Polícia

Família perde R$ 1,5 mil após cair em 'golpe do hospital' em Vitória

Segundo a polícia, golpista entra em contato com familiares de pacientes da Associação dos Funcionários Públicos, diz que é médico e pede que seja feito depósito para a realização de exames

Vítima são familiares de pacientes internados no hospital da Associação dos Funcionários Públicos do Estado Foto: Divulgação

Familiares de pacientes internados no hospital da Associação dos Funcionários Públicos do Espírito Santo, em Vitória, têm sido alvo de golpistas, que estariam se aproveitando da preocupação das vítimas com seus entes queridos para conseguir dinheiro. Segundo a denúncia recebida pela polícia, um falso médico pede que familiares façam depósitos financeiros para que pacientes possam realizar exames.

Somente uma das vítimas conta que perdeu R$ 1,5 mil com o golpe. A cuidadora escolar Jurema Vitoriano acreditava que o valor garantiria a realização de sete tomografias para o pai, internado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do hospital. 

Segundo ela, o depósito foi feito em dinheiro, logo depois de receber o telefonema de um homem que dizia que era médico e que a família já estava ciente de que o paciente precisaria do exame. Após depositar o dinheiro, Jurema descobriu que havia sido vítima de um golpe. Ela conta que pretendia usar o dinheiro para pagar o tratamento de seus dentes.

"Uma pessoa ligou para minha residência, se passando por médico da Associação dos Funcionários Públicos. Nós depositamos essa quantia e viemos para o hospital. Quando chegamos, descobrimos que era fraude. A minha mãe não tinha [o dinheiro]. Quem tinham era eu, que era para o meu dentista", lamentou.

Na última terça-feira (19), três famílias de pacientes internados no CTI da Associação dos Funcionários Públicos receberam o mesmo telefonema. Segundo as vítimas, um homem se apresentava como o médico Paulo Pacheco, dizia que estava acompanhando a situação dos pacientes e pedia que os familiares fizessem depósitos para a realização de tomografias. Além do nome completo e dados pessoais, o suposto médico ainda passava, por telefone, informações sobre o quadro clínico do internado, o que acabou convencendo as famílias.

O aposentado Carlos Alberto Siqueira conta que também recebeu um telefonema, pelo celular, do falso médico contando a mesma história. Segundo ele, a chamada registrada em seu aparelho possui o DDD de Mato Grosso do Sul e o golpista pediu para que ele depositasse R$ 2,5 mil.

O aposentado conta que chegou a sacar o dinheiro, mas depois percebeu que poderia estar caindo em um golpe. Ele foi até a associação e, no local, confirmou suas suspeitas. "Era para eu fazer um depósito de R$ 2,5 mil. Eu falei 'com certeza, vai sair agora'. Quando eu cheguei no banco e saquei o dinheiro, me deu um 'estalo' e eu falei 'isso é um golpe'", contou.

Para o aposentado, os dados dos pacientes foram passados para os golpistas por alguém de dentro do hospital. "Segundo algumas pessoas, isso pode ser informações que eles [funcionários] estão dando. Tem alguém dando informação. Como eles [golpistas] poderiam saber o nome da minha mãe, que ela iria fazer uma tomografia e que ela estava no CTI?", questionou.

A diretoria da associação chegou a divulgar um comunicado, alertando pacientes e familiares sobre o golpe. O advogado da instituição, Gustavo Stefenoni, afirma que está prestando todos os esclarecimentos à polícia. "Nós encaminhamos essas pessoas para a Delegacia de Defraudações, para que fizessem uma ocorrência. Então agora estamos encaminhando à Defa as informações que nós coletamos, para que eles possam desenvolver essa investigação", ressaltou. 

O advogado diz ainda que não acredita em envolvimento de funcionário no esquema criminoso, mas garante que, caso isso seja comprovado, os culpados serão devidamente punidos. "Eu acho que alguém pode ter acessado dados externamente. Agora, se nós tivermos, dentro dos nossos quadros, algum profissional envolvido, a instituição vai tomar as providências necessárias", assegurou.

O chamado "golpe do hospital" já não é uma novidade no Espírito Santo. Na Delegacia de Defraudações, além desse, há outros dois inquéritos em andamento, abertos em abril e maio do ano passado. Em todos os casos, segundo a delegada Rhaiana Bremenkamp, as contas bancárias que receberam os depósitos são de diferentes agências, todas do Mato Grosso do Sul.

"É comum nesses golpes, que já vêm acontecendo em todo o país, que essa associação criminosa telefone para o hospital, consiga contato de algum funcionário. Mediante o pagamento de uma parte do que for arrecadado no golpe, eles dão as informações sobre os pacientes que se encontram na UTI. É importante que sempre registrem o caso o mais rápido possível, para que a gente possa localizar os criminosos e até mesmo evitar possíveis vítimas", destacou a delegada.

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