. A vítima ainda teria tentado se defender e, por isso, tinha machucados pela mão. O crime aconteceu na cobertura do prédio em que a vítima morava. Em seguida, o espanhol teria levado o corpo até uma suíte, onde o corpo foi encontrado pela polícia.

Jesús Figón esteve na DHPP, nesta quinta-feira, para prestar um novo depoimento à polícia, dessa vez de maneira formal. O comissário teve a imunidade diplomática suspensa pelo governo espanhol, na tarde de quarta-feira, a pedido do governo brasileiro. Com a decisão, ele vai responder ao processo judicial no Brasil. Durante a madrugada, a Justiça negou o pedido de prisão de Figón, feito pela Polícia Civil.

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