Imagens comprovam versão apresentada por espanhol que matou a esposa em Vitória

A polícia divulgou nesta segunda-feira (25) imagens de videomonitoramento do prédio em Jardim Camburi, Vitória, onde moravam o diplomata espanhol Jesús Figón, de 64 anos, e a cabeleireira capixaba Rosemary Justino Lopes, 50, e de um bar próximo ao condomínio. De acordo com o titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), delegado Adroaldo Lopes, as imagens comprovaram a cronologia dos fatos narrados pelo espanhol em depoimento à polícia.

O comissário da embaixada da Espanha se apresentou na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na manhã do dia 12 deste mês, e confessou ter matado a esposa pouco antes. Antes de ir à delegacia, Figón ligou para uma policial e um delegado aposentado, que o orientou a procurar a polícia.

De acordo com as imagens do condomínio onde Jesús e Rosemary moravam e onde aconteceu o crime, às 18h54 do dia 11 os dois saíram de casa, acompanhados de um cabeleireiro amigo de Rosemary, que prestava serviços em casa para ela. Segundo Adroaldo, Figón afirmou que nesse momento eles seguiram para uma reunião dos alcoólicos anônimos - o espanhol disse em depoimento que a esposa era alcoólatra.

Às 21h32, o carro do casal volta para o prédio. O espanhol sai sozinho do veículo e vai para a rua, onde fica andando de um lado para o outro à espera da mulher. Ela volta sozinha, andando descalça e com as sandálias na mão. Pelas imagens, é possível perceber que Jesús e Rosemary haviam tido um desentendimento, já que ela o empurra ao ser abordada pelo marido. Pouco depois, às 22h12, o espanhol sai para comprar cervejas em um bar localizado próximo ao condomínio.

Quase três horas depois, às 0h59 já do dia 12, os dois saem de carro novamente. Segundo Adroaldo Lopes, nesse momento eles vão comprar mais cerveja, em uma boate de striptease, localizada na Avenida Leitão da Silva. As imagens de segurança do estabelecimento não foram obtidas pela polícia porque a administração da casa noturna alegou que as câmeras não gravam, apenas transmitem. A comanda do estabelecimento mostrou que os dois gastaram R$ 90 no local.

Jesús e Rosemary voltaram para casa às 1h50. Esse é o último registro feito pelas câmeras do prédio de Rosemary com vida. Alguns vizinhos chegaram a relatar terem ouvido barulhos vindos do apartamento do casal por volta das 23 horas. A Polícia Civil chegou a considerar a hipótese de o crime ter sido cometido nesse horário, por conta da rigidez cadavérica do corpo de Rosemary na manhã do dia do crime.

Logo após o crime, Figón ligou para uma policial amiga dele, afirmando ter feito "uma coisa horrível" e que ela precisava ir ao local. A gravação da ligação também foi divulgada pela polícia. 

A policial chega ao prédio por volta das 7h20, acompanhada de uma amiga. Elas vão ao apartamento do casal e, minutos depois, saem correndo e entram no carro em que chegaram. Às 7h56, elas voltam ao local, dessa vez acompanhadas de um delegado aposentado. Em seguida, os quatro seguem para a DHPP.

Inquérito

Apesar de afirmar que as imagens comprovam a versão apresentada pelo espanhol, Adroaldo Lopes não acredita que o crime tenha sido cometido por legítima defesa, como alegou o acusado. Para o delegado, como Figón é policial e recebeu treinamento adequado, deveria ter utilizado outro método para desarmar Rosemary que não pusesse em risco sua integridade física.

De acordo com o titular da DHPM, resta apenas o depoimento do cabeleireiro amigo de Rosemary, que esteve com o casal horas antes do crime, para que o inquérito seja concluído. O delegado disse que tem até o próximo dia 11 para concluir o documento.

Confira as imagens divulgadas pela polícia:

Casal sai para reunião dos Alcoólicos Anônimos

Jesús Figón vai a bar ao lado do prédio comprar cervejas

Casal vai a boate comprar mais cervejas e retorna ao prédio onde ocorreu o crime