Adolescente morre após confronto com a polícia e moradores protestam na Serra

Um adolescente de 17 anos morreu após confronto com a polícia na madrugada desta sexta-feira (22), em José de Anchieta II, Serra. Segundo informações dos militares, a polícia fazia patrulhamento de rotina quando foi avisada sobre um tiroteio que estaria acontecendo no bairro.

Ainda de acordo com os policiais, eles se depararam com o adolescente armado, que correu e se escondeu em um terreno, onde atirou contra os militares. Com ele, a polícia apreendeu uma arma de fabricação caseira, calibre 12.

Familiares disseram que o adolescente era uma pessoa tranquila e que nunca teve problema no bairro. O adolescente, que era casado, estava a procura de emprego.

"Ele era uma pessoa tranquila, veio pra cá para ver se arrumava um serviço e começava a trabalhar. Mas como você sabe, na periferia você não consegue arrumar serviço, de menor [sic] ainda. Era casado, uma pessoa aparentemente boa, tranquila. Nunca teve problema, era querido por todos os moradores aqui de baixo, todo mundo gostava dele" disse uma mulher, que não quis se identificar".

Os policiais disseram que revidaram os tiros do adolescente, que foi atingido por cinco disparos, quatro deles na cabeça. Mas a família do menor nega a versão da polícia e garante que ele não teve tempo de se defender.

"Ele saiu, aí quando a polícia chegou e topou com ele com a arma mão. Não deu chance nem dele jogar a arma fora e nem dele correr, já chegou atirando. Deu dois tiros no peito dele, depois que caiu, deu dois tiros na cabeça. Ele não atirou, não revidou tiro nenhum", conta o familiar, que preferiu não ser identificado.

O adolescente morreu no hospital Jayme Santos Neves, Serra. Segundo testemunhas, a própria polícia socorreu o adolescente.

Detido

Policiais receberam a informação de que o tiroteio teria acontecido entre indivíduos dos bairros José de Anchieta II e Jardim Tropical, Serra.  Os militares foram até a até a Rua das Alegrias, em Jardim Tropical, e abordaram Maurício Daniel Maria, 24 anos. 

A polícia suspeita de que ele tenha participado do tiroteio, pois encontrou uma carteira com perfuração de bala dentro do veículo de Maurício, além de terem sentido cheiro de pólvora nas mãos do suspeito. 

Militares foram até a residência de Maurício e encontraram uma arma calibre 44, colete balístico restrito, dinheiro, balança de precisão e material para embalagem. Na delegacia, ele assumiu a posse da arma.

“Estava em casa tranquilo. Só estava armado dentro de casa daquele jeito mesmo esperando eles brotarem. Tentaram me matar, estava com a arma dentro de casa para me defender”, afirmou Maurício.

Protesto

Moradores se revoltaram com a morte do adolescente e apedrejaram um ônibus do sistema Transcol na manhã desta sexta-feira (22). O ônibus, que estava em um ponto final, ainda teve partes queimadas pelos moradores.

A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros estiveram no local e conseguiram controlar os populares e evitar um incêndio. Durante a manhã, os ônibus pararam de circular na região do ponto final.

Dentro do ônibus, estavam motorista e cobrador, que não ficaram feridos.