Polícia

Empresário e servidor público são presos suspeitos de integrarem quadrilha que falsificava documentos em Aracruz

Acusados foram presos em Aracruz e na Serra. Segundo a polícia, organização fornecia identidades falsas a foragidos da Justiça que agiam no município do norte do Estado

Prisões foram realizadas por policiais civis de Aracruz Foto: Divulgação

Uma organização criminosa suspeita de emitir documentos falsos para criminosos foi presa nesta terça-feira (27), em Aracruz, no norte do Estado. Entre os integrantes do grupo está um empresário e um servidor público do município. Uma funcionária de um cartório da região também é suspeita de participar do esquema e está foragida.

De acordo com a polícia, os criminosos falsificavam certidões de nascimento e carteiras de identidade. O crime, segundo as investigações, ocorria desde o início de 2013. Os documentos eram vendidos a foragidos da Justiça, que agiam em Aracruz e região, por valores que variavam entre R$ 1,5 mil e R$ 8 mil.

Segundo a polícia, até o presente momento não é possível precisar o número de identidades falsas que foram negociadas no período de meados de 2013 até outubro de 2015, já que algumas certidões eram emitidas sem haver adulteração dos livros, valendo-se de registros de pessoas mortas.

De acordo com as investigações, tal organização possuía membros infiltrados tanto na Policia Civil quanto em um Ofício de Registro Civil e Tabelionato de Notas e em um escritório de advocacia onde vários advogados da região da Grande Vitória atendiam.

Prisões

Márcio foi preso na Serra Foto: Reprodução

Foram presos em Aracruz o servidor da prefeitura, Wagner Muniz, e o filho dele, Marcos Lopes. Os dois foram detidos na casa em que moravam, no Bairro de Fátima. Já o empresário Márcio do Carmo Nogueira foi preso em Laranjeiras, na Serra. Segundo a polícia, o suspeito, também conhecido como Márcio do Supletivo, já responde a processo criminal por crimes do gênero.

A funcionária de um cartório de Ofício de Registro Civil e Tabelionato de Notas, em Coqueiral de Aracruz, Jeane Devens Alvarenga, continua sendo procurada pela polícia. No entanto, os policiais civis do município cumpriram mandados de busca no cartório, onde foram apreendidos diversos livros nos quais, segundo a polícia, foi possível verificar adulterações de registros de nascimento. 

Quatro pessoas já estavam presas suspeitas de envolvimento no mesmo esquema: Weverson da Rocha Bento, Vicado Costadura, Vanderson Gonçalves Pereira e Tiago Reis dos Santos. A polícia divulgou ainda a imagem de pessoas que estão soltas, usando nomes falsos. Quem tiver qualquer informação sobre essas pessoas deve entrar em contato com o disque-denúncia, pelo telefone 181. Não é preciso se identificar.

Esquema

O titular da Delegacia de Infrações Penais e Outras (Dipo), da 13º Delegacia Regional de Aracruz, delegado Ricardo Monteiro de Toledo, responsável pelas investigações, destacou que os registros de nascimento e as certidões eram verdadeiras, inclusive com laudos periciais atestando a veracidade de tais documentos.

Polícia descobriu como funcionava o esquema da quadrilha para fornecer documentos falsos Foto: Reprodução

O delegado explicou ainda como funcionava o esquema. Segundo ele, o empresário Márcio do Carmo Nogueira possuía um escritório onde ele oferecia cursos profissionalizantes e serviços de consultoria jurídica. No local vários advogados realizavam atendimento. De acordo com as investigações, o empresário era encarregado de contactar os compradores dos documentos falsos.

Por sua vez, a funcionária do cartório, Jeane Alvarenga, era quem confeccionava as certidões de nascimento, segundo a polícia. Em seguida, essas certidões seriam entregues a Wagner Muniz, servidor municipal de Aracruz cedido ao serviço de identificação da Polícia Civil.

De posse das certidões, Wagner fazia a coleta de digitais, o preenchimento de fichas cadastrais e a juntada dos demais documentos. Em seguida, ele enviava todo o material para o Instituto de Identificação da Polícia Civil, em Vitória, que emitia as carteiras de identidade.

O esquema foi descoberto após diversas prisões de criminosos com identidades falsas. De acordo com o delegado, policiais mais antigos começaram a estranhar por conhecer os detidos, que estavam usando nomes falsos. Interrogados, os acusados acabaram confessando que tinham comprado a nova identidade. 

Ricardo Monteiro destacou que, graças à identidade falsa, um condenado a quase 80 anos de prisão não possuía qualquer crime em seu nome. Com isso, foi aberta uma investigação para apurar a procedência dessas identidades falsas. 

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