Guardas denunciam: armas eram transportadas sem segurança em Vila Velha

Os agentes da Guarda Municipal de Vila Velha denunciaram irregularidades no transporte de armas usadas por eles. Em imagens feitas pelos denunciantes, eles flagraram armas sendo transportadas sem nenhuma segurança no porta-malas das viaturas e outras jogadas no banco traseiro do veículo.

“Uma turma entra, pega o equipamento, a outra devolve. Esse deslocamento do veículo não tem nenhuma segurança. É um guarda municipal armado fazendo o transbordo desse equipamento no carro, de um local para o outro, sem equipamentos e sem escolta”, contou um dos denunciantes.

Eles informaram que não tem um local adequado para receber as armas e nem um local para municiar o armamento. Tudo é feito de maneira improvisada, no capô das viaturas, em mesas velhas no meio do pátio onde estão carros velhos abandonados e no local onde chamam de base para a Guarda Municipal de Vila Velha.

De acordo com os agentes, o transporte irregular de armas começa em um prédio popularmente conhecido como tijolinho, onde é uma das bases da guarda. Segundo a denúncia, dois guardas saem diariamente, várias vezes por dia, transportando o armamento sem nenhum tipo de escolta ou segurança.

O destino das armas é outro prédio da prefeitura. São menos dois quilômetros de distância de onde as armas são retiradas até o outro prédio. O percurso pode ser pequeno e até rápido, mas também pode ser tempo suficiente para uma emboscada aos guardas que transportam o armamento, de acordo com eles.

A equipe da TV Vitória/Rede Record mostrou as imagens ao delegado Rodolfo Laterza, mestre em segurança pública, pós-graduado em direito penal, processo penal e em segurança pública, para analisar os procedimentos de segurança da guarda. “É recomendável para todas as instituições que lidam com segurança pública, e com cautela de armamento, que haja uma doutrina de extrema segurança em relação ao traslado. Principalmente na viatura que faz o transporte, que precisa de outra para fazer a escolta e outra a frente, justamente para inibir determinada ação”, destacou.

Outra observação feita pelo delegado é a maneira como as armas são municiadas. “O processo de carregamento, de municiamento da arma de fogo, ele tem que ser em local isolado e na posição correta para que se evite qualquer incidente e não cause nenhum tipo de risco”, afirmou.

Os profissionais também reivindicam autorização para levar a arma usada no trabalho para a casa. “A gente trabalha armado e quando vamos embora vamos sem nenhuma proteção. Defendemos o cidadão em serviço, mas fora de serviço não temos defesa nenhuma”, disse um agente. 

Uma fonte do jornalismo da TV Vitória dentro da Guarda Municipal revelou ainda que há cerca de uma semana o transporte irregular das armas foi interrompido. Isso porque chegou até os responsáveis pela base de que uma reportagem estava sem produzida para denunciar o caso. 

O presidente do sindicato dos guardas do Estado, Eduardo Amorim, disse ter conhecimento dos problemas e garantiu cobrar as autoridades municipais melhorias. “É por se sentir vulnerável que essa demanda surgiu e voltou a protocolo. Eu acho que a questão da segurança nós não podemos abrir mão, pois a profissão já é de risco e nós temos que ter o maior cuidado possível”. 

O secretário de Prevenção e Combate à Violência de Vila Velha, tenente-coronel Ramalho, garantiu que o transporte e municiamento das armas não é mais realizado desta forma. “Esse procedimento foi encerrado. Hoje eles retornam a armar e equipar dentro do prédio da Guarda Municipal, ou já levam as armas para casa. Nós já conseguimos também uma autorização para que eles levem a arma para casa. Hoje eles já assumem o serviço armado. Isso nós assumimos que realmente aconteceu, pois não estamos aqui para mentir. Foi um erro de gestão, mas já retornamos há três meses ao procedimento. E até julho vamos entregar uma nova sede para a guarda”, afirmou. 

A equipe da TV Vitória voltou a fazer contato com os guardas que fizeram estas denúncias e eles confirmaram que realmente, depois da reportagem, o transporte das armas foi modificado. Mas disseram que as condições de estrutura e trabalho da guarda ainda estão longe das ideais.