Polícia

Polícia vai pedir imagens de boate onde espanhol teria sido visto com a mulher antes de matá-la

Elas podem esclarecer se Jesús Figón e Rosemary Justino estiveram no local e se o fato pode contribuir para a conclusão das investigações sobre o assassinato da cabeleireira

Jesús Figón prestou depoimento na DHPP na quinta-feira Foto: TV Vitória

O titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), delegado Adroaldo Lopes, que investiga o assassinato da cabeleireira Rosemary Justino Lopes, cometido pelo marido dela, o comissário do governo espanhol, Jesús Figón, vai pedir as imagens de segurança do entorno de uma boate de striptease localizada na Avenida Leitão da Silva, em Vitória. Testemunhas disseram ter visto o casal no estabelecimento na noite anterior ao crime.

Em depoimento à polícia na quinta-feira (14), o espanhol teria confirmado a presença no local. Imagens de segurança localizadas em frente ao estabelecimento podem esclarecer à polícia se eles estiveram de fato no local e se esse fato pode contribuir para a conclusão das investigações.

Rosemary Justino foi morta a facadas na madrugada da última terça-feira (12), em um apartamento em Jardim Camburi, em Vitória. Jesús Figón se apresentou a polícia na manhã do mesmo dia e confessou o assassinato. Ele, no entanto, alegou ter agido em legítima defesa, já que a mulher estaria descontrolada e teria o ameaçado com a faca.

A polícia investiga a versão apresentada pelo acusado, já que foram encontradas três perfurações na região do tórax da mulher, além de escoriações nos braços, que podem ter sido provocados no momento em que a mulher tentava se defender. 

Segundo José Lopes, o comissário espanhol alterou a cena do crime e pode ter mentido sobre a hora do crime Foto: TV Vitória

A polícia contesta ainda o horário do crime declarado por Figón, que disse que tido aconteceu por volta das 6 horas. Pelas análises feitas pela perícia, a hipótese mais provável é de que o assassinato tenha ocorrido por volta das 23 horas, devido à rigidez do cadáver.

"Nós encontramos um corpo que o perito disse que estava morto há cerca de 12 horas. Mas ele [o acusado] alega que o crime aconteceu às 6 horas. Então o fato não é compatível com o que ele alegou. Inclusive a vizinhança disse que o barulho de bater porta aconteceu por volta das 23 horas, hora mais ou menos que a gente acredita que aconteceu o crime", ressaltou o delegado José Lopes, chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Segundo o chefe da DHPP, o diplomata espanhol alterou a cena do crime, limpando as manchas de sangue com produtos de limpeza. No apartamento do casal, os policiais encontraram manchas de sangue e sentiram cheiro de cloro.

"Nós entramos e logo sentimos cheiro forte de cloro no local. Fomos até a cozinha e vários vestígios de sangue já chamaram nossa atenção, sendo que a gente já tinha a infomação de que o corpo estava no andar de cima. Subimos a escada e vimos manchas de sangue. Quando chegamos à sala de televisão, no andar de cima, vimos uma mancha enorme de sangue no sofá, dando a entender que o crime ocorreu naquele local, onde a vítima possivelmente estava deitada. E encontramos a faca utilizada no crime perto do local", disse José Lopes.

A polícia chegou a pedir a prisão preventiva de Figón, mas a Justiça negou. Em sua decisão, o juiz Antônio Côrtes da Paixão, alegou que o comissário espanhol não pode ser preso preventivamente, uma vez que a renúncia diplomática do governo da Espanha é limitada. Isso significa que ele pode ser processado pela Justiça brasileira, mas a pena terá que ser executada pela Espanha.

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