Polícia

Quadrilha desarticulada pela PF levava vida de luxo e planejava comprar avião para vender drogas

Operação foi deflagrada nesta quinta, no Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás e Rondônia. Foram sequestrados bens avaliados em R$ 5 milhões, entre imóveis e carros de luxo

Carros de luxo e imóveis, avaliados em R$ 5 milhões, foram recolhidos pela Polícia Federal durante a operação Foto: Divulgação

A Polícia Federal da cidade mineira de Montes Claros desarticulou, nesta quinta-feira (14), uma organização criminosa suspeita de traficar drogas na região norte de Minas Gerais e que teria ramificações no Espírito Santo e nos estados de Goiás e Rondônia. Foram cumpridos 31 mandados judiciais, sendo quatro de prisão, nove de busca e apreensão e 18 de sequestro de bens e valores.

Das quatro pessoas presas durante a Operação "Conexão MOC", duas foram em Goiás, uma no norte de Minas e outra no Espírito Santo. Dois suspeitos de Goiás continuam foragidos.

No Espírito Santo, havia dois mandados de prisão contra Aliandro Loiola Ribeiro, de 35 anos. No entanto, ele já estava preso em Vila Velha, desde junho de 2015, por uso de documentos falsos.

A prisão de Aliandro, feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR-101, em Guarapari, foi efetuada com base nas informações da investigação da Polícia Federal de Montes Claros. Na época em que foi preso, Aliandro constava na lista dos criminosos mais procurados do Espírito Santo.

Aliandro foi detido pela PRF em junho do ano passado Foto: Divulgação

"Durante as investigações, identificamos o Aliandro como integrante da quadrilha desarticulada e repassamos as informações para os órgãos de segurança do Estado, com os dados dos documentos falsos utilizados pelo criminoso para tentar fugir dos dois mandados de prisões que estavam abertos contra ele", explicou o delegado Thiago Garcia Amorim, responsável pela operação.

Já na cidade de Anápolis, em Goiás, foram presos Cícero da Silva, de 59 anos, e Geovani de Souza Silva, de 32, que são pai e filho. Eles foram identificados pela Polícia Federal como fornecedores de droga, através de contatos com traficantes de Porto Velho, em Rondônia.

O quarto preso foi Edvar Henrique Guimarães Júnior de 34 anos, conhecido por Junior Negão, que cumpria pena em regime semiaberto, por tráfico de drogas, na cidade mineira de Januária. A ordem de prisão foi dada pelos policiais federais quando Edvar deixava o presídio de Januária, por volta das 6 horas. 

Segundo as investigações, o suspeito já é velho conhecido das polícias Civil e Federal, por atuar no tráfico de drogas no Norte de Minas há mais de uma década. De acordo com o delegado, Edvar Henrique já tem várias condenações por tráfico de drogas. Em 2006, ele foi preso junto a outros suspeitos - que a Polícia Civil identificou como pertencentes a uma quadrilha de tráfico internacional de drogas - ao tentar entrar para a Academia da Polícia Militar, com o objetivo de facilitar os atos ilícitos na região.

De acordo com a PF, os investigados responderão por tráfico de entorpecentes, associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Somadas, cumulativamente, as penas máximas aplicadas aos crimes ultrapassam os 30 anos.

Evolução patrimonial

Um fato que chamou a atenção da Polícia Federal, durante as investigações, foi a rápida evolução patrimonial da quadrilha, que estaria, inclusive, negociando a compra de uma aeronave para ampliar a atuação criminosa.

Durante a operação, a Polícia Federal sequestrou bens avaliados em cerca de R$ 5 milhões, entre imóveis e carros de luxo. Três veículos, avaliados em R$ 300 mil, e R$ 22 mil em espécie foram apreendidos com os traficantes. De acordo com as investigações, todo esse patrimônio foi adquirido em apenas um ano e meio.

"Nos chamou a atenção a rápida evolução patrimonial, não só para uso pessoal dos traficantes, mas também para o aprimoramento da atividade ilícita desenvolvida. O Edvar Henrique utilizava de três caminhões para transporte de eletrodomésticos e/ou frentes para tentar lavar o dinheiro proveniente do tráfico de drogas. E recentemente ele estava negociando a compra de um avião de pequeno porte, com potencial de vôo razoável, e que seria utilizado para o transporte de drogas mais rápido e eficaz, pelo valor de R$ 600 mil. O avião seria utilizado também para expandir o tráfico de drogas para outras cidades e estados do país", ressaltou Thiago Amorim.

Investigações

Dinheiro foi encontrado em um compartimento secreto de um veículo pertencente à quadrilha Foto: Divulgação

As investigações começaram a partir de uma apreensão de R$ 100 mil, feita pela Polícia Federal, em dezembro de 2014. O dinheiro foi encontrado em um compartimento secreto de um veículo pertencente à quadrilha. As investigações constataram que a quantia era proveniente do tráfico de drogas.

Segundo Thiago Amorim, na época foi levantada a suspeita de que o dinheiro apreendido seria proveniente de propina ou lavagem de dinheiro, ligado ao meio político em Montes Claros.

"A primeira suspeita era de que o dinheiro poderia ser de corrupção. Porém, após as investigações, conseguimos identificar que a quantia de R$ 100 mil apreendida era o pagamento por uma carga de 37 kg de cocaína, feito pelo traficante preso em Januária. Demos sequência às investigações e descobrimos a ramificação da quadrilha, que movimentava em torno de R$ 800 mil na distribuição de maconha e cocaína no Norte de Minas e Espírito Santo, com traficantes dos estados de Goiás e Rondônia", explica Amorim.

Ainda de acordo com as investigações da Polícia Federal, a droga distribuída no Norte de Minas e Espírito Santo era comprada em Rondônia. De lá, ela seguia para Goiás e, só então, era encaminhada para Montes Claros.

"A droga, que inclusive já foi transportada de avião de Rondônia a Goiás, vinha para o Norte de Minas, na maioria das vezes em caminhões, e aqui em Montes Claros e em Januária, onde Edvar Henrique tem residências, ele fazia a distribuição da droga, em pequenas partes e com valor superior ao adquirido, para traficantes da região e do Espírito Santo. Como Rondônia faz fronteira com a Bolívia, vamos investigar a relação da quadrilha com o tráfico internacional de drogas", afirmou o delegado.

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