Polícia

Falta de material no DML impede exame em vítimas de estupro no Espírito Santo

Produto está em falta desde fevereiro e somente com o resultado do exame a Justiça poderia acatar a denúncia e dar prosseguimento aos processos

Adolescente sofreu o abuso no final de março e ainda aguarda o resultado do exame de DNA Foto: TV Vitória

Uma adolescente de 14 anos, vítima de estupro, aguarda a chegada de um reagente para que a Polícia Civil consiga fazer o exame de DNA, que comprovaria a existência do crime. No entanto, o produto está em falta desde fevereiro e somente com o resultado do exame a Justiça poderia acatar a denúncia e dar prosseguimento ao processo. 

A vítima alega que foi estuprada no dia 28 de março. A partir daí, a adolescente precisou de acompanhamento com psicólogos e assistentes sociais para tentar diminuir o trauma.

"Ela disse que estava com uma colega de 12 anos, que falou que conhecia o rapaz. Minha filha disse que não queria carona, mas parece que a menina abriu a porta e empurrou ela para dentro do carro. Ele saiu do local e levou elas para um lugar deserto e consumou o fato", contou a mãe da jovem.

A mãe da adolescente procurou a polícia e registrou ocorrência na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), em Vitória. Mas o processo está parado por conta da falta do exame de DNA. A adolescente já se submeteu ao procedimento há meses, mas o resultado ainda não saiu. Segundo a família, o Estado alega que um dos reagentes necessários está em falta.

"A Justiça não tem como fazer a denúncia sem o DNA. A DPCA já fechou o inquérito e só falta isso. Só que para mim alegaram que não tem o reagente desde fevereiro. O que minha filha precisa é do exame de DNA, para que esse processo vá para frente", protestou a mãe.

Revoltada, ela denuncia que a filha não é a única a viver esse problema. "Fiquei sabendo que tem uma outra mãe que está há seis meses esperando o resultado de DNA, por causa de um crime também. E o Estado não está nem aí", desabafou.

O superintendente de Polícia Técnico-Científica do Espírito Santo, delegado Danilo Bahiense, admite a falta da substância, mas garante que o problema será solucionado rapidamente.

"Houve uma falha na entrega do material, por parte do laboratório, que entregou praticamente todo o material. Mas faltou um insumo, inclusive um insumo muito barato. A quantidade era pequena e o insumo custava menos de R$ 700, mas acabou não chegando. Isso nos atrapalhou. Tivemos que pedir novamente, mas eles não tinham o insumo para entregar. Quando tiveram, entregaram e, na semana passada, esse material chegou. Até o final desta semana nós devemos estar com todos os exames concluídos", disse o delegado.

Para a família da adolescente, que teve a vida transformada pelo crime e sonha ver o suspeito na cadeia, fica a sensação de que elas foram vítimas de mais uma violência.

"[Eles dizem] Denunciem o abuso, denunciem exploração sexual de menor, criança, adolescente. Mas para que denunciar? Fico envergonhada com o Estado. A gente paga tributos. Mas eu olho para minha filha e vejo choro, medo, abandono do Estado. Estamos presos enquanto ele [o criminoso] está solto. Tenho que levar e buscar minha filha na escola. Ela não tem mais lazer. Eu me sinto como? Mutilada", lamentou.

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