Polícia

Ex-mulher de Itiberê fala sobre a morte dos filhos 16 anos após o crime

O crime aconteceu no ano 2000, quando o comerciante pegou Gabriela e Marcos, de 8 e 9 anos, na escola e fugiu. Dias depois a morte das crianças foi descoberta

A mãe das crianças recebeu a notícia da morte dos filhos no Dia das Mães Foto: TV Vitória

Dezesseis anos após a morte dos dois filhos, a ex-mulher do comerciante Marcos Itiberê, Jania Carla Colnago, falou sobre a saudade das crianças. O assassinato aconteceu no ano 2000, quando o comerciante pegou Gabriela e Marcos, de 8 e 9 anos, na escola e fugiu. A suspeita era de que ele estaria com os filhos num sítio, na região metropolitana de Vitória.   

Depois do sumiço, o acusado não dava mais notícias. Foram 15 dias de angústia sem ter notícias das crianças. “A última vez que eles foram para a escola eles não voltaram mais. Na época eu morava em Itapoã [em Vila Velha] e eles iam de transporte. Eu trabalhava no mesmo horário. Me despedi deles, coloquei no transporte e fui trabalhar. De noite você espera que eles voltem, mas não voltaram. Depois disso foram 15 dias de mentira”, contou a dona de casa.

A mãe das crianças recebeu a notícia da morte dos filhos no Dia das Mães. “Eu estava na casa da minha tia, no Dia das Mães, quando fiquei sabendo. Ele deixou isso como presente. Ele fugiu para deixar que a notícia chegasse só no Dia das Mães. Ele é um psicopata e gosta das coisas marcantes. Ele já fez tudo programado. Várias vezes ele também tentou me matar e disse que iria me matar de qualquer jeito. Como ele não conseguiu, ele matou as crianças para me matar. E acabou matando”, disse.

Relacionamento

As crianças foram levadas da escola pelo pai Foto: TV Vitória

“Ele mostra uma coisa que ele não é. Quando você pensa que ele é seu amigo, ele te prejudica. Nosso relacionamento de segunda-feira a sexta-feira era normal, mas chegava no final de semana e ele saía. Eu não sabia se ele usava drogas ou não, mas sabia que ele bebia. Quando ele chegava em casa ele chegava doido. Muitos anos eu não sabia o que era dormir de camisola. Eu dormia de roupa, preparada para o que ele pudesse fazer. Ele colocava o revólver na minha cara e dizia que ia me matar. Ás vezes eu também acordava com uma faca no pescoço. Ele também dizia que ia se matar”.

Com os filhos, a mulher disse que ele era um ótimo pai. “Ele levava ao médico, dava comida, fazia comida, cuidava. Na carta ele disse que fez isso por amor. Eu tenho medo dele sair da prisão. Eu tenho medo dele e tenho medo de mim, pois eu não sei qual será a minha reação. Ele vai para a rua e eu vou ter que fugir”, destacou.

Separação 

Jania Carla contou que queria a separação, mas não se separou antes com medo do que o comerciante poderia fazer. “Ele tem uma doença e é bipolar. Ou ele está bem ou está mal. Não tem meio termo. Eu já não suportava mais aquela situação de viver do lado de um homem que vivia dentro de um quarto e a empregada tinha medo de ficar dentro de casa com um cara que parecia um doido. Eu só não me separei antes, porque ele falava que no dia que eu o largasse ele me mataria e mataria as crianças”.

Hoje a dona de casa tem uma nova família e consegue levar a vida, mesmo com a dor. “Eu tinha dois filhos do primeiro casamento, que hoje já estão casados, e hoje eu também já tenho um novo companheiro. Não quis ter outros filhos. O trauma foi muito grande. Achei melhor não. Estou feliz com ele [o companheiro], mas a dor que ele [Itiberê] me deu não vai apagar nunca. É uma lembrança diária. Isso não sai da cabeça da gente. Nos primeiros anos eu vivi morta e tomando remédio para esquecer. Mas a vida continua e Deus vai nos dando força para continuar. São 16 anos, mas parece que foi ontem”.

Regime semi-aberto

O acusado pode terminar de cumprir a pena no semi-aberto Foto: TV Vitória

O comerciante Marcos Itiberê Rodrigues de Castro Caiado pode voltar às ruas 16 anos após o assassinato. De acordo com o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), pelo tempo de cumprimento de pena, Itiberê atingiu o direito de ter analisado o seu pedido de progressão e passar a cumprir pena no regime semi-aberto. No entanto, segundo o Tribunal de Justiça, isso só vai acontecer caso o juiz assim conclua, após analisar o caso. De acordo com o TJES, ainda não há nenhuma decisão nesse sentido.

 

Veja abaixo os vídeos da entrevista exclusiva:

 

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