Menor que confessou ter matado vendedor é suspeito de participar de assalto a oficina em Vitória
A roupa foi o que levou a polícia a identificar o adolescente como sendo o mesmo que atirou contra um funcionário da oficina, em Jardim Camburi, uma semana antes do latrocínio
O adolescente, de 16 anos, que confessou ter assassinado o representante comercial Alecsandro José da Silva, de 36 anos, na última segunda-feira (27), durante um assalto no Bairro de Fátima, na Serra, foi apontado pela polícia como autor de outro crime, ocorrido na semana passada, em Jardim Camburi, Vitória. O menor é suspeito de ter participado de um assalto a uma oficina mecânica, no qual um funcionário foi baleado e outras vítimas foram feitas reféns.
Uma muda de roupa foi o que levou a equipe da Delegacia Patrimonial a identificar o adolescente como sendo o mesmo que atirou contra o funcionário da oficina, exatamente uma semana antes do assassinato do representante comercial. Nas imagens de videomonitoramento da oficina, é possível notar a roupa que ele usa: calça jeans, com uma mancha na perna esquerda, e camisa amarela.
No momento em que foi apreendido, na segunda-feira, ele vestia a mesma roupa. O delegado Jordano Bruno Gasperazzo, responsável pelo caso, uniu essa coincidência às características dos dois crimes.
"Ele visava, nessa ação criminosa, uma caminhonete do modelo Hilux. Ele agia junto com um comparsa e utilizava-se de uma arma de fogo, ao que a gente apurou até o momento era um revólver. Nós convidamos as vítimas, acreditando que ele poderia ter envolvimento [no crime] - ele foi submetido a um reconhecimento direto de pessoa - e as vítimas o reconheceram categoricamente como sendo o jovem que aparece nas imagens", ressaltou o delegado.
A primeira tentativa de roubo aconteceu no último dia 20. O adolescente chegou a uma oficina de Jardim Camburi, acompanhado de um comparsa. Eles foram recebidos pelo filho do dono do estabelecimento e pela madrasta dele.
As imagens de videomonitoramento da oficina mostra que eles conversam brevemente. Em seguida, o menor saca um revólver, anuncia o assalto e leva o rapaz até os fundos do estabelecimento.
Outra câmera registra o momento em que o adolescente começa a agredir o refém. O adolescente se altera, dá coronhadas no rapaz e acaba disparando contra ele. O criminoso aparentemente mira na cabeça, mas a vítima consegue abaixar e o tiro pega em sua mão.
"O cara estava sempre perguntando 'cadê o negócio, a gente quer o negócio, pega para a gente, o negócio está na caminhonete'. Foi para a caminhonete e começou a revirar ela todinha e agredir ele [o funcionário baleado]. Quando viu que não tinha nada, deu o disparo. Ele abaixou e [o tiro] pegou na mão e de raspão na nuca", contou um mecânico colega da vítima, que presenciou a ação.
Roubo de caminhonete
De acordo com a polícia, o verdadeiro objetivo da dupla era levar uma caminhonete Toyota Hilux, que foi estacionada no local minutos antes. No entanto, eles não conseguiram roubar o veículo e acabaram fugindo em um carro preto, também roubado.
Os criminosos não desistiram e tentaram roubar outra caminhonete do mesmo modelo, uma semana depois, quando ocorreu o latrocínio que vitimou Alecsandro. A abordagem aconteceu logo depois que o carro foi estacionado, próximo a uma churrascaria no Bairro de Fátima.
As imagens de videomonitoramento mostram que a esposa da vítima consegue desembarcar enquanto o vendedor, que dirigia o carro, tira as duas filhas do banco de trás e volta para impedir que o veículo seja levado. O assalto é frustrado e, mais uma vez, o adolescente atira contra a vítima que, dessa vez, não consegue escapar do disparo. Alecsandro morreu na hora.
A suspeita da polícia é que o adolescente faça parte de uma quadrilha especializada em roubo e receptação de veículos. Ele foi apreendido em flagrante pelo crime cometido em Bairro de Fátima e, ainda nesta semana, o titular da Delegacia Patrimonial deve encaminhar à Justiça a solicitação de apreensão dele pelo crime de Jardim Camburi.
As investigações, no entanto, ainda não estão encerradas, segundo a polícia. Agora, a Patrimonial segue com o trabalho, em parceria com a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV).
"Nós vamos procurar detectar as ocorrências e os inquéritos similares, envolvendo veículos com as mesmas características, e vamos convidar as vítimas a procederem com o reconhecimento. Nós acreditamos que outros casos serão solucionados em relação a esses dois indivíduos", destacou Gasperazzo.
Segundo o delegado, o menor tem passagens pela Justiça desde os 14 anos. Ele já foi detido por tráfico de drogas, porte ilegal de arma e receptação. O adolescente já esteve internado no sistema socioeducativo por duas vezes, mas continua envolvido com o mundo do crime.
De acordo com o Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), o menor ainda está no Centro Integrado de Atendimento Socioeducativo (Ciase), onde aguarda decisão judicial, que deverá determinar o seu encaminhamento para uma das unidades de internação do instituto. Ainda segundo o Iases, o tempo de internação cabe à decisão judicial proferida.
A polícia também busca identificar o comparsa do adolescente, que ele afirma ser maior de idade. O suspeito continua foragido. Quem tiver qualquer informação que ajude a polícia a chegar até o acusado deve entrar em contato com o Disque-Denúncia, pelo telefone 181. Não é preciso se identificar.
