Polícia

PMs e guardas-civis atiram 15 vezes em perseguição; universitário morre

Redação Folha Vitória

Policiais militares e guardas-civis se envolveram em mais uma ação com morte em São Paulo, na madrugada de terça-feira, 28. Segundo depoimentos, eles deram pelo menos 15 tiros contra o carro dirigido pelo universitário Julio Cesar Alvez Espinoza, de 24 anos. A alegação dos agentes é de que, além de não respeitar a ordem de parada, o motorista teria atirado contra eles. A perícia feita no carro encontrou buracos equivalentes a 17 disparos - um apenas de saída, mas sem detalhar se foi de um disparo feito de dentro para fora ou de um projétil que varou o automóvel.

A perseguição acabou na Rua Guamiranga, na Vila Prudente, zona leste da capital. Após levar um tiro na cabeça, Espinoza, que era estudante de Logística na Uninove, chegou a ser levado ainda com vida para o Hospital Estadual Vila Alpina, onde morreu. De acordo com o boletim de ocorrência registrado no 56º DP, Espinoza foi baleado depois de fugir de dez policiais militares e quatro guardas-civis e bater na cancela de uma empresa. Na perseguição, os agentes admitiram ter atirado 15 vezes - 7 disparos foram de civis.

Os PMs alegaram que o jovem teria disparado diversas vezes contra as viaturas ao longo do trajeto e disseram ter encontrado um revólver calibre 38 em seu veículo, 3 cartuchos carregados, 3 vazios e 2 pacotes com "substância branca aparentando entorpecente". O caso foi registrado como "homicídio decorrente de oposição à intervenção policial" e no BO dois policiais e dois guardas aparecem como vítimas. O jovem que morreu não tinha antecedentes criminais. A Polícia Civil instaurou inquérito, encaminhado para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Os PMs envolvidos foram colocados no programa de acompanhamento psicológico e terão a conduta examinada por inquérito policial militar. A ocorrência também será acompanhada pela Corregedoria.

Ipiranga

Os PMs Vinicios Mendes Caramori e Carlos Roberto da Silva disseram ter encontrado Espinoza "rondando" com um veículo Gol prata nas imediações do bairro do Ipiranga, zona sul da capital, por volta das 3 horas. Foi quando pediram que ele parasse. Ao perceber o sinal da viatura, o jovem teria começado a fugir na direção da Avenida Wilson, na Mooca, e depois para São Caetano do Sul, passando pela Avenida Guido Aliberti. O estudante teria atingido 120 km por hora durante a fuga, segundo relato dos policiais.

Ao perdê-lo de vista, os agentes pediram ajuda da Guarda Civil Municipal (GCM) de São Caetano, que tentou bloquear a passagem do rapaz. Ele continuou fugindo, até colidir com um muro na Avenida do Estado.

Neste momento, um dos policiais disse ter dado quatro tiros e os guardas, mais sete disparos na direção dos pneus. Mesmo assim, o jovem conseguiu fugir pela avenida. Duas viaturas, ao tentar fazer o retorno para persegui-lo, teriam se chocado.

Quando o estudante perdeu o controle e bateu o veículo na cancela da empresa, já de volta à zona leste da capital paulista, a viatura mais próxima, com os PMs Eduardo Correa Barbosa e Amanda Grazielle Dias Nunes, tentou abordá-lo, mas os policiais disseram ter visto "um clarão e estampidos de arma de fogo vindos do interior do Gol". Foi quando revidaram com quatro tiros e um deles acertou Espinoza. O jovem foi encaminhado ainda com vida para o hospital, mas teve morte encefálica.

Na vistoria no veículo, a delegada Silvia Cordeiro Mendanha informou ter encontrado 17 buracos feitos "provavelmente por armas de fogo". Um deles teria saído de dentro do carro.

Secretário

O secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, afirmou terça-feira que, sempre que necessário, policiais que se envolvem em confrontos podem ser afastados até o fim das investigações das corregedorias das polícias.

Ele disse que o policial tem de reagir para defender sua vida e a sociedade. Mesmo assim, ressaltou que a secretaria registrou uma diminuição de 24% dos casos de mortes em confrontos com policiais nos primeiros cinco meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2015. Mágino afirmou ainda que "a abordagem da polícia tem se aperfeiçoado cada vez mais". (Colaborou Alexandre Hisayasu)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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