Polícia

Peritos recolhem sangue de mulher morta por diplomata espanhol durante o velório

Segundo a Polícia Civil, o procedimento é normal e foi feito porque, no momento da necrópsia, o médico legista não achou necessário fazer a coleta, já que a causa da morte era conhecida

Velório de Rosemary aconteceu em uma igreja evangélica em Bela Vista, Cariacica Foto: TV Vitória

Assassinada pelo próprio marido, o diplomata espanhol Jesús Figón, de 64 anos, a cabeleireira Rosemary Justino Lopes, de 50 anos, foi sepultada na tarde desta quarta-feira (13). O enterro aconteceu no cemitério municipal de Nova Rosa da Penha, em Cariacica.

Desde terça-feira (12), dia do crime, ela estava sendo velada em uma igreja evangélica no bairro Bela Vista, no mesmo município. Muitos parentes e amigos da vítima estiveram no local para prestar a última homenagem à cabeleireira.

No entanto, um fato que chamou a atenção dos presentes no velório foi a presença de peritos da Polícia Civil, que foram ao local recolher uma amostra de sangue de Rosemay. 

A PC informou, por meio de nota, que, de acordo com o responsável pelo Departamento Médico Legal, Gervásio Ambrosim, o procedimento foi feito porque, no momento da necrópsia, o médico legista estava com a causa da morte esclarecida e não achou necessário colher o sangue. No entanto, ainda segundo a Polícia Civil, para demais exames, foi necessária a coleta. A PC ressaltou, entretanto, que trata-se de um procedimento normal.

Rosemary foi morta na madrugada de terça-feira pelo marido, o conselheiro da embaixada espanhola no Brasil, Jesus Figón. Ele confessou o crime. O assassinato aconteceu na cobertura de um prédio em Jardim Camburi, bairro nobre da capital capixaba. 

Segundo a família da vítima, a filha de Rosemary e de Jesús, Maria do Carmo Lopes Figón, de 23 anos, e o irmão dela, filho de Jesús, chegaram a fretar um voo para o Brasil. No entanto, eles não chegaram a tempo de acompanharem o velório, nem o enterro. Os dois moram na Espanha.

Sobre o crime, um dos irmãos de Rosemary, o vendedor Elias Lopes, preferiu não dar declarações. Ele disse, no entanto, que acredita que Jesús possa ter perdido o controle durante uma briga de casal. Apesar do assassinato, ele acredita que perdoará o cunhado.

"Estou igual a vocês [jornalistas], querendo saber o que aconteceu com eles. O que houve para chegar a esse ponto. Porque é conversando que se entende. Conversei com ele na delegacia, mas entrei em poucos detalhes porque ele estava muito nervoso e eu também estava. Para não ter problema, foi até bom a gente se afastar um pouco porque a pessoa pode falar o que não quer e escutar o que não quer", frisou o vendedor.

Tragetória

Pessoas próximas dizem que Rosemary e Jesús sempre se deram muito bem Foto: Reprodução

Rosemary Justino Lopes nasceu em Cariacica, no dia 30 de julho de 1964, e morou a infância inteira no bairro Bela Vista. Ela se casou cedo, aos 13 anos, com o aposentado Alcides Priscilius, com quem teve uma filha. Mas a menina faleceu após o parto. Mesmo separados, os dois continuaram amigos.

De acordo com a família, depois da morte do bebê, aos 17 anos, Rosemary se separou e conheceu outro rapaz, mudando-se para o Uruguai. Mas o novo relacionamento também não deu certo e ela resolveu ir para a Espanha, onde encontrou Jesús Figón, homem que ela considerava o grande amor da vida.

Rosemary e Jesús viveram juntos por 30 anos. Os dois tiveram duas filhas: a primeira morreu aos 8 meses de vida. Já a segunda é Maria do Carmo. 

A família sempre morou na Espanha, mas Rosemary queria voltar ao Brasil para cuidar da mãe, que estava doente. Jesús conseguiu ser transferido em 2012, mas a sogra já havia falecido. Segundo o irmão, uma série de tragédias na família fez com que Rosemary sofresse de depressão.

"Ela perdeu o neném e daí já não se recuperava. Depois perdeu o meu irmão, o meu pai, o sobrinho, a mãe . E isso só foi gerando essa bola de neve que aconteceu", disse Elias Lopes.

Para ficar perto dos parentes, o casal resolveu morar em um apartamento em Jardim Camburi, onde ocorreu o crime. Rosemary retomou a profissão de cabeleireira. Já Jesús vinha pouco em casa e os vizinhos nunca relataram brigas. Mas, segundo outro irmão de Rosemary, o gerente de fazenda Jorge Antônio Lopes, a mulher bebia muito e teria um caso extraconjugal, o que teria motivado o crime.

"Faz uns oito anos que ela bebe muito. Depois que perdeu os filhos ela entrou em depressão. Ela reclamava muito que sentia saudade da criança e que tinha problema. Era meio complicado ele [Figón] com o motorista dela. Ela bebia e ficava 'zoando' muito dentro de casa. Dizem que ela mantinha uma relação, sim, com o motorista. Ele deve ter matado por ciúmes depois de ter descoberto, pois não tinha condição de matar a toa", afirmou o irmão da vítima.

No entanto, para Elias e um sobrinho de Rosemary, Jackson Novaes, a história não faz sentindo, já que o casal sempre se deu muito bem. "O relacionamento dela com os familiares e com o marido era totalmente amigável. Não tinha discussões nem mesmo por telefone", disse Jackson. 

"Ele era um cara extremamente apaixonado por ela, sempre fez as vontades dela. Isso todo mundo sabe, todo mundo viu", completou Elias. 

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