Polícia

Pai de menino assassinado em Cachoeiro teria sugerido que madrasta mentisse

A informação é do delegado Guilherme Eugênio, responsável pelo caso. Ele disse que Eliú Neves admitiu ter orientado a mulher a contar que o menino tinha se afogado

Samuel foi morto na noite do último sábado Foto: Arquivo Pessoal

O pai do menino Samuel Macedo Neves, de 3 anos, assassinado na noite do último sábado (04) em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, teria sugerido que a madrasta da criança mentisse sobre a causa da morte. A informação é do delegado Guilherme Eugênio, da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Cachoeiro, responsável pelo caso. Juliana Vicente Pereira, de 25 anos, foi presa na manhã de segunda-feira e confessou ter asfixiado o menino até a morte.

O crime aconteceu no momento em que Juliana dava banho na criança, em uma casa no bairro Nova Brasília. Inicialmente, a acusada alegou que Samuel morreu afogado ao ficar com a cabeça dentro de um balde cheio de água. 

No entanto, segundo Guilherme Eugênio, a perícia não constatou água no pulmão do garoto e verificou indícios de que ele teria sido morto por asfixia mecânica, provocada pela ação de outra pessoa. Além disso, segundo o delegado, a criança possuía diversas lesões na cabeça, nas costas e nos braços. Em novo depoimento, a madrasta acabou confessando o crime.

De acordo com o delegado, o pai da criança, Eliú Rosa Neves, já sabia que a mulher tinha assassinado o filho. Eliú foi ouvido pelo delegado mais uma vez, na noite de segunda-feira, e confessou ter orientado Juliana a contar para polícia que o menino tinha se afogado no balde. 

O titular da DCCV de Cachoeiro, no entanto, disse que, a princípio, o pai não será responsabilizado pelo crime, já que não há comprovação de que ele poderia ter evitado a morte da criança. "Se for comprovado que o pai tinha condições de evitar que o crime acontecesse, ele poderá responder por omissão. Mas, a princípio, acreditamos que ele só teve conhecimento da morte do menino após o fato acontecer", destacou.

Morte pode ter sido proposital

Guilherme Eugênio teve acesso às fotos do corpo da criança e disse ter ficado surpreendido com a gravidade das lesões. Ele acredita que os ferimentos podem indicar que a morte não foi acidental.

"A Juliana disse que a criança estava muito agitada e, por isso, a segurou com muita força. Só que ela alega que não mediu a força e que não percebeu que estava matando o menino. Só que, verificando as fotos do corpo da criança, percebi alguns ferimentos na parte de dentro da boca e no nariz. Parece que a boca da criança foi pressionada contra os dentes. Se conseguirmos comprovar que a madrasta obstruiu as vias aéreas da criança, ela não poderá alegar que a morte foi acidental, já que ninguém tapa o nariz e a boca de outra pessoa sem querer", ressaltou o delegado.

Além disso, segundo o delegado, o pai de Samuel recebeu algumas ligações da madrasta, no dia do crime, nas quais ela reclamava do comportamento da criança. "Ele narrou que, durante o dia todo, recebeu ligações da Juliana dizendo que o Samuel tinha vomitado na cara dela e puxado o pé do neném de seis meses, que é filho dela. Portanto, ela já demonstrava irritação com a vítima no dia do crime", frisou.

O delegado ressaltou que as investigações ainda estão no início e que a polícia vai buscar elementos para tentar chegar o mais próximo possível da verdade. Ele disse que a acusada deverá ser ouvida novamente na fase final do inquérito.

"Acredito que ela não contou toda a verdade durante o depoimento. Ainda vamos ouvir familiares, bombeiros e o Conselho Tutelar, para obtermos mais detalhes. Além disso, vou solicitar à perícia mais detalhes sobre o laudo. Estou reunindo elementos o suficiente para que ela não tenha saída e diga toda a verdade".

Maus tratos

Samuel Macedo morava com a avó materna em Atílio Vivácqua, também no sul do Estado, e estava passando um período na casa do pai, em Cachoeiro. Os pais dele eram separados e, por autorização do Conselho Tutelar, a criança passava alguns dias com o pai e a madrasta. 

Segundo a polícia, a família de Samuel tinha registrado queixas sobre maus tratos ao menino. A avó contou que todas as vezes que ele ficava com os dois, voltava com marcas de violência no corpo. Mesmo assim, o Conselho Tutelar teria autorizado que ele continuasse na companhia do pai e da madrasta.

"[Os casos de maus tratos] foram narrados pela família do Samuel. E o Conselho Tutelar de Atílio Vivácqua registrou um evento de violência entre o pai, a madrasta e a criança. Mas ainda não temos provas concretas dos fatos", disse.

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