Polícia

Sexto dia de julgamento começa com interrogatório dos réus

O Júri Popular prossegue pelo menos até o próximo domingo, dia 30, quando deverá ser proferida a sentença final. Acredita-se que os depoimentos dos réus serão ainda mais longos

Os trabalhos tiveram início na última segunda-feira Foto: Divulgação

Na manhã deste sábado (29) teve início o sexto dia do júri dos acusados de serem os mandantes da morte do juiz Alexandre Martins de Castro Filho. Neste sábado, acontece o interrogatório dos réus.

De acordo com denúncias do Ministério Público Estadual (MPES, o coronel aposentado da Polícia Militar, Walter Gomes Ferreira, e o ex-policial civil, Claudio Luiz Andrade Baptista, o Calú, são os mandantes do crime. 

O Júri Popular prossegue pelo menos até o próximo domingo, dia 30, quando deverá ser proferida a sentença final.  Acredita-se que os depoimentos dos réus serão ainda mais longos do que os das testemunhas.

Como houve caso de oitivas com mais de cinco horas de duração, é provável que o dia de sábado seja apenas para ouvir os réus. Os debates entre acusação e defesa só devem acontecer no domingo (30) e devem durar, no mínimo, nove horas.

Os trabalhos tiveram início na última segunda-feira e, até a última sexta-feira (28), a segurança teve que retirar cinco pessoas que estavam no salão do júri portando indevidamente celular. É determinação do juiz que ninguém entre no recinto com aparelhos eletrônicos e nem com celulares desligados. A segurança do júri não tem autorização para guardar telefones e nem bolsas.

Na sexta-feira, Os trabalhos começaram mais cedo do que os dos dias anteriores. Antônio Franklin Cunha começou a ser ouvido pouco antes das 9 horas. Nos outros dias, eles começaram por volta das 10 horas. O juiz Marcelo Soares Cunha, que preside o júri, decidiu antecipar o início do depoimento para as 8 horas, na tentativa de agilizar os trabalhos e avançar para a fase final do julgamento. 

A movimentação no Cineteatro da Universidade Vila Velha (UVV), em Boa Vista, também foi maior nesta sexta, em relação aos quatro dias anteriores. As senhas começaram a ser distribuídas mais cedo e o auditório da universidade teve um público muito maior.

Antônio Franklin foi ouvido por mais de quatro horas. O advogado foi contratado por Alexandre Martins de Castro, pai do juiz assassinado, para atuar como assistente de acusação. No entanto, logo no início do processo, Cunha largou o caso e escreveu uma carta, anexada ao processo, afirmando que o crime era um latrocínio.

Primeiros dias
Nos quatro primeiros dias de julgamento, foram ouvidas as testemunhas arroladas pelo MPES e pelas defesas do coronel Ferreira e de Calu. No primeiro dia do júri, na segunda-feira, quem prestou depoimento foi o juiz Carlos Eduardo Ribeiro Lemos, que era amigo de Alexandre Martins e trabalhou com o magistrado durante dois anos.

Na terça, foram ouvidos o delegado Danilo Bahiense, chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na época do assassinato do juiz; o coronel Júlio César Lugato, ex-comandante da Polícia Militar do Espírito Santo; coronel Carlos Augusto de Oliveira Ribeiro, ex-diretor do Clube dos Oficiais; Neucimar Fraga, que era deputado federal e integrou a Comissão de Segurança da Câmara, que teve uma sessão especial sobre a morte de Alexandre Martins; e o coronel Luiz Sérgio Aurich, que foi chefe da Casa Militar. 

Já na quarta, foram ouvidos os dois condenados por executarem o juiz Alexandre: Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, e Giliarde Ferreira. E na quinta, as testemunhas foram o delegado André Luiz Cunha, que atuava na Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) na época do crime, e Mauro Juarez Nadvorny, perito criminal especialista em análise de voz, que garantiu que todos os suspeitos de envolvimento no assassinato do juiz disseram a verdade ao afirmarem que o crime foi latrocínio.

O crime
Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado na porta de uma academia de ginástica em Itapoã, Vila Velha, no dia 24 de março de 2003. Na época, ele comandava investigações contra o crime organizado no Espírito Santo. 

Os acusados de serem executores do crime - Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, e Giliard Ferreira de Souza - foram presos, julgados e condenados a mais de 24 anos de prisão. Também foram condenados, como intermediadores do crime, os sargentos Heber Valêncio e Ranilson Alves da Silva; Fernandes de Oliveira Reis, o "Cabeção"; André Luiz Barbosa Tavares, o "Yoxito"; e Leandro Celestino dos Santos, o "Pardal". 

Durante todos esses anos, o processo se arrastou nos tribunais do Espírito Santo porque, além dos inúmeros recursos apresentados pela defesa dos acusados de serem os mandantes do crime, nove juízes foram considerados impedidos de julgarem o caso. Eles alegaram ter algum tipo de relação com uma das partes - ou réu ou vítima - e, por esse motivo, o julgamento poderia ser considerado sem validade.

O outro apontado pela polícia como mandante do assassinato é o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira, que ainda aguarda a tramitação de recursos junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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